Paracatu cobra redução de tarifa de esgoto e 100% de cobertura

Rebaixamento da tarifa de esgoto, que estaria sendo cobrada pela Copasa sem a devida prestação do serviço, e definiçã...

19/08/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Paracatu cobra redução de tarifa de esgoto e 100% de cobertura

Rebaixamento da tarifa de esgoto, que estaria sendo cobrada pela Copasa sem a devida prestação do serviço, e definição de meta para alcançar 100% de esgotamento sanitário em Paracatu. Essas foram as duas principais reivindicações feitas por deputados e moradores durante audiência pública realizada na tarde desta sexta-feira (19/8/11) na Câmara Municipal da cidade, onde representante da Copasa admitiu que o serviço de coleta e tratamento de esgoto em Paracatu atende 89% da demanda, mesmo tendo capacidade instalada para chegar a 95%.

Apesar desses índices, o presidente da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Almir Paraca (PT), autor do requerimento, disse que a empresa estaria cobrando, a título de serviço de esgoto, o máximo permitido pela legislação para uma cobertura de 100%.

Segundo Almir Paraca, a Arsae, agência reguladora dos serviços de água e esgoto recentemente criada no Estado, autorizou a Copasa a cobrar a tarifa máxima de esgoto em Paracatu, o que corresponde a 75% do valor da tarifa cobrada pela água. "Mas para isso ser autorizado em um município é preciso que ele tenha 100% de captação e tratamento de esgoto, o que não é realidade em Paracatu", criticou o parlamentar.

O presidente da comissão enumerou avanços nos serviços prestados na cidade, como a construção de estação de tratamento de esgoto, mas cobrou o rebaixamento da conta de forma a ajustar o valor aos índices efetivos de cobertura do serviço. E lembrou que a Arsae foi criada justamente para não deixar que a própria empresa estabeleça a sua tarifa, tendo como funções normatizar, fiscalizar e intervir para corrigir distorções.

Deputados querem critérios mais transparentes para as tarifas

O deputado Almir Paraca apontou a necessidade de se firmar um acordo de metas para que seja alcançada a meta de 100% de coleta e tratamento de esgoto em Paracatu. Segundo ele, problemas como os da cidade têm chegado em grande número à comissão, a exemplo do município de Vazante, onde a comissão realizou recentemente audiência sobre o mesmo assunto

Também questionando a atuação da Arsae, o deputado Elismar Prado (PT) apontou como fato grave a falta de conhecimento dos critérios adotados pela agência para a definição do valor da tarifa. Ele considerou um avanço a criação da agência, mas questionou a independência e a autonomia da Arsae para atuar. "Antes era pior, pois o próprio governo definia a tarifa, mas é preciso mais transparência nesses processos".

Elismar Prado defendeu ainda que a alta lucratividade de concessionárias como a Copasa seja repassada aos consumidores por meio de serviços de maior qualidade e tarifas mais baratas. Para o deputado, a questão debatida é séria por envolver um serviço essencial que deve ser pautado na modicidade tarifária, para que todos tenham condições de pagar a conta. "A população mais carente é a mais sacrificada pela tarifa, sem falar na elevada carga tributária cobrada do trabalhador", afirmou.

Copasa diz que meta de 100% para esgoto depende de retomada de obras

Conforme os dados apresentados pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e também pela Copasa, a rede de abastecimento de água em Paracatu cobre praticamente 100% do município, índice que é de 89% para a coleta e tratamento de esgoto, embora a rede coletora cubra 95% da demanda.

A razão dessa diferença seria o fato de que nem todas as residências estão ligadas à rede, conforme admitiu o chefe do Departamento Operacional Oeste da Copasa, João Batista da Silveira. É que cabe ao morador solicitar por conta própria a ligação de sua casa à rede de esgoto instalada pela Copasa, o que nem sempre é feito, disse ele.

Sobre o plano de metas reivindicado pela comissão, o representante da empresa disse que o alcance de 100% de rede de esgoto instalada depende da retomada de obras iniciadas em 2010, mas que estão paralisadas em função da legalização de áreas efetadas. "A questão está na Justiça há um ano", disse ele.

Contrato - Sobre críticas feitas à renovação da concessão com a Copasa na cidade, João Batista explicou que pela lei federal de saneamento em vigor, deve ser firmado um contrato de programa entre o município e o governo do Estado, antes denominado contrato de concessão. No caso de Minas, lembrou, a Copasa entra como o braço executor do programa.

"Em Paracatu houve oportunidade de manifestação da população sobre o programa e foi realizada audiência pública. Nada impede que hoje sejam tiradas dúvidas", disse ele sobre o processo de renovação, questionado pelo secretário da Mesa da Câmara Municipal, vereador Rosival Araújo.

Na avaliação do vereador, a renovação do contrato, feita por 30 anos em 2009, deveria ter sido mais discutida com a sociedade. Ele questionou ainda porque a Copasa já não poderia deixar prontos nas residências os pontos para ligação à rede de esgoto. "Geraria menos dificuldades", defendeu.

Em resposta, o representante da Copasa disse ser "possível evoluir", mas que o regulamento da empresa não permite isso para evitar usos clandestinos. Quanto ao percentual máximo que é aplicado sobre a conta de água a título de esgoto em Paracatu, ele argumentou que, por outro lado, a tarifa de água foi reduzida pela Arsae.

Meio ambiente aponta esgoto clandestino como maior problema na cidade

A secretária municipal de Meio Ambiente, Cláudia Torres, disse que Paracatu está entre as cidades brasileiras que mais têm cobertura de saneamento. "Está comprovado que para cada um real investido em saneamento economiza-se três reais em saúde", frisou.

O problema maior no município, segundo ela, seria o despejo clandestino de esgoto que ainda ocorre na rede fluvial. Para coibir esse despejo, ela disse estar em andamento uma ação conjunta da Copasa, do município e do Ministério Público, com identificação e notificação dos moradores responsáveis. O objetivo é exigir que esses moradores solicitem à Copasa a ligação da residência à rede coletora já instalada.

Por outro lado, a secretária reivindicou, da Copasa, que seja feita uma revisão em galerias de sua rede e firmado um termo de cooperação visando a proteção do manancial do ribeirão Santa Isabel, que abastece a cidade. "Pedimos também mais atenção para com nossas solicitações feitas à Copasa", cobrou.

Reclamações - Na fase dos debates, moradores da cidade criticaram o atendimento prestado pela Copasa aos consumidores que reclamam de serviços ou solicitam revisão de tarifas ou ressarcimento de contas que estariam sendo cobradas indevidamente. Lideranças comunitárias reclamaram ainda da instalação da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) de Paracatu por ter sido feita, segundo eles, sem preocupação com a qualidade de vida dos moradores do entorno, submetidos a problemas como mau cheiro.

Foi reivindicada, ainda, a canalização de grota de esgoto a céu aberto no bairro JK, com prejuízos também para moradores dos bairros JK, Nossa Senhora de Fátima e Novo Horizonte. Diversos consumidores também disseram estar em débito com a Copasa por falta de condições de arcar com os valores das tarifas.

Na próxima reunião devem ser votados requerimentos sobre o assunto, entre eles o de visita da comissão à diretoria da Copasa para tratar do acúmulo de reclamações e de audiências solicitadas por municípios sobre problemas semelhantes aos relatados em Paracatu.

Presenças - Deputados Almir Paraca (PT), presidente; e Elismar Prado (PT). Além dos convidados citados na matéria, também participou da audiência a técnica em biologia da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Beatriz de Paula.

 

 

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