Expresso Cidadania encerra atividades em Juiz de Fora
Na primeira cidade visitada, 360 alunos participaram do projeto e 171 títulos de eleitor foram emitidos
16/03/2012 - 13:15“Agora vou começar a tomar atitude”, decretou Wendel Corrêa Donato, 17 anos, mostrando o título de eleitor que acabara de tirar. Ele foi um dos estudantes atendidos durante a passagem do Expresso Cidadania por Juiz de Fora (Zona da Mata), primeira cidade a receber o projeto na edição deste ano. A programação em Juiz de Fora foi encerrada na manhã desta sexta-feira (16/3/12), quando foram recebidos, no ginásio do Sport Clube, alunos das Escolas Estaduais Hermenegildo O. Vilaça e Delfim Moreira.
A caravana do Expresso segue agora para Divinópolis (Centro-oeste), onde inicia as atividades nesta segunda-feira. Mas para alunos como Wendel, a mensagem deixada em Juiz de Fora continua. “Quero votar em alguém não só pelas propagandas da TV, mas também sabendo mais sobre a pessoa. A internet está aí para isso”, avisou o jovem.
O projeto é realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral e com a Secretaria de Estado da Educação. Os objetivos são incentivar a participação política e o voto consciente de jovens de 16 e 17 anos, por meio de esquetes teatrais, palestras e oficinas lúdicas e de reflexão. Em sua terceira edição, o Expresso deste ano aborda também a questão das drogas, especialmente o crack. Os estudantes podem ainda tirar o título de eleitor na hora.
Balanço - Aberto na quinta-feira (15) pelo presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), o Expresso realizou quatro sessões em Juiz de Fora. Ao todo, foram atendidos 360 alunos de quatro escolas e emitidos 171 títulos.
Inicialmente, estavam previstas cinco sessões envolvendo cinco escolas, mas a programação foi remanejada diante da paralisação nacional de professores, que teve adesão de escolas em Juiz de Fora. Na noite da última quinta-feira (15), foi recebida uma turma, ao invés de duas, formada por 74 alunos do turno noturno da Escola Estadual Maria Ilydia Resende Andrade. Eles estavam acompanhados do professor de Geografia da escola, Rafael Alves. “Excelente o projeto. Qualquer coisa que se faça em prol da cidadania é bem vinda, ainda mais numa escola situada numa região carente como a nossa”, avaliou. O professor elogiou ainda a possibilidade dada aos alunos de saírem do ambiente escolar. “Isso abre novos horizontes, eles se sentem importantes e valorizados”.
Sócrates e paródias musicais estimulam reflexão
Além da oportunidade de tirar o título de eleitor na hora, os estudantes de Juiz de Fora ouviram o professor da Escola do Legislativo, Ludovikus Moreira, que buscou inspiração na antiguidade e incorporou o filósofo grego Sócrates para falar da política como algo relacionado ao cotidiano das cidades. “Steve Jobs, o inventor do iPad e do iPhone, disse que passaria uma tarde com Sócrates. Isso mostra que a satisfação material não é o que dá sentido à vida, e sim a polis, a política”, provocou.
Após uma fala do juiz eleitoral de Juiz de Fora, Mauro Francisco Pitelli - destacando que o voto aos 16 e 17 anos é uma conquista do jovem – foi a vez da irreverência da Cia Malarrumada de Teatro, que arrancou gargalhadas em todas as sessões, ao parodiar músicas no espetáculo “Arena da Cidadania”. Entre os refrões caricaturados pelos atores, estava o “Vou colocar o meu voto na rua”.
Chance de mudar de ideia - Ricardo Vicente da Cunha Júnior, 16 anos, tinha decidido não votar antes dos 18. Disse que mudou de ideia durante o Expresso Cidadania, na noite de quinta-feira (15), e tirou o título. “Fui pressionado”, brincou ele, logo se explicando. “Esse projeto trouxe uma imagem mais contemporânea e humorística do voto, claro que sem perder a seriedade”.
Aluno da Escola Estadual Maria Ilydia Resende Andrade, Ricardo disse esperar dos políticos principalmente melhorias na educação. “Me incomoda muito ver a diferença de infraestrutura de uma escola para outra”.
Criações de oficinas serão divulgadas na rede
Jingles, músicas, vídeos e fotografias produzidas pelos participantes das quatro sessões do projeto em Juiz de Fora já começam a ganhar a rede. Ao final de cada tarefa, a equipe responsável pelas oficinas reúne as produções para que sejam postadas no blog do Expresso Cidadania, disponível na página do evento, onde eles podem acompanhar o projeto e compartilhar experiências.
As criações são fruto das quatro oficinas oferecidas no projeto – oficina do corpo (performances teatrais e de dança), da imagem (fotos e vídeos), da palavra (textos artísticos e jornalísticos) e de som (jingles e música), à escolha dos grupos.
Já cantando na igreja que frequenta, Bruno da Rocha Dias,16 anos, foi quem assumiu o microfone nesta manhã (16) para gravar no estúdio do Expresso a música criada por seu grupo. “O jovem quando sabe o que faz decide o futuro bem”, cantou o estudante, enquanto os colegas repetiam o refrão “só os jovens sabem”.
Já Ana Elisa Santos Benício, de 14 anos, participou da oficina de imagem durante a abertura do Expresso. E mesmo sem idade para votar, gostou da experiência “Não adianta tirar o título de eleitor sem ter cabeça para votar”, explicou. “É difícil encontrar uma conversa aberta assim sobre política e drogas e isso é uma forma de ajudar o jovem", concluiu.
Durante a oficina, Ana Elisa apontou a violência como sua grande preocupação. “Dependendo da hora, a gente não pode nem sair de casa, principalmente por causa das drogas”, contou a jovem, que mora no bairro Furtado de Menezes e é aluna da Escola Estadual Maria Ilydia Resende Andrade.
Educação é arma para dizer não às drogas
O Caleidoscópio do Expresso foi um dos espaços de maior destaque entre os estudantes de Juiz de Fora. Dedicado a exposições multimídia com foco na educação no combate às drogas, o Coleidoscópio, que recebeu 139 estudantes, também estimula a votação simbólica em urnas eletrônicas cedidas pelo TRE.
Após conhecer a exposição, os alunos votaram entre dois Planos de Governo apresentados sobre o tema das drogas. O Plano Beta, que obteve 98 votos, propõe em sua primeira ação campanhas educativas em todas as escolas do País para prevenção às drogas. O Plano Alfa, com 34 votos, propõe ações repressivas, sobretudo ao tráfico.
“Votei na educação porque tem que ter diálogo e conversa, pois é assim que se aprende”, explicou nesta manhã (16) Nackson da Conceição, 16 anos, aluno da Escola Estadual Hermenegildo O. Vilaça. Já o colega Iago Balotelli, 16 anos, pensa diferente. “A repressão ao tráfico ajuda a cortar o mal pela raiz, mas não pode fazer mal à população em volta”, defendeu ele, citando como exemplo de ação a ocupação de morros cariocas por Unidades de Polícia Pacificadora. O Caleidoscópio registrou cinco votos nulos e dois brancos.