Os expositores da Feira do Mineirinho terão mais 90 dias de prazo para negociar com o Governo do Estado e a Prefeitura de Belo Horizonte um novo espaço para venderem seus produtos. O anúncio foi feito pelo secretário de Estado Extraordinário para a Copa do Mundo, Sérgio Barroso, na reunião da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quarta-feira (29/2/12). Com isso, o prazo de permanência dos feirantes no ginásio, que venceria nesta quarta-feira (29), será estendido até 29 de maio, e a feira poderá funcionar nesta quinta-feira (1º/3). 

"Dentro desse prazo, todas as partes envolvidas têm que se unir e buscar uma solução conjunta", afirmou o secretário. Os expositores reclamam da indefinição sobre seu futuro e reivindicam a manutenção da feira no Mineirinho. Mas essa possibilidade foi descartada pelo secretário. Em entrevista coletiva antes da reunião, Sérgio Barroso informou que a reforma do Mineirinho vai começar no dia 1º de junho e os feirantes não vão poder continuar lá. "O Governo do Estado e a Prefeitura de Belo Horizonte assinaram um compromisso com a Fifa para a realização da Copa do Mundo de 2014. O Mineirinho é o maior estádio coberto da América Latina, patrimônio de todos os mineiros, e tem que ser reformado", justificou.

Sérgio Barroso frisou que as reivindicações dos feirantes são legítimas e que o objetivo da Secretaria da Copa do Mundo é buscar uma solução que atenda todas as partes. Ele acrescentou que conversou com o prefeito Márcio Lacerda, que o incumibiu de buscar um local adequado para a continuidade da feira. Entre os novos lugares em estudo, estão parte do Centro Esportivo Universitário da UFMG, o terreno onde foi montado o Cirque du Soleil e o antigo mercado distrital de Santa Tereza, segundo a presidente da Associação da Feira de Artesanato do Mineirinho, Antônia Lúcia Pereira Lima.

Feirantes reclamam da mudança

Mas a proposta de prazo maior para negociações não agradou o diretor da Publimig, empresa que administra a feira. Eduardo Lima chamou de "quase tirânica" a postura da Secretaria da Copa do Mundo e disse que a prorrogação da feira até maio não atende os expositores. Ele quer que esse prazo seja estendido até o final do ano, para que os feirantes tenham tempo de se organizar.

Para Antônia Lúcia Pereira Lima, a transferência da feira é uma medida violenta e discriminatória. "É inacreditável que os feirantes sejam retirados do ponto de venda que ocupam desde 2003", reclamou. A presidente da Associação dos Expositores da Feira de Artesanato da Lagoa, Elaine da Conceição Duarte Lança, cobrou que o novo local da feira seja tão bom como o Mineirinho. "Entendo a necessidade de reforma do ginásio. Mas e nós? Para onde vamos?", questionou. Segundo as duas associações, são 560 feirantes e cerca de 4 mil pessoas que dependem da feira para seu sustento.

Deputados defendem feirantes

O deputado Rogério Correia (PT), que solicitou a reunião, disse ser frequentador da feira e defendeu que ela retorne ao Mineirinho após a conclusão da reforma. "Belo Horizonte e a Pampulha precisam dessa feira", afirmou. Ele teve aprovado requerimento para a realização de nova audiência pública, para avaliar o processo de discussão e as alternativas para viabilizar a continuidade da feira. O presidente da Comissão de Cultura, deputado Elismar Prado (PT), também manifestou apoio aos feirantes. "Não somos contra as obras da Copa do Mundo, mas é uma questão de humanidade salvaguardar o emprego de todos", afirmou.

O deputado João Vítor Xavier (PRP) disse que a Feira do Mineirinho é patrimônio da cidade. Ele informou que levou a questão ao governador Antonio Anastasia, que teria se mostrado disposto a buscar uma solução para o problema. Quem também saiu em defesa do Governo do Estado foi o deputado Gustavo Valadares (PSD). "Vocês terão que se deslocar, mesmo que temporariamente. Mas do Governo do Estado jamais deixaria um grupo de pessoas desamparadas", disse, dirigindo-se aos feirantes. Para o parlamentar, a Copa do Mundo não deve ser vista como adversária, mas sim como indutora do desenvolvimento da cidade.

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