Deputado pede anulação de transferência de policiais do Gate

A anulação de transferências supostamente ilegais de policiais do Grupamento de Ações Táticas Especiais (Gate), deter...

22/09/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputado pede anulação de transferência de policiais do Gate

A anulação de transferências supostamente ilegais de policiais do Grupamento de Ações Táticas Especiais (Gate), determinadas pelo Comando-Geral da Polícia Militar, é o teor do requerimento do deputado Sargento Rodrigues (PDT), aprovado durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, desta quinta-feira (22/9/11), que debateu denúncias de irregularidade contra a corporação. O requerimento foi encaminhado ao comandante geral da PM, Renato Vieira de Souza.

A motivação apresentada pelo comandante do Gate, tenente-coronel Marcelo Vladimir Correa, de que as transferências se justificariam pela necessidade de serviço, seria, na avaliação de Rodrigues, insuficiente, além de não obedecer aos princípios legais da administração pública. "Além disso, a transferência não atende ao interesse público, uma vez que retira do Gate um policial preparado para colocar um novato, sem experiência prática", comenta o deputado, que solicitou a reunião. As denúncias apresentadas são de que as transferências teriam acontecido sem a devida justificação do Gate.

O tenente-coronel Correa alegou que, além da necessidade de serviço, as transferências teriam também o objetivo de promover a renovação do corpo efetivo da corporação, bem como a proteção e tranquilidade do policial, que é submetido a uma missão complexa e desgastante. O comandante também disse que, ao assumir o comando do Gate, em fevereiro de 2010, percebeu a necessidade de promover cursos de operações especiais entre os policiais, o que, segundo ele, também seria um instrumento de ajustamento da renovação pretendida pela corporação.

Ainda de acordo com o comandante, de um total de 14 transferências, oito teriam ocorrido a pedido dos próprios policiais, informação que foi contestada pelo deputado Sargento Rodrigues, ao afirmar que tinha conhecimento de que alguns dos militares citados por Correa como interessados em sua própria transferência, na verdade não tinha nenhuma intenção em serem deslocados para outras cidades.

O corregedor da Polícia Militar, coronel Hebert Fernandes Souza e Silva, justificou que as supostas transferências irregulares se deram por razões que passam pela perda de confiança ou pela falta de competência dos militares para a execução das tarefas. Ele lembra que o servidor pode ser transferido a qualquer momento, tendo em vista a necessidade da corporação. "Ninguém foi penalizado, mas foram transferidos por demanda de serviço", afirmou.

Crítica - O diretor de Planejamento da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra), Israel Antônio Sanches, defende que as transferências sejam feitas apenas nos casos de necessidade de serviço. Para ele, a transferência como forma de punição ultrapassa a razoabilidade. "Os profissionais se dedicaram durante anos ao Gate e foram arrancados da corporação", criticou.

Esquadrão antibombas trabalha com uniformes vencidos

Durante a reunião, o deputado Sargento Rodrigues apresentou uma série de outras denúncias de irregularidades contra o Gate. Uma delas seria a de que, desde 2004, o esquadrão antibombas da corporação, designado para fazer a desativação de explosivos, estaria usando uniformes vencidos, cuja eficácia de proteção já estaria comprometida.

O subcomandante do Gate, major da PM Ledwan Salgado Cotta, afirmou ter conhecimento do fato desde 2009, época em que foi feito um projeto de modernização logística da corporação e que, entre outras coisas, buscava suprir essa questão dos uniformes. Ele disse também ter dado o devido encaminhamento ao problema.

O deputado Sargento Rodrigues classificou como preocupante o fato de não terem sido tomadas, até o momento, as providências em relação ao problema. "A negligência por parte de quem comanda coloca em risco a vida dos policiais", afirmou. O parlamentar ainda questionou o fato dos uniformes estarem vencidos há tanto tempo, ao lembrar da existência de um convênio de cinco anos firmado entre a Polícia Militar e o Banco Central, no valor de aproximadamente R$ 4 milhões, por meio do qual a corporação seria encarregada de fazer a escolta de valores da instituição.

O deputado Durval Ângelo (PT) pontuou ainda que a situação coloca em risco não apenas a vida do militar, mas também do cidadão. "O policial, sabendo do problema com o seu uniforme especial, não terá a mesma eficácia que teria se soubesse que está realmente protegido", concluiu.

Fins particulares - A utilização de viaturas do Gate para fins particulares, sem a autorização do comando da PM, também foi denunciada por Sargento Rodrigues. Segundo ele, o major Ledwan Salgado Cotta teria determinado que uma viatura buscasse seu parente em casa e o levasse à Polícia Federal, para registro de uma arma.

Outro fato apresentado por Rodrigues durante a audiência foi de que o Gate teria feito o policiamento de uma festa particular, referente à comemoração dos 25 anos de uma empresa de nome Imperial, em Nova Lima. Ainda de acordo com o parlamentar, a ocorrência teria se tornado ainda mais grave já que, no mesmo dia, um policial foi morto durante uma troca de tiros e o carro do Gate não foi deslocado para dar a assistência à operação. O subcomandante Cotta negou que a patrulha da corporação tenha sido direcionada a um evento interno.

Obra contratada pela PM no valor de R$50 mil não foi concluída

Outra denúncia apresentada pelo parlamentar refere-se ao pagamento de uma obra não concluída, em 2008, no valor de R$ 50 mil. Segundo Rodrigues, o Gate teria contratado e pagado uma empresa para a construção de uma cozinha, na antiga sede da corporação, que não foi finalizada. De acordo com o major Cotta, que era comandante do Gate na época, a obra, que incluía a reforma de dois banheiros e a construção de um refeitório, não foi concluída devido a uma enchente, ocorrida no fim do ano. " Não há que se falar em improbidade administrativa, uma vez que havia impossibilidade material de continuidade da obra", afirmou Cotta. Sargento Rodrigues questionou o fato da sede do Gate ter sido transferida para outro endereço, o que, segundo ele, caracterizaria a alteração do objeto e do contrato inicial sem autorização legal.

A compra de equipamentos que não teriam sido entregues também foi denunciada por Rodrigues. Segundo ele, em 2008, 30 microfones foram comprados pelo Gate, pelo valor de R$ 23 mil. Na nota fiscal da compra, de acordo com o deputado, consta apenas o pagamento, mas não a entrega das mercadorias. Rodrigues afirmou que a lei prevê que o pagamento da mercadoria deva ser feito apenas após a entrega do produto.

Sobre os casos relatados durante a audiência, o coronel Hebert Fernandes Souza e Silva disse que as denúncias estão sendo e serão apuradas e, em caso de culpa comprovada, as punições acontecerão. O advogado da Associação dos Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Estado, Lucas Santana, também defendeu a apuração de todos os fatos.

Greve dos professores - Durante a reunião da comissão, os professores do Estado, em greve há 107 dias, ocuparam o Plenarinho I da Assembleia e reivindicaram o cumprimento do Piso Salarial Nacional. Os professores também pediram um tratamento mais digno por parte do governo do Estado. O deputado Durval Ângelo apoiou o movimento.

Requerimentos

- Deputado Durval Ângelo (PT) pede envio de ofício ao comandante geral da PM, Renato Vieira de Souza, para que os casos do cabo Robert Costa e do sargento Geraldo Melo sejam anulados.

- Deputado Sargento Rodrigues pede que seja oficiado ao comandante geral da PM, Renato Vieira de Souza, o pedido de afastamento do major Leidvan Salgado, que está à frente do Gate.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Sargento Rodrigues (PDT); Rogério Correia (PT). Também participaram da reunião o sargento PM Antônio Carlos de Melo; o advogado militar da reserva Zoé Ferreira Santos; o presidente do Centro Social de Cabos e Soldados, cabo PM Álvaro Rodrigues Coelho; o presidente da Associação da PM e do Corpo de Bombeiros, major PM Márcio Ronaldo de Assis; e o advogado geral da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais, Lucas Zandona.

 

 

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