Deputados visitam túneis abandonados na Serra do Curral
Eles foram conhecer a possibilidade de utilizar os locais para a construção de linha de transporte coletivo na RMBH.
11/10/2011 - 13:34A utilização de trecho inacabado da Ferrovia do Aço para resolver o problema de mobilidade urbana na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) motivou visita, nesta terça-feira (11/10/11), da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais ao local. Acompanhados de professores e arquitetos, os parlamentares foram até a sede da empresa Vale de onde partiram para conhecer túneis e pilares de viaduto inacabados localizados na Serra do Curral entre os municípios de Belo Horizonte, Sabará e Nova Lima.
O arquiteto Henrique Campos explicou que o projeto de utilização dessa estrutura foi elaborado por ele em parceria com o arquiteto Radmés Teixeira na década de 80. “Esses túneis podem ser aproveitados para a construção de uma ligação ferroviária entre municípios da RMBH, transportando passageiros da Praça da Estação, em Belo Horizonte, até o Belvedere, o Barreiro, o Alfaville ou o Inhotim”, afirmou.
Segundo Henrique Campos, os túneis representam cerca de 70% do valor de construção da ligação ferroviária. “Ou seja, o país já destinou a maior parte dos recursos necessários para a construção da ferrovia e é preciso agora aproveitar esse dinheiro que já foi gasto”, disse. Para ele, o trecho da Ferrovia do Aço poderia ser utilizado com a colocação de linhas de metrô ou de aeromóvel (veículo sobre trilhos com peneumáticos, movido a propulsão de ar e eletricidade), por exemplo.
Trânsito do Vetor Sul da RMBH seria desafogado
O autor do requerimento para a visita, deputado Paulo Lamac (PT), afirmou que o aproveitamento da estrutura já existente da Ferrovia do Aço poderia contribuir diretamente na redução dos problemas de mobilidade na RMBH. “Nós teríamos, por exemplo, uma linha de transporte coletivo ligando diretamente o Vetor Sul ao Vetor Leste da Capital mineira”. Ele afirmou que os relatórios da visita técnica feita pela comissão serão encaminhados ao Governo do Estado na tentativa de viabilizar o projeto.
O deputado João Leite (PSDB) afirmou ter sentido tristeza ao constatar a enorme quantidade de dinheiro público jogado fora com o abandono dos túneis. “É muito triste constatar que toda essa estrutura poderia estar sendo utilizada para fornecer alternativas de transporte público para a população da RMBH”, considerou. Para ele, é preciso haver uma união entre os Governos Estadual, Municipal e Federal (responsável pelos túneis) para que a utilização da estrutura para desafogar o trânsito da RMBH se concretize.
Ocupação do solo – A presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Cláudia Teresa Pereira Pires, defendeu a viabilidade do aproveitamento da estrutura. “Entretanto, esse projeto somente será viabilizado se houver interesse em desenvolver uma política que realmente privilegie o transporte público coletivo”, considerou. Ela também destacou a necessidade de adoção de uma política de uso e ocupação do solo responsável, que evite a especulação mobiliária na região e a degradação do meio ambiente.
Ferrovia do Aço – A Ferrovia do Aço começou a ser construída na primeira metade da década de 70 com o objetivo de transportar o minério de Minas Gerais até o Rio de Janeiro e São Paulo. Entretanto, devido a crise econômica as obras foram suspensas no final da década de 70, ficando inacabado o trecho entre Belo Horizonte e Ouro Preto.