Estado quer plano mineiro de atenção ao idoso
Governo estadual defende campanhas de conscientização e combate à violência contra o idoso, em reunião conjunta.
01/12/2011 - 12:29O presidente do Conselho Estadual do Idoso, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), Felipe Willer Araújo Abreu Júnior, anunciou, na audiência conjunta das Comissões de Direitos Humanos e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que o Estado pretende lançar um plano mineiro de atenção ao idoso. A declaração foi dada na reunião desta quinta-feira (1º/12/11), que discutiu as políticas públicas de prevenção e à discriminação contra idosos.
Segundo ele, não existe uma cultura de envelhecimento no Brasil, apesar do aumento na expectativa de vida observado nas últimas décadas. Este fato, ainda de acordo com o gestor, estaria sendo um dos motivadores do aumento da violência contra os idosos. “Só este ano, recebemos cerca de 840 denúncias de maus-tratos, o que não representa a realidade dos casos, afinal, este tipo de ocorrência é ocultada por acontecer, em sua maioria no ambiente familiar”, alertou. Para combater o problema, Felipe Willer lembrou que o Estado tem realizado campanhas periódicas que fizeram crescer o número de denúncias. “É preciso sensibilizar a sociedade e conscientizar os idosos da importância de lutarem pelos seus direitos”, finalizou.
A também representante da Sedese, Viviane Café Marçal, reforçou as palavras do colega, e destacou que dos cerca de 2,4 milhões de idosos em Minas Gerais, aproximadamente 96 mil já sofreram algum tipo de maus-tratos. Para ela, é necessário que se faça um trabalho transdisciplinar que envolva família, sociedade e poder público.
Professor defende políticas de apoio a cuidadores
A criação de programas de Governo específicos aos idosos portadores de demência, de conscientização da sociedade e apoio aos cuidadores foi defendida pelo professor da faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Almir Ribeiro Tavares. Na reunião, ele fez uma exposição sobre a história da luta e do desenvolvimento acadêmico das ações em benefício dos idosos. Em sua fala, ele destacou que a violência pode se manifestar de várias formas, tais como físicas, verbais, psicológicas e sexuais, e que os jovens criam estereótipos que excluem os idosos. “É preciso um apoio maior do Estado com os cuidadores, que são mal remunerados e tem carga de trabalho abusiva”, disse.
Asilos – O professor lembrou, também, que as instituições de longa permanência, ou asilos, são abandonadas pelo Estado e atuam de forma falha e alheia à legislação sanitária e de saúde pública. Sobre este problema a jornalista e representante do Conselho Estadual do Idoso, Silvânia Coelho Barroso, afirmou que estes estabelecimentos são, em sua maioria, filantrópicos, e funcionam desde o tempo em que não havia normas relativas a este tipo de serviço. “A Assembleia Legislativa precisa realizar um planejamento orçamentário que garanta o repasse de recursos às instituições de longa permanência. Mais que isso, é necessário que o Estado siga as diretrizes do Programa Nacional de Direitos do Idoso”, afirmou.
O presidente do Movimento de Luta Pró-Idoso, Carlos Alberto dos Passos, também cobrou uma melhor estrutura do Governo estadual para os órgão de atenção ao idoso. Segundo ele, a Delegacia de Proteção ao Idoso é mal estruturada e ainda faltam instituições de longa permanência adequadas para receber os idosos carentes.
Cultura negativa – A presidente da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social e autora do requerimento para o debate, deputada Rosângela Reis (PV), lamentou o fato de, no Brasil, o idoso não ser visto como símbolo de sabedoria e experiência. Para a parlamentar, é triste verificar que a maioria das ocorrências de violência acontece dentro dos próprios lares e são cometidas por pessoas que deveriam proteger os idosos.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo (PT), também lembrou que existe uma cultura de exclusão ao idoso no País. Na opinião dele, apesar de existirem, hoje, diversos órgãos de proteção, a violência ainda acontece. “O País está envelhecendo e temos que garantir os direitos constitucionais de proteção aos idosos”, concluiu.