Deputados vão cobrar solução para remuneração de médicos

Uma comissão formada por deputados e profissionais da saúde vai a Brasília cobrar da Agência Nacional de Saúde Comple...

21/09/2011 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputados vão cobrar solução para remuneração de médicos

Uma comissão formada por deputados e profissionais da saúde vai a Brasília cobrar da Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) uma posição sobre os baixos valores pagos por planos de saúde. Uma das reivindicações será a garantia de revisão anual da tabela de consultas e procedimentos médicos adotada pelos planos. A proposta é que a visita à agência seja em 25 de outubro, dia em que está prevista uma paralisação da saúde pública no País.

Requerimento nesse sentido foi aprovado nesta terça-feira (21/9/11), em audiência pública conjunta das Comissões de Saúde e de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O debate, realizado no dia da paralisação nacional de médicos conveniados em protesto aos valores praticados pelos planos, lotou um dos Plenarinhos da Casa e foi marcado por críticas à ausência de representantes da ANS e à desvalorização dos serviços de saúde complementar pelas seguradoras.

O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor, deputado Délio Malheiros (PV), destacou que a saúde complementar no Brasil envolve 46 milhões de usuários e 160 mil médicos, que, segundo ele, recebem por consulta valores entre R$ 25,00 e 40,00, contra cerca de R$ 250,00 em consultório particular.

"As classes C, D e E tiveram ganho com o crescimento econômico brasileiro. Salvo poucos casos, a classe médica, ao contrário, se transformou numa espécie de empregado mal remunerado dos planos de saúde", criticou o parlamentar. Délio Malheiros disse que prova disso é que um bombeiro cobra desse mesmo médico R$ 70,00 para trocar em 20 minutos uma válvula da pia do consultório, enquanto o consumidor que vai a esse mesmo médico deixa R$ 15,00 por hora no estacionamento sem se dar conta. "Sem desfazer de outras categorias, essa é uma situação esdrúxula e insustentável", comparou o deputado.

Fisioterapeutas protestam - O presidente do Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais de Minas Gerais, Bruno Fukina, disse que a situação desses profissionais também é "vergonhosa". Segundo ele, há em Minas 30 mil fisioterapeutas e 2.800 terapeutas profissionais conveniados que estariam sem reajuste há 15 anos. Os planos estariam pagando por uma sessão, de 45 a 60 minutos, valores entre R$ 4,20 e R$ 12,00. "Tirando os custos, em alguns casos sobram oitenta centavos por seção para o profissional e 99% das clínicas estão no vermelho", criticou.

Movimento conjunto - Entidades dos fisioterapeutas e também dos médicos defenderam a união das diversas especialidades da área de saúde em prol da melhoria dos valores pagos pelos planos. Para o presidente eleito da Associação Médica de Minas Gerais, Lincoln Lopes Ferreira, o médico não trabalha sozinho no cuidado ao ser humano. Ele cobrou ação da ANS no sentido de fazer cumprir itens previstos desde 2004 na contratualização de planos de saúde, como a revisão periódica de valores pagos.

O presidente da Sociedade de Anestesiologia de Minas Gerais, Mozart Ribeiro, expôs ainda outro problema na relação com os planos. Segundo ele, elevações pequenas no que se paga pela consultas são feitas apenas para "acalmar" os médicos, quando os valores pagos por procedimentos médicos ficam esquecidos ou ainda piores do que se paga pela consulta.

Deputados alertam para apagão da saúde

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Mosconi (PSDB), avaliou como dramática a situação da saúde no País e incorreto o tratamento dado aos profissionais pelos planos de saúde. Além da defasagem dos valores pagos, ele manifestou, por outro lado, preocupação também com a falta de atendimento nos hospitais públicos, citando casos recentes, como o da grávida que perdeu os bebês gêmeos em Belém do Pará após uma maratona por vários hospitais.

"Esse é um momento de apagão da saúde", acrescentou o deputado Neider Moreira (PPS), para quem a ausência da ANS na discussão revela o desinteressse pela situação. O parlamentar lembrou que chegou-se à realidade atual por vários motivos, sendo um deles o fato de, após a criação do SUS, há 21 anos, ter havido queda em investimentos públicos em saúde. Na sua avaliação, o País terá que decidir se quer um atendimento universalizado de fato.

O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) acrescentou que é preciso se pensar numa política de estado na área de saúde, em que médicos e demais profissionais lutem por uma relação harmônica, onde todos tenham bons salários e condições de trabalho.

Sindicato critica intermediação e prevê falta de atendimento

O presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Cristiano da Matta Machado, informou que a média do valor pago pelos planos por consulta é de R$ 45,00, quando a categoria reivindica o mínimo de R$ 60,00 por consulta e a imediata implantação da CBHPM, ou Classificação Brasileira de Hierarquização de Procedimentos Médicos, que tem o valor da consulta como referência para demais procedimentos.

Ele alertou, ainda, para o fato de que o Brasil seria o único País a permitir a atuação de intermediários na aquisição de próteses e órteses, o que, segundo o sindicalista, estaria onerando muito o custo do sistema de saúde.

Ainda segundo Cristiano, 90% da aquisição de planos de saúde hoje é patronal, com empresas contratando convênios para assistência a seus empregados. "Mas a empresa não deve olhar só o melhor preço se não quiser deixar os empregados sem atenção médica. Chegamos no limite e a população tem que saber disso", alertou.

Representante de seguradora quer Anvisa no debate

A gerente médica da seguradora Amil em Minas, Renata Faria, defendeu que também a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e não apenas a ANS, participe das discussões dos valores praticados pelos planos de saúde. Segundo ela, a Anvisa é responsável pela liberação de próteses e órteses comercializadas, itens que, segundo ela, consumiriam a maior parte da receita dos planos. "Se o bolo não aumenta, é preciso redistribuir recursos", defendeu ela.

Renata informou que já foi negociada pelo plano que representa uma nova remuneração em faixas para os médicos, até R$ 60,00, e admitiu a necessidade de rever também os valores pagos para demais profissionais de saúde.

Já Anderson Antônio Monteiro Mendes, diretor em Minas da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), informou que o segmento passará o valor da consulta para R$ 54,00 a partir de 1º de outubro. Ele disse que ainda não é o que os médicos reivindicam, mas argumentou que o reajuste é de 25% em relação a dezembro do ano passado. "Uma defasagem ao longo dos anos deve ser corrigida de forma sustentável".

Ele avaliou que os planos convivem com uma "cadeia ingrata de valores" e disse que "mais de 20% dos recursos estariam indo parar nas mãos de atravessadores e outros".

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), presidente da Comissão de Saúde, e Hely Tarquínio (PV), vice-presidente; Délio Malheiros (PV), presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, e Liza Prado (PSB), vice-presidente. E deputados Neider Moreira (PPS), Adelmo Carneiro Leão(PT), Dilzon Melo (PTB) e Duílio de Castro (PMN). Além dos já citados também participaram o presidente da Associação Médica de Minas Gerais, José Carlos Collares Filho; o presidente da Federação Nacional de Cooperativas Médicas, José Augusto Ferreira; o presidente da Associação Mineira de Fisioterapeutas, Hugo Pereira Goretti; a presidente da Associação Mineira de Fisioterapeutas, Hugo Pereira Goretti; Alcebíades Leal Filho, da Comissão Estadual de Honorários Médicos; o representante do Conselho Federal de Medicina, Hermano Tieschthausen; do membro da diretoria do Instituto de Medicina Legal, José Roberto de Resende Costa.

 

 

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