Casos de meningite C em Ouro Branco estão controlados
Trabalhadores infectados da construtura Paranasa representam um surto localizado e não uma epidemia.
26/10/2011 - 13:39Todas as ações de controle e contenção do surto de meningite em Ouro Branco (região Central) estão sendo tomadas para proteger a população. A afirmação foi feita pelo secretário de Estado de Saúde, Antônio Jorge de Souza Marques, durante a audiência pública realizada pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (26/10/11), que debateu as ocorrências da meningite tipo C no município, entre agosto e outubro de 2011. Até o momento, nove casos da doença já foram confirmados.
De acordo com o secretário, o caso dos cinco trabalhadores infectados da construtura Paranasa, terceirizada da Gerdau Açominas, representam um surto localizado e não uma epidemia. Marques explicou que, quando a doença foi detectada entre os funcionários da Paranasa, duas medidas foram tomadas. A primeira foi um bloqueio farmacológico, a partir da identificação de transmissão, a partir da medicação com antibióticos de 1.200 trabalhadores. A segunda, ainda em curso, é o bloqueio vacinal, aplicada nos trabalhadores que optaram por continuar na empresa, após o surto, bem como na população de Ouro Branco compreendida entre os quatro e os 30 anos. Na avaliação do secretário de saúde de Ouro Branco, Hideraldo Belini Soares de Mello, a medida, que foi tomada com rapidez, possibilitou o bloqueio do surto em um primeiro momento.
Sobre o caso de uma criança de sete anos morta pela doença em agosto de 2011, o secretário considerou que, provavelmente, se trata de um acontecimento isolado. Na sua avaliação, a ocorrência de casos isolados é uma fatalidade, mas não pode ser considerada um elemento de alerta no que tange a riscos para a saúde pública.
Dados - O secretário mostrou que em 2010 foram registrados cerca de dez mil casos de meningite no país. Em 2011, até o momento, Minas Gerais já contabilizou 119 ocorrências da doença. De acordo com Marques, a meningite C é uma doença grave, com altos índices de letalidade e de difícil combate. Ela pode ser definida como uma infecção bacteriana que afeta as membranas que recobrem o sistema nervoso central (meninges), podendo evoluir para um quadro de infecção generalizada.
Secretário descarta viabilidade de vacinação de toda a população
Ao ser questionado sobre a necessidade e a possibilidade de vacinação de toda a população em Ouro Branco, o secretário explicou que essa medida não seria adequada e nem mesmo viável. Segundo ele, a vacina contra a meningite C é muito sofisticada e cara, além de produzir efeitos colaterais. Além disso, segudo ele, a doença é mais grave em crianças e jovens, motivo que justifica a limitação da vacina à faixa etária dos quatro aos 30 anos. Os deputados Adelmo Carneiro Leão (PT) e Carlos Mosconi (PSDB) concordaram que a vacinação deve obedecer a critérios específicos e responsáveis e não apenas à vontade da população.
Marques ainda lembrou que Minas Gerais é pioneiro na produção da vacina contra a meningite C, bem como na sua inclusão no calendário oficial de vacinação entre as crianças de zero a dois anos. “ Em alguns anos teremos uma população de jovens e crianças imunizados, graças a essa vacina”, explicou.
Casos da doença em Lafaiete e Congonhas são isolados, segundo secretário
O secretário Antônio Jorge de Souza Marques afirmou durante a reunião que os municípios de Conselheiro Lafaiete e Congonhas, que também registraram casos de meningite C, representam uma preocupação, mas não são motivo para alarde. “Podemos tranquilizar a população, pois os critérios utilizados e que levaram à vacinação em Ouro Branco não existem nesses municípios”, comentou. De acordo com o secretário, os casos da doença identificados em Lafaiete e Congonhas foram tratados por meio do bloqueio farmacológico com o uso de antibióticos, não havendo dados objetivos que recomendassem a vacinação.
De acordo com a médica infectologista e assessora da Subsecretaria de Vigilância Sanitária, Tânia Marcial, para que haja a intervenção por meio da vacinação é necessário que existam indicações precisas, como, por exemplo, a detecção de três focos distintos de transmissão da doença na mesma região, em um período inferior a três meses, além de um número mínimo de dez pessoas infectadas a cada 100 mil habitantes.
Providência – O autor do requerimento que motivou o debate, deputado Tiago Ulisses (PV), pediu uma ação conjunta entre Ouro Branco e os municípios da região de forma a evitar novos surtos e a contaminação de outras pessoas. Ele reforçou que a situação seja debatida por todos os órgãos responsáveis ao lembrar que Ouro Branco e demais municípios limítrofes estão em expansão econômica, o que representa a chegada de novos trabalhadores para as cidades. O representante do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, José Heitor Santana, também cobrou maior proteção aos novos trabalhadores da região, no que se refere ao risco de contaminação pela meningite C.
Requerimentos – Foram aprovados três requerimentos durante a reunião, dois deles para a realização de audiência pública. Dos deputados Carlos Mosconi e Hely Tarqüinio (PV), com o objetivo de conhecer os projetos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); do deputado Carlos Mosconi, para debater, em conjunto com a Comissão de segurança Pública, a questão do crack. O último requerimento é dos deputados Gustavo Perrella (PDT), Marques Abreu (PTB) e Tadeu Martins Leite (PMDB), para que seja realizada visita conjunta com a Comissão de Esporte à Secretaria de Estado de Saúde, com o objetivo de conhecer o programa de atividade física desenvolvida pela Sociedade Mineira de Medicina do Exercício e do Esporte.
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