Comissão ouve estudante acusado de assalto à casa de desembargador

"Há probabilidade grande de que ele seja inocente". Com esta avaliação, o representante da Ordem dos Advogados do Bra...

12/09/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Comissão ouve estudante acusado de assalto à casa de desembargador

"Há probabilidade grande de que ele seja inocente". Com esta avaliação, o representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Wagner Dias Ferreira, classificou a situação do estudante de Direito, Carlos Henrique Pereira, acusado de assalto e roubo à casa do atual presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Cláudio Costa, em setembro de 2006. As possíveis falhas no inquérito policial e na instrução criminal foram discutidas em audiência na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta segunda-feira (12/9/11).

Após os depoimentos do acusado, do primeiro delegado do caso, Walter do Rosário Souza Felisberto, do representante da OAB e de vizinhos do estudante, o presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), que solicitou a audiência, informou que irá enviar as notas taquigráficas ao juiz que preside o caso, à câmara criminal onde ele tramita, à OAB e ao Ministério Público. Durval afirmou que o caso passa a sensação de que a polícia precisou dar uma resposta rápida, por haver envolvimento de membros do Judiciário (o desembargador; sua esposa, também desembargadora, e suas duas filhas, que são juízas).

O caso envolvendo Carlos Henrique, que trabalha como entregador de pizza, aconteceu em setembro de 2006, quando houve o assalto à casa do desembargador Cláudio Costa. Um dos assaltantes estava com um uniforme de uma empresa de segurança, a Emive, o que levou os policiais a solicitar a ficha e fotos de funcionários e ex-funcionários. Apresentadas aos moradores, Carlos Henrique, ex-funcionário da empresa, foi reconhecido como parecido com um dos assaltantes. Mas na acareação pessoal, durante a fase de inquérito, somente a esposa e a filha teriam confirmado o reconhecimento, e não o desembargador.

Ele foi preso em sua casa e ficou detido por cinco dias no Departamento de Investigações. A após este prazo, foi liberado sem qualquer outra informação, até que foi preso novamente este ano, depois do inquérito concluído e o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público. Na reunião, Carlos Henrique disse que ficou preso por 100 dias, só sendo liberado mediante a concessão de habeas corpus, pelo Supremo Tribunal Federal, depois de negativa do Tribunal de Justiça. Ele está sendo defendido pelo advogado Edimar Cristiano Alves, professor de Prática Penal da Faculdade de Direito Milton Campos, que se ofereceu para a defesa.

Inquérito tem um morto como um dos assaltantes

O estudante se disse inocente e pediu ajuda à Comissão de Direitos Humanos, dizendo que o processo contém irregularidades, como a negativa para ouvir seus familiares para confirmação de sua presença em casa, junto à esposa e filhos, no dia e horário do assalto. Carlos Henrique afirmou ainda que, apesar de constar no inquérito que o crime foi efetuado por três assaltantes, nos autos consta o reconhecimento de cinco, "um deles morto em 2004, portanto dois anos antes do assalto, o que só foi descoberto no ano passado", disse. Para ele, como houve esse engano, pode acontecer também um engano em relação ao seu reconhecimento.

A tese do engano foi admitida pelo delegado Walter do Rosário Felisberto, de forma genérica. Como o caso se iniciara na Furto de Veículos, sua participação foi por cerca de três meses, tendo saído para assumir outra delegacia. Mas ele se lembra de ter concluído, após suas diligências, "que não havia constatação do envolvimento dos dois ex-empregados da Emive, o Rodrigo Amaro, (o outro acusado) e o Carlos". Para ele, é possível haver equívoco no processo de reconhecimento. "Segundo minha experiência, este procedimento nem sempre é válido".

Sem se ater especificamente ao caso de Carlos Henrique, do qual não conhecia os detalhes, o representante da OAB, Wagner Ferreira, disse que há muitos casos de análise superficial dos processos. "Uma análise detalhada só será feita nos tribunais superiores, daí reforçarmos a necessidade do controle externo não só da parte burocrática, mas da parte de mérito das decisões judiciais".

Segundo ele, a negativa do habeas corpus no TJ mostra claramente a peculiaridade desse caso. E essa opinião foi compartilhada por Durval Ângelo, para quem não se justifica o inquérito e a instrução tramitarem em segredo de Justiça. Questionado sobre o fato pelo deputado, Wagner Ferreira disse que, em sua prática forense, os processos tramitam de forma pública em 100% dos casos.

A audiência contou ainda com o depoimento de vizinhos e familiares de Carlos Henrique atestando a honestidade do estudante e motoboy e de sua família.

Requerimentos - Foram aprovados três requerimentos, dois do deputado Durval Ângelo e um do deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB). O primeiro solicita audiência, que terá caráter reservado, para apurar denúncia de assédio sexual, constrangimento ilegal e cárcere privado de uma ex-gerente da Acesita Florestal. O segundo solicita debate da comissão em Contagem, com o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) sobre a comissão da Câmara de Deputados de combate ao uso do crack e outras drogas.

E Celinho do Sinttrocel quer audiência pública para apurar as denúncias de abuso de poder contra os manifestantes do evento de 7 de setembro, conhecido como Grito dos Excluídos, em Ribeirão das Neves.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), Duarte Bechir (PMN) e Ulysses Gomes (PT).

 

 

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