Aperam está concluindo investimento de U$ 170 mi em Timóteo
Diretor da empresa nega plano de redução de atividades, mas confirma queda de rentabilidade
09/11/2011 - 15:55A Aperam Inox South America está concluindo um investimento de US$ 170 milhões na planta industrial de Timóteo, segundo dado apresentado pelo diretor de Recursos Humanos da siderúrgica, Ilder Camargo, durante audiência pública da Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A reunião solicitada pelo deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB), foi realizada na cidade do Vale do Aço, nesta quarta-feira (9/11/11), para discutir os direitos dos trabalhadores frente a sinais de possível redução das atividades da empresa na região.
“Nenhuma empresa investe um volume de recursos desse em um projeto que não deseja perenizar”, afirmou o representante da Aperam. No entanto, Ilder Camargo afirmou que embora a siderúrgica tenha recuperado o volume de produção que havia sido afetado pela crise mundial de 2008, a rentabilidade dos negócios ainda não se normalizou. Ele citou o custo da matéria-prima, a queda no preço do produto em função do excesso de oferta do aço, a guerra fiscal e a desvalorização do dólar como os principais fatores que abalaram a competitividade da empresa.
A Aperam está em 30 países no mundo e a unidade de Timóteo, antiga Acesita, é uma das seis principais, respondendo por cerca de 70% do aço inox comercializado no País, de acordo com Ilder Camargo. Ele acrescentou que a siderúrgica tem 11 mil empregados pelo mundo e faturou, em 2010, US$ 7,2 bilhões, sendo US$ 1,6 bilhão na Aperam South America.
Trabalhadores ainda temem demissões
O valor dos investimentos da empresa em Timóteo não convenceu os representantes dos trabalhadores que participaram da reunião. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Timóteo e Coronel Fabriciano, Carlos José de Vasconcelos Silva, reforçou a falta de projetos de novos investimentos para o futuro. Segundo ele, o número de postos de trabalho na unidade de Timóteo foi reduzido de 8 mil, antes da privatização, em 1993, para 2.400 hoje. “A unidade de Timóteo tem cerca de 25% de todo o quadro mundial”, acrescentou.
Como sinais da crise, o sindicalista ainda citou o fechamento de unidades na França e na Bélgica, o desligamento de 200 funcionários no início do ano por meio de Programa de Demissão Voluntária, a terceirização de vários setores e as sucessivas alterações no comando da siderúrgica. “Terceirização significa trocar a cor do uniforme, fazer o mesmo trabalho e não ter garantias”, afirmou.
Ele defendeu que a Aperam invista em novos produtos que aumentem a competitividade da empresa e que os trabalhadores possam ter os direitos garantidos nesses investimentos. “Todo ajuste na empresa implica na vida do trabalhador, de suas famílias e da sociedade como um todo”, concluiu.
Ilder Camargo respondeu que, para a empresa repartir as riquezas precisa, primeiro, produzi-las, e que o foco da Aperam agora é aumentar sua competitividade no mercado, com sustentabilidade. Para isso, segundo ele, a empresa está investindo na venda de créditos de carbono, na renegociação com fornecedores, em projetos de combate à guerra fiscal e em estudos para a linha de aços elétricos, entre outros. O diretor de Recursos Humanos da Aperam ainda afirmou que a empresa tinha planos de investimento na região aprovados, que precisaram ser adiados em razão da crise mundial.
O deputado Celinho do Sinttrocel, ao final da reunião, pediu que a empresa apresente as perspectivas de investimento futuro na unidade de Timóteo. Ele encaminhou vários requerimentos com solicitações de informação sobre número de terceirizações nos últimos dez anos, volume de investimento no Estado e outros. O deputado Luiz Carlos Miranda (PDT) considerou a audiência importante para propiciar o diálogo entre a direção da empresa e os representantes dos trabalhadores.