Público compareceu ao Auditório da ALMG para acompanhar os debates
Possíveis mudanças na CLT são questionadas por deputados em debate

Sindicalistas criticam alterações na CLT

Para sindicatos, mudanças nas leis trabalhistas representam perda de direitos dos trabalhadores.

30/11/2011 - 18:26

Representantes de forças sindicais defenderam, nesta quarta-feira (30/11/11), a Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), em vigor há 68 anos no Brasil. Em audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a categoria criticou o Projeto de Lei (PL) 1.463/11, do deputado federal Sílvio Costa (PTB-PE), que institui alterações na CLT, por meio do Código do Trabalho. Para os sindicalistas, o texto que tramita na Câmara representa perda de direito dos trabalhadores.

O coordenador Nacional Interino do Fórum Sindical dos Trabalhadores e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito (Contec), Lourenço Ferreira do Prado, informou que uma das alterações propostas no PL é a regularização da terceirização na atividade fim. Ele disse que o projeto acarretará, ainda, a redução do direito ao repouso semanal remunerado, em alguns casos, e o enfraquecimento da estrutura e da organização sindicais.

Reconhecendo a necessidade de avançar na legislação em vigor, os sindicalistas defenderam que as alterações na CLT devem ser realizadas no sentido de garantir e ampliar os direitos conquistados em cem anos de luta. A categoria questionou o fato de projetos que beneficiam os trabalhadores, como o que dispõe sobre a redução da jornada de trabalho sem a subtração do salário, não avançarem na Câmara de Deputados. “O Brasil é um dos países que possui a maior carga horária de trabalho no mundo”, afirmou o presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT), Marco Antonio de Jesus.

A gerente de relações trabalhistas da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Verônica Maria Flecha de Lima, explicou que o Código de Trabalho representa uma tentativa de reunir a legislação trabalhista brasileira, que é esparsa e de difícil interpretação por parte das empresas, em um único documento. “No entanto, temos percebido que essa reunião não é tão simples. Nosso sistema legal é complexo”, pontuou.

Para ela, o Código de Trabalho contribuirá para adequar a legislação trabalhista, elaborada em um contexto em que o Brasil era fundamentalmente agrário, à realidade atual, marcada pela competitividade em nível mundial. “A defesa não é para a retirada de direitos dos trabalhadores, mas para a modernização de questões pontuais que garantam a manutenção e ampliação dos postos de trabalho”, justificou.

Na visão do presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil em Minas Gerais, Gilson Luiz Reis, o setor empresarial tem pressionado o Governo e o Congresso a advogar a favor do capital, em detrimento dos trabalhadores, sob o pretexto da “chamada modernidade e da disputa internacional”. “Estamos correndo o risco de voltar ao pré-escravismo. Assistimos a uma defesa da desregulamentação das relações de trabalho e à sua livre exploração pelo capital”, ressaltou.

Deputados solicitam divulgação de carta em defesa da CLT

Autor do requerimento para realização da audiência, o deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB) leu uma carta em defesa da CLT, assinada por entidades do movimento sindical mineiro. O documento dizia, entre outros pontos, que a crise é do capitalismo, mas que, para salvar o capital financeiro, o Governo estaria sacrificando dinheiro público. “Querem que trabalhadores paguem por uma crise sobre a qual não têm nenhum responsabilidade”, afirmava o manifesto.

A deputada Rosângela Reis (PV) destacou que o momento é propício para se discutir a defesa da CLT, uma vez que trabalhadores de vários países estão se mobilizando na luta por seus direitos. “É a hora de trazermos este assunto para o debate e levarmos a nossa posição ao Congresso”, afirmou.

Os parlamentares sugeriram dois requerimentos que serão votados na próxima reunião da comissão, solicitando divulgação de cópia da carta na ALMG, bem como seu envio a deputados federais e senadores eleitos por Minas. Pediram, ainda, para que sejam encaminhadas as notas taquigráficas da reunião às presidências da Câmara e do Senado e a outros órgãos que tratam de questões relativas ao trabalho.

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