O voto do senador Aécio Neves (PSDB) na questão referente à divisão dos royalties do petróleo, na quarta-feira (19), no Senado, dominou os debates na Reunião Ordinária da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (20/10/11), dividindo o Plenário. Enquanto parlamentares da oposição no Estado criticavam o senador mineiro por ter votado a favor dos estados produtores de petróleo (Rio e Espírito Santo), os deputados da base do governo Anastasia defenderam a posição do senador tucano, afirmando que a oposição estava confundindo duas votações diferentes.

Rogério Correia (PT) e Sávio Souza Cruz (PMDB) criticaram a postura do senador Aécio Neves, a quem chamaram de “traidor de Minas e do Brasil”, por ter votado a favor do projeto do senador Francisco Dorneles (PP-RJ), em defesa dos estados produtores. O deputado Rômulo Viegas (PSDB), porém, explicou que houve duas votações: a primeira, apresentada pelo senador Dorneles, tinha o apoio fechado das bancadas do PSDB e do DEM e beneficiaria os estados não produtores, destinando-lhes R$ 11 bilhões. Além disso, tiraria mais recursos da União e menos dos estados produtores. A segunda proposta, vencedora, defendida pelo PT, tirava menos recursos da União e mais recursos dos estados produtores, aos quais destinaria apenas R$ 9 bilhões.

Reforçando a defesa feita por Viegas, seus colegas de partido Bonifácio Mourão e João Leite também defenderam o senador tucano. Leite mencionou “o voto de estadista” de Aécio na defesa de estados e municípios. Outro que defendeu com veemência o senador Aécio foi o deputado Duarte Bechir (PMN), afirmando que a trajetória política do senador mineiro independe da vontade de seus opositores. Explicou o voto do senador tucano alegando que ele tem bom trânsito no Rio e no Espírito Santo e sabe que os estados produtores já têm um orçamento preparado e não podem cortar recursos. Por isso, defendia uma proposta que tiraria mais do governo federal sem prejudicar os estados e municípios.

A oposição, porém, insistiu na tese de traição. Rogério Correia disse que Aécio foi o único senador do PSDB a votar a favor dos estados produtores e acrescentou que João Leite estava sofismando ao explicar o voto de Aécio. Para Correia, o senador mineiro foi “coerente”, já que o Rio de Janeiro, segundo ele, é o estado que Aécio teria escolhido “para viver e se divertir”. Sávio Souza Cruz referiu-se aos “privilégios do Rio de Janeiro” e aos “sultanatos do petróleo”, como os municípios de Campos e Cabo Frio.

Críticas à Cemig - Outro assunto que dominou parte dos debates na fase inicial da Reunião Ordinária de Plenário foram as críticas formuladas pelo deputado Pompílio Canavez (PT) contra a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). O parlamentar petista questionou a empresa por ter entrado com processo contra o Sindieletro e seu coordenador em razão das críticas dos líderes sindicais contra a empresa, responsabilizando-a pelo acidente ocorrido em Bandeira do Sul (Sul de Minas), no início do ano, que resultou em mortos e feridos. Canavez também responsabilizou a empresa no tocante à morte de um motoqueiro, em Belo Horizonte, na semana passada, vitimado por choque elétrico provocado pela queda de um cabo de alta tensão.

Em aparte, Rogério Correia reforçou os comentários do colega e anunciou que a oposição vai obstruir as votações enquanto a Cemig não retirar as ações que move contra o Sindieletro. A deputada Liza Prado (PSB) também manifestou-se solidária ao discurso de Canavez, com quem esteve em Bandeira do Sul, por ocasião do acidente, mas ressalvou que a Cemig é uma empresa séria, embora precise ter mais cuidado na questão da terceirização, acrescentando que a rede elétrica precisa de fato de manutenção. Liza também fez críticas à Prefeitura de Contagem, que, segundo ela, tem demonstrado descaso com a população em diversos setores, entre eles, educação e saneamento básico. Em outro aparte, o deputado João Leite defendeu a Cemig, citando vários projetos bem sucedidos da empresa, como o programa Campos de Luz, responsável pela iluminação de centenas de campos de futebol amador em todo o Estado, propiciando espaço de lazer à população.