| Rondas noturnos pedem regulamentação da 
            atividade A atuação de rondas noturnas ou motovigias em áreas 
            públicas de Belo Horizonte é alvo de uma comissão composta pelas 
            polícias Civil, Militar, Federal e pela Prefeitura municipal, com o 
            objetivo de apurar a legalidade do serviço e subsidiar as medidas 
            legais a serem adotadas pela PBH. O assunto foi debatido nesta 
            quinta-feira (22/9/11), em reunião conjunta das Comissões de 
            Segurança Pública e de Administração da Assembleia Legislativa de 
            Minas Gerais. Mas se a Polícia Militar tem uma posição contra a 
            atividade, expressa no depoimento do representante do Comando de 
            Policiamento da Capital (CPC), tenente coronel Ricardo Garcia 
            Machado, deputados e motovigias presentes defenderam a necessidade 
            de regulamentação da ronda noturna e seu enquadramento no rol das 
            profissões reconhecidas pelo Ministério do Trabalho. Para isso, 
            sugeririam à cooperativa da categoria que faça uma consulta ao 
            Ministério sobre a possibilidade de a atividade ser enquadrada num 
            dos itens de segurança comunitária. O tenente coronel Machado, comandante do 22º 
            Batalhão da Polícia Militar, disse que a função é ilegal, porque se 
            trata de atividade de segurança pública, que é privativa dos órgãos 
            de segurança oficiais, como Polícia Federal, Militar e Civil. Ele 
            disse que a ronda em locais públicos, feita por particulares, "é 
            usurpação de função pública, crime previsto no artigo 328 do Código 
            Penal, com previsão de pena de reclusão de dois a cinco 
anos". Projetos em tramitação - A 
            audiência foi solicitada pelo deputado Neider Moreira (PPS), autor 
            do Projeto de Lei (PL) 1.883/11, que regulamenta o exercício das 
            atividades dos profissionais em serviço comunitário de rua, 
            "motovigia". Mais dois projetos com teor semelhante foram 
            apresentados, o PL 1.835/11, do deputado Sargento Rodrigues (PDT), e 
            o PL 1.876/11, do deputado Leonardo Moreira (PSDB). O primeiro e o 
            último foram anexados ao 1.835/11, conforme prevê o Regimento 
            Interno, por guardarem semelhança. O projeto do deputado Sargento 
            Rodrigues estabelece penalidades para a pessoa física ou jurídica 
            que contratar e fornecer serviço clandestino de vigilância 
            patrimonial e de proteção de clientes. Deputado rebate alegação de "usurpação de 
            função" Para Neider Moreira, a alegação de usurpação de 
            função pública não procede, na medida que os motovigias não 
            trabalham armados. Segundo o parlamentar, há dois pontos claros na 
            questão: "a população fez uma clara opção pelo serviço; e o tema 
            precisa urgente de uma regulamentação, o que se manifesta nos três 
            projetos apresentados". Neider destacou que o serviço veio na esteira da 
            sensação de insegurança da população e que os motovigias prestam um 
            serviço de apoio à Polícia Militar e junto à comunidade prestam 
            pequenos favores, como acompanhar estudantes do ponto de ônibus até 
            suas residências, buscar medicamentos e até lanches. As rondas 
            noturnas são feitas de 22 às 5 horas, de segunda a sábado. O 
            deputado disse que não dá para ir contra a vontade da população, que 
            escolheu pagar por esse serviço. Para o advogado da Cooperativa de Rondas Noturnos 
            de Belo Horizonte, Fernando Carlos Gomes, a ronda é usada como uma 
            prestação de serviço doméstico. E informou que a entidade foi criada 
            em 2008 e hoje tem cerca de 160 cooperados, para cerca de 1000 que 
            exercem a atividade sem nenhum vínculo. Os cooperados trabalham como 
            autônomos, segundo Fernando Gomes, e recebem apoio institucional da 
            entidade. Ele também rechaçou a interpretação de "usurpação de 
            função". O presidente da Comissão de Segurança, deputado 
            João Leite (PSDB), fez vários questionamentos à cooperativa e ao 
            coronel Machado, manifestando sua intenção de que o debate contribua 
            para a regulamentação. Foi ele quem sugeriu a consulta ao Ministério 
            do Trabalho. A deputada Maria Tereza Lara (PT), vice-presidente da 
            comissão, defendeu a agilização da consulta ao Ministério do 
            Trabalho e a da regulamentação da profissão, enquanto Neider Moreira 
            reiterou seu pedido para que a Comissão de Constituição e Justiça 
            aprecie a matéria e deixe que o mérito seja debatido pelos 
            deputados, no Plenário. Depoimentos dos rondas noturnas Depois de algumas interrupções da reunião, por 
            professores em greve há mais de 100 dias e acampados na Assembleia, 
            o debate foi franqueado ao público. Em diversos depoimentos, os 
            rondas noturnas reclamaram da abordagem da PM e das prisões feitas a 
            alguns trabalhadores. Muitos contaram das prisões - 15 até agora, segundo 
            dados da cooperativa -, feitas segundo eles de modo arbitrário pela 
            PM, já que se encontravam identificados com colete. Foi citado o 
            caso de um motovigia detido em Betim e que ficou cinco horas até ser 
            encaminhado a uma delegacia, para registro de ocorrência. João Leite 
            solicitou à cooperativa que encaminhe os dados do caso, para que a 
            Comissão de Segurança tome providência. Um usuário do serviço, Cassiano Carlos, disse que 
            contratou um motovigia por cinco anos, período em que chegava da 
            faculdade e tinha de percorrer cerca de dois quilômetros até sua 
            casa. E questionou o coronel Machado, indagando se a Polícia Militar 
            lhe daria essa segurança pessoal. Vários depoimentos foram no 
            sentido de que a PM deixe os motovigias trabalharem em paz., como o 
            de Cléberson de Freitas Faria. Presenças - Deputados João 
            leite (PSDB), presidente da Comissão de Segurança; Neider Moreira 
            (PPS), da Comissão de Administração; e deputada Maria Tereza Lara 
            (PT). Além deles, o presidente da cooperativa, Renalberto de Lima da 
            Silva, e o integrante do conselho fiscal, Gilberto Carneiro.           |