Entidades apresentam sugestões para Código do Consumidor

Fortalecimento de Procons, alterações no limite de endividamento e criação de varas específicas para as relações de c...

25/08/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Entidades apresentam sugestões para Código do Consumidor

Fortalecimento de Procons, alterações no limite de endividamento e criação de varas específicas para as relações de consumo. Essas foram algumas das sugestões apresentadas à comissão de juristas do Senado Federal, que participou de audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A reunião ocorreu na noite desta quinta-feira (25/8/11) e foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Délio Malheiros (PV), para discutir as propostas de atualização do Código de Defesa do Consumidor (CDC) elaboradas pelos juristas.

A audiência contou com a participação de entidades que defendem os direitos dos consumidores e de três integrantes da comissão de juristas do Senado: a relatora-geral, Cláudia Lima Marques; o promotor de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Leonardo Bessa; e o diretor executivo da Fundação Procon do Estado de São Paulo, Roberto Augusto Pfeiffer.

A relatora-geral da comissão, Cláudia Lima Marques, explicou que as propostas da comissão de juristas buscam avançar na proteção do consumidor em dois temas: comércio eletrônico e a concessão de crédito aos consumidores. Segundo Cláudia, esses temas aparecem no Código, mas abordados brevemente, já que na época de elaboração do CDC (Lei 8.078), em 1990, os assuntos não eram tão importantes para as relações de consumo. A relatora lembrou que, atualmente, 51% do crédito são concedidos a pessoas físicas e que houve aumento de 40% no comércio eletrônico em 2010.

O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais, Bruno Burgarelli, apresentou sugestões da instituição, como a criação de varas de direitos coletivos e difusos para eficácia da aplicação da norma e a modificação no limite de endividamento dos consumidores. Segundo Burgarelli, muitas famílias contraem empréstimos e não conseguem pagá-los devido à alta taxa de juros e deixam de atender necessidades básicas por falta de dinheiro. Para a OAB, o limite de desconto na folha de pagamento deveria ser diminuído de 30% para 20%, principalmente levando-se em consideração famílias de baixa renda. O limite é estabelecido pela Lei 10.820, de 2003, que dispõe sobre autorização para desconto de prestações em folha de pagamento.

Participantes querem mais colaboração de fornecedores e fiscalização

O promotor de Justiça de Minas Gerais, Plínio Lacerda, defendeu o fortalecimento dos Procons, pois, muitas vezes eles promovem audiências de conciliação, mas as empresas não comparecem, o que frustraria os consumidores.

A vereadora da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB), considerou que alguns pontos do anteprojeto contam com aberturas que podem dar margem ao não-cumprimento da norma, como frases com o verbo "poderão" ou "por um longo tempo". Para ela, esses trechos devem ser mais bem definidos. Ela também criticou publicidades consideradas enganosas, como a de construtoras que prometem a entrega dos imóveis em determinado prazo e não o cumprem, e pediu que a legislação inclua mais fiscalização.

O coordenador do Procon Assembleia, Marcelo Barbosa, quis saber porque a comissão do Senado decidiu que as mudanças incidirão no Código de Defesa do Consumidor. Ele considerou que as sugestões deveriam ser transformadas em nova lei. A relatora-geral da comissão, Cláudia Lima Marques, explicou que serão elaborados três projetos relacionados às comissões da Câmara e do Senado Federal e que vão incidir no Código para que ele não corra o risco de ficar em segundo plano, o que poderia ocorrer se fossem criadas leis específicas.

O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da ALMG, deputado Délio Malheiros, informou que as notas taquigráficas e a gravação da audiência e as sugestões recebidas serão enviadas à comissão de juristas.

A comissão - A comissão de juristas instituída pelo Senado Federal é presidida pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça, Antônio Herman Benjamin. Além dos que participaram da audiência, integram o grupo a professora de Direito Processual da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Ada Pellegrini Grinover, e o professor da Universidade de São Paulo, Kazuo Watanabe.

A comissão de juristas vai receber e analisar as propostas de modernização do CDC elaboradas por segmentos sociais como prestadores de serviços, órgãos de defesa do consumidor, juízes, defensores públicos e os próprios consumidores. Para isso, estão sendo realizadas audiências públicas em todo o Brasil. Os interessados também podem participar pelo site www.senado.gov.br, no banner "Atualização do Código de Defesa do Consumidor". A comissão deve entregar as propostas ao Senado até o dia 14 de outubro.

Presenças - Deputado Délio Malheiros (PV), presidente. Também participaram da audiência a presidente da Associação Procon Brasil, Gisela Simona; o coordenador do Procon Estadual de Minas Gerais, Jacson Campomizzi; o presidente do Instituto Brasileiro de Política e Direito do Consumidor (Brasilcon), Hector Valverde Santana; o representante do Instituto dos Advogados de Minas Gerais, Aristóteles Atheniense; e o representante do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), Amauri Oliva.

 

 

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