Deputados ouviram autoridades e parentes de Ludmila, assassinada em 22/11

Parentes de jovem assassinada cobram justiça

Ludmila Fernanda teria sido estuprada e assassinada por Anderson Cleiton Elariedy, em novembro deste ano.

14/12/2011 - 14:08

“Por que ele não estava preso, cumprindo pelos crimes que já tinha cometido? Quero que a justiça seja feita, para que nenhuma mãe esteja aqui na condição em que estou”. O desabafo é de Patrícia Almeida de Carvalho, mãe da jovem Ludmila Fernanda Almeida Marques, de 18 anos, estuprada e assassinada por Anderson Cleiton Elariedy, em 22/11/11. Ela e outros parentes da vítima estiveram presentes em reunião promovida pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (14/12/11). O acusado está preso e aguarda julgamento.

Na avaliação do delegado de Polícia Hugo Arruda, todos os elementos investigativos levantados sobre o caso durante os 14 dias de apuração resultaram em um inquérito policial com evidências sólidas que, segundo ele, possibilitariam a condenação de Anderson. Pertences da vítima encontrados na casa de Anderson, manchas de sangue em sua roupa, testemunhas que teriam visto Ludmila na companhia do acusado e imagens captadas de uma câmera de segurança de um estabelecimento comercial próximo ao local onde o corpo da jovem foi encontrado, e que teriam flagrado a ação de Anderson, são alguns dos indícios que o apontam como assassino de Ludmila. O corpo da estudante foi encontrado em uma casa abandonada próxima ao posto de gasolina onde Anderson trabalhava. No local, também foi encontrada uma chave de fenda, que teria sido utilizada no crime.

De acordo com Arruda, o acusado, caso seja considerado culpado após o julgamento, pode ser condenado a mais de 40 anos de prisão, apenas pela morte de Ludmila. Além da estudante, foram identificados outros sete casos de vítimas de estupro, todos atribuídos a Anderson.

"Só teremos descanso no dia em que for feita justiça", defendeu a tia de Ludmila, Beatriz Almeida de Carvalho.

Acusado teria feito outras vítimas antes de Ludmila

A professora e advogada Adriana Cássia Santos, mãe de outra vítima de Anderson, também relatou o caso ocorrido com sua filha em 2009. De acordo com Adriana, Anderson teria seguido e abordado a jovem, que voltava do trabalho, levando-a até um lote vago e pedindo para que ela se despisse. De acordo com a professora, mesmo tendo conseguido escapar, sua filha sofre, até hoje, as consequências do trauma vivido.

Adriana relatou que, na época, Anderson foi condenado a cumprir pena socioeducativa pelo período de três anos, podendo esse período ser prorrogado. No entanto, após 10 meses de internação, o acusado teria fugido e, mesmo com a expedição de uma ordem de apreensão, ele não teria sido pego.

Violência - Segundo o chefe do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, Edson Moreira da Silva, outro crime atribuído a Anderson, ocorrido em Ravena, distrito de Sabará, teria antecedido o caso de Ludmila. Em julho deste ano, um senhor teria sido roubado e assassinado por Anderson que, nessa época, já estava foragido do cumprimento da pena socioeducativa.

Deputado afirma que houve falha do Poder Judiciário

O deputado Vanderlei Miranda (PMDB), autor do requerimento para a audiência, questionou o motivo que teria levado o juiz da comarca de Sabará, na época do crime,  a não acatar um pedido de prisão preventiva protocolado pelo Ministério Público contra Anderson. “Não podemos admitir que o assassinato de Ludmila tenha acontecido pelo que, a meu ver, é uma falha da Justiça”, argumentou Miranda.

Para o juiz da Vara Infracional, José Honório de Rezende, é preciso coragem dos familiares para expor um problema como esse e para seguir adiante. “Apenas uma família que passa por isso é capaz de ter a dimensão do sentimento envolvido”, comentou. Ele também explicou que, mesmo que Anderson seja condenado, sua prisão não poderá se estender por mais de 30 anos, pois é o que prevê o sistema penal brasileiro.

O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), lamentou o fato de a sociedade viver em um processo crescente de violência. “De acordo com dados da Pastoral do Menor, 36 mil jovens perdem a vida no País ao ano”, comentou.

Pinga-fogo - Durante a segunda fase da reunião, foi apresentada uma série de denúncias, entre elas contra atos de violência praticados pelo prefeito de Felipe dos Santos contra cidadãos do município; ameaças de morte sofridas pelo prefeito e pela secretária de Comunicação Social de Coronel Fabriciano; perseguição profissional por parte do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais; e desrespeito praticado por vereadores de Lagoa Santa contra funcionária pública. A comissão aprovou requerimentos que cobram providências dos órgãos responsáveis sobre as denúncias feitas.

Também foi aprovado requerimento do deputado Vanderlei Miranda, para que seja realizada audiência pública para debater denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes; e do deputado Durval Ângelo, para que as notas taquigráficas da 65ª reunião extraordinária da comissão sejam enviadas ao secretário de Estado de Defesa Social, ao chefe da Polícia Civil e ao comando geral da PMMG, além de solicitar providências para a proteção da vida de Leopoldo de Vasconcelos Maria, capitão do quadro de oficias da reserva da PMMG.

Consulte o resultado completo da reunião.