Empresários acusam Justiça e polícia do PR de participar de esquema

Os empresários mineiros do setor ótico Francisco Sales Dias Horta e Adriana Dias Horta, pai e filha, acusaram integra...

19/08/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Empresários acusam Justiça e polícia do PR de participar de esquema

Os empresários mineiros do setor ótico Francisco Sales Dias Horta e Adriana Dias Horta, pai e filha, acusaram integrantes do Poder Judiciário e da Polícia Civil do Paraná de participar de um esquema destinado a prejudicar a família. O motivo seria a disputa judicial entre Adriana e o ex-marido Demóstenes Albernaz, que vive no Paraná, pela guarda dos filhos, de 12 e 6 anos de idade. Francisco Horta e a filha fizeram a denúncia em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos, realizada nesta sexta-feira (19/8/11), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a requerimento do deputado Durval Ângelo (PT).

A briga pela guarda das crianças começou em 2006. Dois anos depois, Adriana acusou o ex-marido de abusar sexualmente dos filhos, dois meninos, com base em evidências apontadas por uma pedagoga e uma psicóloga que atenderam as crianças, na época com 9 e 3 anos de idade. Apesar da denúncia, Albernaz mantém a guarda dos filhos. Nesse intervalo, a mãe chegou a ser presa no Rio de Janeiro com os meninos, ao tentar mantê-los afastados do pai. A ação foi executada por policiais civis do Paraná, por determinação judicial. Segundo Adriana, o ex-marido é amigo íntimo do deputado estadual paranaense Cleiton Kielse (PMDB), que teria influência na Polícia Civil e no Tribunal de Justiça daquele estado.

Em março de 2011, Adriana voltou a ser presa, em Belo Horizonte, juntamente com outros membros da família, todos acusados de uma série de crimes, como contrabando, sonegação fiscal, formação de quadrilha e roubo de carga. Novamente, a ação foi executada pela Polícia Civil do Paraná, a pedido da Justiça paranaense. No depoimento à Comissão de Direitos Humanos, Adriana e Francisco Horta disseram que as acusações são falsas. De acordo com eles, a operação policial foi uma represália de Demóstenes Albernaz contra a família Horta. Ele teria se valido da proximidade com Kielse para fazer frente à acusação de pedofilia e à tentativa da ex-mulher de retirar dele a guarda dos dois filhos.

Também prestaram depoimento a administradora Júnia Maria Abreu Dias, irmã de Adriana, a ex-babá das crianças Iolanda José de Sousa e a advogada Melissa Albuquerque, que teve Albernaz como cliente, mas depois afastou-se do caso. Ela apontou evidências de que o ex-cliente teria subornado desembargadores da 12ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, a fim de obter sentenças favoráveis a ele.

Nos depoimentos desta sexta-feira, além de Albernaz e Kielse, foram apontados como participantes do esquema os desembargadores paranaenses Clayton Camargo e Rafael Cassetari, a juíza da 2ª Vara da Infância e da Juventude daquele estado, Maria Lúcia Espíndola, e os policiais civis Marcelo Cesário e Sebastião Afonso.

Representações - O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Durval Ângelo, disse que, devido à gravidade do caso, encaminhou representações contra os magistrados citados ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e à Corregedoria do Tribunal de Justiça do Paraná. Também pediu a intervenção do vice-governador paranaense, Flávio Arns, sobretudo por sua ligação com uma histórica defensora da causa das crianças e adolescentes, a médica Zilda Arns, sua tia, falecida no ano passado.

Segundo Durval, a principal preocupação da comissão é com a integridade física e psicológica dos dois meninos. "Está evidente a lesão de direitos das crianças", afirmou. O deputado disse, ainda, que o Estatuto da Criança e do Adolescente está sendo violado por magistrados do Paraná e que vê indícios, na atuação deles, de tráfico de influência, advocacia administrativa e uso da polícia para interesses menores.

O deputado Jayro Lessa (DEM), que intermediou o contato entre os denunciantes e a Comissão de Direitos Humanos, também se disse estarrecido com a situação. "O que eu ouvi espanta qualquer pai, qualquer ser humano", declarou.

Requerimentos - A Comissão de Direitos Humanos aprovou, na reunião desta sexta-feira, três requerimentos de Durval Ângelo no sentido de que sejam encaminhadas as notas taquigráficas da audiência pública ao corregedor do Tribunal de Justiça do Paraná, Valdemir Rocha, à Corregedoria da Polícia Civil do Paraná, ao vice-governador paranaense, Flávio Arns, ao CNJ, à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, à Corregedoria do Superior Tribunal de Justiça, à Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG e aos Centros de Apoio Operacional de Direitos Constitucionais e da Criança e do Adolescente do Ministério Público do Paraná. Nos requerimentos, são pedidas, ainda, providências contra magistrados e policiais citados no caso.

Também foram aprovados os seguintes requerimentos:

* dos deputados Durval Ângelo e Celinho do Sinttrocel (PCdoB), que solicitam a concessão ao senador Paulo Paim (PT-RS) da Ordem do Mérito Legislativo do Estado, no grau Mérito Especial, em função de sua atuação na defesa dos direitos de trabalhadores e aposentados;

* do deputado Durval Ângelo, que pede o encaminhamento aos deputados federais e senadores mineiros das notas taquigráficas da 1ª Reunião Especial das Comissões de Direitos Humanos, de Trabalho, Previdência e Ação Social e de Transporte, Comunicação e Obras Públicas, além de pedidos de providências para que apoiem o Projeto de Lei do Senado 271/08, que institui o Estatuto do Motorista Profissional, e se empenhem na derrubada do veto presidencial ao dispositivo de projeto que prevê aumento para os aposentados igual ao do salário mínimo;

* do deputado Durval Ângelo, que pede debate público sobre o tema "Sala Escura da Tortura" para discutir as violações de direitos humanos no regime militar instaurado em 1964.

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Paulo Lamac (PT), vice-presidente; e Jayro Lessa (DEM).

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715