Programa busca identificar alunos com distúrbios na
visão
O Programa Bom Começo, de acompanhamento da saúde
na escola, foi o assunto da audiência pública conjunta promovida,
nesta terça-feira (13/9/11), pelas comissões de Saúde e de Educação,
Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Empreendida pela Fundação de Hospital Olhos (Holhos), em parceria
com a UFMG, a iniciativa é voltada para erradicação dos distúrbios
de aprendizagem relacionados à visão, em especial a dislexia e a
síndrome de Irlen, que vêm aumentando os índices de repetência e
evasão escolar no Brasil.
Segundo dados do relatório dos ministérios da Saúde
e Educação de 2009, apresentados pelo diretor-presidente da Holhos,
Ricardo Guimarães, 30% das crianças em idade escolar possuem algum
tipo de problema visual. Somam-se ainda a esse índice outros 15% de
crianças que apresentam problemas de distúrbio de aprendizado
ligados à visão. "Normalmente são pessoas muito inteligentes e
capazes que não apresentam nenhum problema aparente na visão, mas
sofrem com vários tipos de desconforto na realização da leitura",
explicou.
Ainda de acordo com Ricardo Guimarães, nos Estados
Unidos e Japão esses números são ainda maiores, atingindo,
respectivamente, 42% e 75% da população. "Estamos vivendo uma
epidemia de miopia", alertou. Na opinião do médico, isso se deve
principalmente ao uso abusivo de computadores e jogos,
principalmente por parte das crianças. "Os olhos precisam de luz
natural para se desenvolverem. A luz artificial de má qualidade,
típica das telas de computador, tem nos levado ao estresse visual",
ressaltou.
Autor do requerimento, Almir Paraca (PT) afirmou
que o acesso à educação básica deixou de ser um problema no País e
defendeu que o foco das ações deve se voltar para a qualidade do
ensino, que está associada à saúde dos estudantes. "Há um
descompasso entre nossos índices de educação e a posição que
ocupamos na economia do planeta. É fundamental melhorar a qualidade
do ensino e este programa caminha nessa direção", destacou. Os
deputados Doutor Wilson Batista (PSL), Hely Tarqüínio (PV) e Carlos
Mosconi (PSDB) também elogiaram a iniciativa e falaram sobre a
necessidade em vê-lo implementado não só em escolas do Estado como
também do País.
Ao final da audiência, os deputados aprovaram
requerimento de autoria de Almir Paraca solicitando envio de cópias
da coberta da TV Assembleia e das notas taquigráficas da audiência
às secretarias de Estado de Saúde e de Educação para tomada de
providências por parte desses órgãos a fim de dar maior visibilidade
a essa iniciativa no Estado.
Bom Começo já treinou mais de quatro mil
pessoas
Com início em 2006, o programa tem como uma de suas
principais ações capacitar professores e profissionais de saúde para
identificar alunos com problemas ligados à visão. Como resultado
dessa iniciativa, já foram treinadas mais de quatro mil pessoas, em
20 estados brasileiros. Também foi desenvolvido um equipamento para
que as próprias escolas façam o exame de triagem de visão com a
precisão que o procedimento requer para a correta identificação do
diagnóstico. "Ele é de fácil operação e baixo custo", pontuou
Guimarães. Coordenador do Laboratório de Bioengenharia da UFMG,
Marcos Pinotti acrescentou que o equipamento também registra as
informações dos exames que são realizados e alimenta automaticamente
um banco de dados a partir do qual podem ser extraídos relatórios
sobre a situação de saúde dessas crianças.
O programa foi implantado com sucesso em Montes
Claros e já está em curso também em Belo Horizonte, onde sua adoção
foi transformada em lei. De acordo com Pinotti, a próxima etapa é
implementá-lo na região nordeste do País. Para a diretora do
Hospital de Olhos de Minas Gerais e vice-presidente da Holhos,
Márcia Guimarães, sua expansão é viável porque é de baixo custo e
todo o investimento tecnológico é proveniente de Minas Gerais.
Ricardo Guimarães informou ainda que a iniciativa pode ser
financiada com recursos da União, através do Programa Saúde nas
Escolas, e que são gastos, em média, R$ 20 em intervenções
relativamente simples que podem ajudar a corrigir os problemas de
visão dos estudantes.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüíno (PV); Doutor Wilson
(PSL); e Almir Paraca (PT).
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