CUT defende lei para piso com previsão de reajuste anual

A discussão de um instrumento vinculante, que garanta o poder de compra do piso regional, foi defendida pelo secretár...

26/08/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

CUT defende lei para piso com previsão de reajuste anual

A discussão de um instrumento vinculante, que garanta o poder de compra do piso regional, foi defendida pelo secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Quintino Severo. Ele participou, nesta sexta-feira (26/8/11), da mesa de discussões que trouxe um balanço da adoção do piso em outros estados, durante o Ciclo de Debates - Piso Salarial em Minas Gerais, realizado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Na opinião de Quintino Severo, as entidades representativas dos trabalhadores devem aproveitar esse momento de construção da lei do piso regional para já definir uma política de reajuste anual do piso.

Na avaliação do secretário da CUT, a grande população trabalhadora de Minas, de mais de 10 milhões de pessoas, associada ao crescimento do PIB acima da média nacional, revelando o dinamismo da economia e do mercado de trabalho mineiros seriam fatores que justificariam a necessidade e implantação do piso regional. Aliado a isso, o expositor disse que o Estado tem uma dívida com sua classe trabalhadora, porque o rendimento salarial médio de Minas foi de R$ 858, em 2009, ficando bem abaixo da média nacional, que foi de R$ 965.

Com a implantação do piso regional, Quintino Severo acredita que R$ 2,7 milhões de trabalhadores mineiros serão beneficiados diretamente. A economia do Estado também deve sofre um incremento de R$ 2,6 bilhões, segundo afirmou o representante da CUT. Na opinião dele, o setor público também sairia ganhando com um retorno de R$ 1,4 bilhões em impostos. "O retorno não é só para os trabalhadores", afirmou. "Nesse momento que o mercado interno precisa se fortalecer, o piso aumenta o poder de compra, alimentando o círculo virtuoso da economia", concluiu.

Para Dieese, salário é instrumento de desenvolvimento

Na mesma linha, o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, afirmou que salário é um instrumento de desenvolvimento. Para ele, a política de valorização salarial, da qual o piso regional é um dos instrumentos, deve vir acompanhada de outras ações que permitam a mobilidade social, sobretudo para os trabalhadores mais pobres. "Teremos nos próximos dez anos a oportunidade única de transformação social, com a possibilidade de elevação do nível de renda média a índices compatíveis com os dos países desenvolvidos. A tarefa do setor sindical é de trabalhar para que essa renda seja bem distribuída", afirmou.

O diretor do Dieese também alertou o setor sindical para a necessidade de acompanhar a eficácia da lei. "Ter uma lei para o piso regional é muito importante, mas isso não garante que ele será aplicado para as categorias sem organização sindical", argumentou. Como exemplo, ele mencionou o piso nacional para os professores, que ainda não foi acatado por todos os Estados.

A advogada e secretária de Trabalho, Cidadania e Assistência Social do Estado do Rio Grande do Sul de 1999 a 2002, Neusa de Azevedo, contou que o Estado implantou o piso regional no ano seguinte da Lei Complementar Federal 103, de 2000, que permitiu que os Estados criassem os pisos. Na época, segundo ela, o Estado sofria com um alto nível de desemprego, desvalorização do salário mínimo, pobreza e exploração dos trabalhadores, sobretudo jovens. "Ao discutir o piso regional, acabamos por alavancar outras discussões da pauta trabalhista", disse.

Segundo ela, as experiências dos estados que implantaram o piso desconstroem os argumentos de que essa política acarreta desemprego, informalidade, inflação e desorganização sindical. "O piso como política pública de Estado é uma conquista importante para a luta do trabalhador, que passa a não ficar à mercê de administrações que mudam a cada quatro anos", avaliou.

O representante da Coordenadoria de Políticas de Emprego e Renda da Secretaria de Emprego e Relações do Estado de São Paulo, César Henrique Concone, defendeu que a possibilidade dos estados elegerem seus pisos é uma forma de adequar melhor o salário à economia local. Em sua apresentação, ele destacou algumas peculiaridades do cenário paulista, que concentra aproximadamente 23% da população economicamente ativa brasileira e 31% das admissões realizadas no País.

Concone mencionou ainda que o número de trabalhadores da faixa 1 (menos favorecidos) que recebe o piso salarial no Estado aumentou de 46,4% em 2007, quando a medida começou a valer, para 52,5% em 2009. Ele citou também que uma pesquisa realizada no ano seguinte à implementação do piso estadual revelou que não houve perda no poder aquisitivo dos trabalhadores. "Em São Paulo, as discussões seguem no sentido de definir se será mantida apenas a recomposição salarial ou se haverá algum acréscimo, levando em consideração o PIB", afirmou.

 

 

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