Plano Nacional de Educação preocupa pais de alunos com deficiência

Pais de pessoas com deficiência estão apreensivos quanto à possibilidade de extinção das escolas voltadas exclusivame...

19/09/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Plano Nacional de Educação preocupa pais de alunos com deficiência

Pais de pessoas com deficiência estão apreensivos quanto à possibilidade de extinção das escolas voltadas exclusivamente para esses alunos. Eles participaram de reunião da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta segunda-feira (19/9/11), e criticaram o Projeto de Lei Federal 8.035/10, que contém o Plano Nacional de Educação. Uma das metas desse plano, que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso, é universalizar o atendimento a alunos com deficiência na rede regular de ensino.

Para o deputado Duarte Bechir (PMN), que solicitou a reunião, essa medida pode significar o reforço à inclusão desses alunos nas escolas regulares em detrimento das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes). "O cumprimento dessa meta pode resultar no esvaziamento das Apaes. Essas entidades promovem relevantes ações voltadas para o desenvolvimento infantil e contribuem para a integração social das pessoas com deficiência. Esse trabalho não pode ser comprometido", afirmou.

Segundo o deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG), a inclusão desses alunos nas escolas regulares seria feita por meio da criação de salas multifuncionais, que eles frequentariam pelo menos duas vezes por semana. Além de participar dessas aulas especiais, as crianças com deficiência seriam matriculadas nas salas de aula comuns. "Essa matrícula dupla vai ser um faz de conta, um desperdício de dinheiro. Quem será o responsável pelo processo de aprendizado?", questionou.

Na avaliação de Eduardo Barbosa, que preside a Federação Nacional das Apaes, o Plano Nacional de Educação pode cercear o direito das famílias de escolher onde matricular seus filhos. Ele também alertou que a obrigatoriedade de frequentar escolas regulares pode afastar os alunos com deficiência das salas de aula. O presidente da Federação das Apaes de Minas Gerais, Sérgio Sampaio Bezerra, disse que as famílias estão em polvorosa com a possibilidade de extinção das escolas especiais.

O diretor da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, Rodrigo da Rocha Malta, explicou que é fundamental garantir o ensino de Libras como primeiro língua para os surdos, e disse que é preciso preparar as escolas regulares para receber os alunos com deficiência. "Vamos ser realistas: nossos profissionais da educação não estão aptos para receber esses alunos. As Apaes são essenciais para a sua inclusão social", alertou a conselheira estadual de Educação Suely Duque Rodarte.

Secretaria de Educação garante parceria com Apaes

A Secretaria de Estado de Educação (SEE) vai continuar com sua parceria com as Apaes, garantiu a subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica, Raquel Elisabete de Souza Santos. "O papel das Apaes no atendimento a crianças com deficiência é fundamental, e não vamos mudar a regra do jogo", assegurou. Segundo a subsecretária, a porta de entrada de todas as crianças na rede de ensino é a escola comum, que deve comunicar à SEE a existência de alunos com deficiência. Caberá à família decidir por manter a criança na escola regular ou encaminhá-la para uma instituição especial.

Analfabetos - Atualmente, segundo o deputado federal Eduardo Barbosa, 60% das pessoas com deficiência são analfabetas, e o número de matriculados na escola caiu de 700 mil em 2006 para 639 mil em 2009. Em Minas Gerais, de acordo com o censo 2010, há 1,3 milhão de pessoas com deficiência em idade escolar, mas apenas 41,4 mil frequentam a escola. Elas são atendidas principalmente pelas Apaes, que estão presentes em 420 municípios. Cerca de 60% dos professores das Apaes são servidores estaduais, cedidos pela Secretaria de Educação.

Financiamento - O presidente da Comissão de Educação, deputado Bosco (PTdoB), disse que é preciso discutir a questão do financiamento do sistema educacional. Segundo ele, os estados e municípios são responsáveis por 88% dos investimentos em educação, enquanto a União responde por apenas 12% desses gastos. O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) manifestou apoio às Apaes.

Presenças - Deputados Bosco (PTdoB), presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), vice; e Duarte Bechir (PMN).

 

 

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