Sindieletro critica precariedade da Cemig
Postes caídos, redes de energia emendadas e falta de qualificação profissional foram alguns dos problemas relatados.
30/11/2011 - 15:16“Desejamos que não haja mais mortes de trabalhadores ou da população. Mas, da forma como a empresa tem sido gerida, isso dificilmente vai acontecer”. Foi dessa forma que o coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro), Jairo Nogueira Filho, expressou sua preocupação em relação aos diversos problemas na rede elétrica da Cemig que, segundo ele, têm causado a queda na qualidade do serviço prestado pela empresa. O tema foi debatido em audiência pública realizada nesta quarta-feira (30/11/11) pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Postes caídos, redes de energia emendadas, precariedade das redes subterrâneas, equipamentos velhos e descuidados, más condições de trabalho e falta de investimento em qualificação profissional foram alguns dos problemas relatados por Jairo como consequência do que ele considerou uma “gestão equivocada da empresa”, baseada em uma excessiva distribuição de dividendos aos acionistas em detrimento do atendimento à população.
Com relação à situação da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o representante do Sindieletro afirmou que os investimentos da empresa são feitos de forma desigual. Segundo ele, na época de chuvas de grandes proporções, a maioria das equipes é deslocada primeiramente para a Zona Sul da capital mineira, privilegiando sempre uma parcela específica da população.
O superintendente da Cemig, Ricardo Cesar Costa Rocha, negou que exista atendimento desigual e garantiu que a prioridade da empresa é prestar serviços de melhor qualidade a todos os clientes. Ele ainda afirmou que a Cemig tem a aprovação de mais de 80% dos seus usuários e que, no ano de 2010, ficou em segundo lugar no Sudeste, no comparativo com todas as companhias de energia elétrica da região, no que se refere à qualidade do serviço prestado.
Viúva de motociclista acredita que Cemig foi negligente
A morte do motociclista Gleison Wilson de Souza, que passou sobre um cabo de alta tensão rompido após um temporal em Belo Horizonte, em outubro deste ano, também foi debatida durante a reunião. De acordo com a viúva de Gleison, Alessandra dos Santos Ribeiro Souza, mais de 30 ligações foram feitas para avisar sobre o rompimento da fiação elétrica. Na sua opinião, se não fosse pela negligência e falta de responsabilidade da Cemig em desligar o cabo danificado, Gleison poderia ainda estar vivo.
Alessandra, que relatou a possibilidade de ter a luz de sua casa cortada, devido ao atraso no pagamento de duas faturas, cobrou uma resposta da empresa no que diz respeito a uma indenização pela morte do marido. Segundo ela, após vários contatos com a empresa, a Cemig teria pago apenas o funeral de Gleison.
O gerente da Cemig, João José Magalhães Soares, garantiu a Alessandra que não será feito o corte de energia na residência da família e sugeriu que as partes dialoguem, independentemente de qualquer ação judicial, na busca por uma solução para a questão.
O deputado Rogério Correia (PT) disse que irá apresentar um requerimento na comissão para que a Cemig, por ter responsabilidade no fato ocorrido com Gleison, preste atendimento e assistência aos familiares, além de sugerir a formação de uma comissão para acompanhar a negociação entre a empresa e a família. Os deputados Duarte Bechir (PSD) e João Vitor Xavier (PRP) também manifestaram sua solidariedade a Alessandra e defenderam que a família receba apoio da Cemig.
Críticas – O autor do requerimento para a reunião, deputado Pompílio Canavez (PT), afirmou que os constantes apagões, problemas com a rede elétrica e acidentes fatais têm criado nos clientes da Cemig um estado de apreensão e angústia. O deputado lembrou do acidente ocorrido em Bandeira do Sul envolvendo a rede elétrica da cidade, em fevereiro deste ano, que causou a morte de 16 pessoas. “Achamos que esse acidente seria um exemplo para que a Cemig tomasse providências, mas isso não aconteceu”, comentou o parlamentar.
Canavez também criticou o fato de o Sindieletro e um de seus representantes estarem sendo processados pela concessionária de energia, por terem feito críticas à manutenção da rede elétrica e aos poucos investimentos feitos pela Cemig, durante audiências promovidas pela Assembleia. Rogério Correia também classificou a atitude da empresa como antidemocrática, uma vez que coíbe a liberdade de expressão dos sindicalistas. Ele disse que o secretário de Estado do Governo, Danilo de Castro, já teria considerado a ação ajuizada pela empresa como absurda. Correia ainda afirmou que os deputados da oposição da Assembleia farão obstrução aos projetos do Governo até que as ações judiciais contra o sindicato sejam retiradas pela Cemig.
Empresa aponta resultados e investimentos na área de energia no Estado
Os representantes da Cemig apresentaram uma série de dados sobre a atuação da empresa no Estado. Segundo o superintendente da empresa, Ricardo Cesar Costa Rocha, a concessionária atende a 774 dos 853 municípios mineiros, atuando em uma área de 568 mil quilômetros quadrados. De acordo com Rocha, são mais de um milhão de pontos de iluminação pública e quatro milhões de postes nas redes urbanas e rurais.
Ainda de acordo com o superintendente, somente em 2011 a Cemig investiu cerca de R$ 1 bilhão em melhorias no desempenho de seus sistemas. Além disso, R$ 10 milhões foram investidos em radares meteorológicos, que já estão em fase de testes, e que serão usados no monitoramento de tempestades.