Trabalhador pode passar por qualificação durante seguro-desemprego

Discutir a capacitação profissional dos trabalhadores durante o período de recebimento do benefício do seguro-desempr...

21/09/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Trabalhador pode passar por qualificação durante seguro-desemprego

Discutir a capacitação profissional dos trabalhadores durante o período de recebimento do benefício do seguro-desemprego. Esse foi o objetivo da audiência pública realizada pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (21/9/11). O autor do requerimento para a reunião foi o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT). "Com o País em desenvolvimento, um dos grandes desafios é encontrar recursos humanos capacitados. Trabalhadores precisam aliar sustentabilidade de si próprio com qualificação técnica", disse.

Um dos convidados da reunião foi o superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego em Minas Gerais, Alysson Alves. Para ele, desde a criação do portal Mais Emprego, em 2010, o seguro-desemprego passa por nova fase. O site, que une todos os operadores do benefício no País, registra informações sobre vagas disponíveis. Quando o trabalhador pede o seguro-desemprego, fica mais fácil encaminhá-lo ao mercado.

Caso não encontre emprego, haveria a qualificação profissional vinculada aos segurados, por meio do Projeto de Lei 1209/11, que tramita no Congresso. Caso seja aprovado, esse projeto pode criar 500 mil vagas de capacitação no País. Segundo o superintendente de formação e qualificação da Secretaria de Estado do Trabalho e Emprego, Wenderson Harley de Assis, em Minas seriam cerca de 50 mil trabalhadores atendidos em um primeiro momento.

Com o projeto aprovado, a previsão é de que mais de seis milhões de trabalhadores que requisitem o seguro-desemprego sejam encaminhados para cursos de qualificação até 2014. "A expectativa é de que isso diminua o número de pedidos do benefício, na medida em que as fraudes irão cair com a capacitação obrigatória", disse Alysson Alves.

Essa é, também, uma preocupação do secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT/MG), Carlos Magno de Freitas. Para ele, "demissões têm virado um balcão de negócios". Ele explica que é comum o profissional pedir ao empregador para ser demitido, indo para a informalidade no período em que recebe o seguro-desemprego.

Sindicalista aponta carência no ensino técnico

Na opinião de Carlos Magno, no entanto, é preciso um movimento de sindicatos, empregadores e governos para que essa qualificação atenda a especificidades, como trabalhadores que tenham acima de 35 anos, negros e mulheres. Ele destaca, ainda, o problema da falta de ensino técnico.

O gerente de Educação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/MG), Edmar Fernando de Alcântara, acha que o "desafio é universalizar a educação profissional no Estado, deixada de lado por sucessivos governos". Segundo ele, recursos para o setor existem. "Falta é entrosamento entre as políticas aplicadas em diferentes áreas da profissionalização, seja no comércio ou na agricultura, por exemplo". No Senai/MG, até 2014, o número de matrículas abertas para qualificação profissional industrial passará de 130 mil para 250 mil.

Outro ponto que o gerente do Senai/MG destacou foi o fato de que o incremento ao ensino superior nas últimas décadas não veio acompanhado da educação profissional de nível médio e técnico. "É mais fácil um jovem fazer uma universidade que um curso técnico", disse, justificando o fato de haver falta de mão-de-obra na faixa dos 16 aos 25 anos para muitos trabalhos que exigem capacitação técnica.

"Vivemos um processo de carência profissional em um mercado aquecido", afirmou o diretor regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac/MG), José Carlos Cirilo da Silva. Segundo ele, existem empreendimentos que estão sendo adiados devido à falta de profissionais qualificados. Ele ressalta o programa "Senac de Gratuidade" como importante mecanismo para qualificação profissional. Iniciado em 2009, a previsão é de que sejam formados 32 mil alunos em cursos de capacitação em 2012.

Qualificação profissional é desafio em Minas

O secretário de Saúde da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Rui Moreira, concorda que o número baixo de escolas técnicas reflete a ausência de trabalhadores qualificados para diversas áreas. "E a capacitação precisa ser vista como forma de inclusão social", acrescentou. Já o juiz do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-3ª região), Orlando Tadeu de Alcântara, atentou para o fato de que o grande desafio em Minas é levar qualificação profissional, respeitando as exigências específicas de cada região do Estado.

A deputada Rosângela Reis (PV), presidente da Comissão do Trabalho, ressaltou que, devido à Copa do Mundo em 2014, será ainda mais importante promover a qualificação profissional no País. "Que façamos isso com antecedência", alertou. O deputado Tadeu Martins Leite (PMDB) acredita, por sua vez, que os "poderes públicos precisam se unir para dar, cada vez mais, trabalho qualificado aos brasileiros".

Requerimentos - Durante a reunião, foram aprovados três requerimentos. Um sobre a realização de uma audiência pública para discutir efeitos, benefícios e a atualidade da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Outra solicitação acatada foi uma reunião pública para debater a criação do Piso Salarial Nacional e a regulamentação dos agentes comunitários de saúde e de combate às endemias. O último requerimento aprovado foi um debate para discutir o Projeto de Lei Federal 7.495/06, que regulamenta os parágrafos 4 e 5 do artigo 198 da Constituição, dispõe sobre o aproveitamento de pessoal amparado pelo parágrafo único do artigo 2º da Emenda Constitucional 51 de 2006 e dá outras providências.

Presenças - Deputada Rosângela Reis (PV), presidente; Tadeu Martins Leite (PMDB); Adelmo Carneiro Leão (PT). Participaram, também, da audiência pública, a representante da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Lúcia Josina Soares, e a analista supervisora de coordenação da Formação Profissional do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MG), Ciane Aparecida Pereira.

 

 

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