Falta de água para abastecimento público é problema de Itabira

Elogios aos serviços próprios de esgoto de um lado; e críticas à falta de água para abastecimento público de outro ma...

26/08/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Falta de água para abastecimento público é problema de Itabira

Elogios aos serviços próprios de esgoto de um lado; e críticas à falta de água para abastecimento público de outro marcaram a reunião realizada na manhã desta sexta-feira (26/811), na Câmara Municipal de Itabira (Região Central), para discutir a recuperação e proteção da Bacia do Rio Doce. Se o saneamento básico é um dos maiores desafios da agenda ambiental de grande parte dos municípios que integram a bacia, em Itabira ocorre o contrário, segundo depoimento de autoridades locais durante a audiência, realizada pela Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável da Bacia do Rio Doce (Cipe Rio Doce),

O secretário municipal do Meio Ambiente, Arnaldo Edgar Lage, destacou que mais de 70% do esgoto urbano é tratado e que o aterro sanitário da cidade está bem controlado, aguardando licença de operação, estando em andamento o processo de saneamento do esgoto na área rural. "O problema sério é com a água potável para abastecimento público. Toda a água disponível é tratada e consumida", frisou Arnaldo.

O presidente da Câmara Municipal de Itabira, vereador Sebastião Pereira Leite, acrescentou que várias indústrias estavam interessadas em se instalar na cidade, mas teriam ido para outros municípios por falta de água em Itabira, onde foi ressaltado que a atividade minerária é responsável por grande parte do consumo. Também o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba, Iusifith Shafith Felipe, disse que a realidade de Itabira é diferente das demais cidades da região que sofrem com problemas de esgoto, uma vez que a água é o grande gargalo da cidade.

Ele reivindicou que o Comitê do Piracicaba, que integra a bacia, seja contemplado com mais recursos no Orçamento do Estado para o ano que vem e pediu também maior empenho de todos os órgãos envolvidos. "Esperamos que essa discussão seja positiva e não para chorar pelos erros que historicamente todos nós cometemos. Queremos mais de todos", afirmou .

Cumprimento de condicionante ambiental por mineradora gera debate

Na fase dos debates, Rodrigo Camilo, servidor da seção de recursos hídricos da Secretaria de Meio Ambiente de Itabira, disse que até hoje a comunidade não foi informada sobre providências tomadas quanto à assembléia realizada há um ano na cidade para avaliar o cumprimento de condicionantes ambientais por parte da Vale. Entre elas, a condicionante 12, relacionada ao abastecimento alternativo de água.

Segundo Rodrigo, depois disso a empresa já teria obtido um novo licenciamento sem que a comunidade soubesse se houve ou não o cumprimento da condicionante em questão. "Enquanto isso, empresas já instaladas na cidade não podem se expandir por falta de água. E este ano vários bairros passaram vários dias sem água", criticou.

A fala de Rodrigo foi direcionada à representante da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Maria Helena Murta, que disse que responderá oficialmente ao questionamento por e-mail após uma consulta que fará aos dados. Segundo ela, isto se faria necessário diante do grande número de condicionantes e de processos envolvendo as atividades da Vale em Itabira. "Mas uma informação geral é de que a Vale cumpriu a condicionante citada, por meio de convênios com a prefeitura", disse. A deputada Rosângela Reis pediu que fosse dada publicidade à resposta.

Cipe divulga agenda e destaca responsabilidade de Minas

A audiência de Itabira foi a terceira de uma série destinada a orientar os gestores sobre as ações que devem ser desenvolvidas no âmbito municipal para recuperação e proteção da bacia. A Cipe Rio Doce reúne deputados das Assembleias Legislativas de Minas Gerais e do Espírito Santo.

A presidente da comissão, deputada Rosângela Reis (PV), anunciou que as próximas audiências serão realizadas em 20 de setembro, em Governador Valadares; em 7 de outubro, em Aimorés; e em 18 de outubro será realizada a audiência em Caratinga, que anteriormente estava prevista para 6 de setembro. A Cipe já fez audiências recentemente em Ipatinga e João Monlevade.

A deputada disse que, embora criada em 1999, a comissão ganhou importância com a aprovação, em 2009, do Plano Integrado de Recursos Hídricos (PIRH) da bacia, que motivou a série atual de audiências. O plano define ações que buscam a exploração sustentável de potencialidades da bacia, e o diagnóstico do PIRH aponta que apenas dez municípios mineiros da bacia têm algum tipo de tratamento de esgoto.

"Minas tem a maior responsabilidade", convocou Rosângela Reis, frisando que a Bacia do Rio Doce é das maiores do País e abrange 228 municípios, dos quais apenas 26 são capixabas e 202 mineiros. Com o plano, os municípios precisam elaborar projetos de qualidade para obtenção de recursos públicos, seja na Funasa, na Secretaria de Meio Ambiente, no Ministério das Cidades ou no Ministério da Integração Nacional.

Regionalização - "A regionalização da Cipe é importante para identificação de problemas locais, como a carência de água por exploração mineral em Itabira aqui colocada", avaliou por sua vez o coordenador da comissão, deputado Carlos Henrique (PRB). Ele ressaltou por diversas vezes a necessidade de envolver nesses debates todos os atores envolvidos, com maior participação das autoridades municipais da região e também da sociedade em geral, incluindo também alunos nos debates.

. Carlos Henrique lembrou que o trabalho da Cipe é extenso e amplo, devendo culminar na elaboração e publicação de uma cartilha mostrando, entre outros aspectos, como os prefeitos podem adquirir os financiamentos públicos para fazer o tratamento e o saneamento de esgoto, que é a maior dificuldade da maioria, e como manter a recuperação da bacia em seus municípios.

Para Semad, comissão é exemplo de ação cidadã da ALMG

Superintendente da Regional de Regularização Ambiental-Leste Mineiro da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Maria Helena Murta defendeu como "ação cidadã e incomum" o trabalho da Assembleia Legislativa de Minas Gerais na Cipe Rio Doce. Ela chamou atenção para a situação crítica da água. "Mais de 2 bilhões de pessoas no mundo não têm acesso à água, que não é um bem, e sim um elemento essencial à vida", destacou.

Também apontando a necessidade de mais pessoas participarem das audiências, ela convocou estudantes a se engajarem nos debates. "A sociedade não pensa em si, pensa no bolso. Mas o cenário mudou, porque pensar no bolso hoje é pensar no meio ambiente", alertou quanto à necessidade de as empresas cumprirem uma agenda ambiental para garantir o licenciamento de seus empreendimentos. "A água, e não o minério, é o recurso mais importante de Itabira", defendeu.

Já o analista ambiental do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Rodrigo Ribeiro Pignaton, defendeu o envolvimento de todas as áreas do conhecimento e a gestão integrada do território e dos recursos. "O saneamento é ferramenta importante, mas é importante ter o olhar territorial e se preocupar também com a quantidade da água, além da qualidade, preservando as nascentes", afirmou.

Educação ambiental - Em sua exposição, o coordenador técnico regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), Marcondes Coelho de Carvalho, abordou as iniciativas da empresa quanto à preservação de bacias e defendeu a inclusão da educação ambiental na grade curricular das escolas. Ele lembrou que, além da água, compõem uma bacia o solo, a flora, a fauna, o clima e o ser humano. E destacou que há uma série de ações humanas que influem na condição de uma bacia, como agropecuária, queimadas, desmatamentos, centros urbanos e barramentos de cursos d'água.

"A bacia degradada tem crescimento urbano desordenado, ausência de saneamento básico, uso indiscriminado de agrotóxicos, assoreamento dos rios, enchentes freqüentes e erosão do solo", enumerou ele, destacando ações de recuperação realizadas pela empresa, entre elas a mobilização social e educação ambiental, dignóstico participativo para levantar problemas e desejos da comunidade e propor projetos de recuperação, capacitação ambiental para extensionistas e campanhas educativas.

Exemplo - O chefe do Departamento Operacional Leste da Copasa, Franklin Otávio Coelho de Mendonça, defendeu como importante para a preservação e recuperação das bacias o uso adequado da estrutura de esgotamento sanitário por todas as parcelas da população. Ele apresentou levantamento de resíduos sólidos presentes na rede de esgoto de Ipatinga - a Copasa não opera em Itabira - e revelou que o trabalho feito para a educação da população local fez cair em mais da metade a ocorrência de entupimentos da rede por resíduos como areia, cabelo, gordura, plásticos, panos e preservativos. Antes da iniciativa, a média mensal era de 750 entupimentos. Entre 2007 e 2011, esse número passou para 350.

O representante da Copasa alertou para a necessidade de os municípios elaborarem projetos de qualidade para a captação de recursos e consequente geração de benefícios à população. Ele lembrou que o processo de negociação de concessões de serviços envolve contratos de 30 anos. "É um processo extenso e que exige cuidado especial para refletir a necessidade do município e da população".

Presenças - Deputada Rosângela Reis (PV) e deputado Carlos Henrique (PRB), respectivamente presidente e coordenador da Cipe Rio Doce. Além dos já citados, compôs a mesa também a agente governamental da Coordenadoria Regional da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, Maria da Penha Carvalho.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715