Aperfeiçoamento da agricultura familiar é defendido em audiência

O aprimoramento de políticas públicas voltadas para a estruturação da agricultura familiar, com a organização da prod...

18/08/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Aperfeiçoamento da agricultura familiar é defendido em audiência

O aprimoramento de políticas públicas voltadas para a estruturação da agricultura familiar, com a organização da produção, a garantia de mercado e o oferecimento de assistência técnica, foi destacado por agricultores, representantes de órgãos e instituições públicos como o desafio a ser enfrentando pelos governos federal e estadual. Eles participaram de audiência pública da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (18/8/11), em que foi discutido o lançamento do Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012. A audiência foi solicitada pelo deputado Rogério Correia (PT).

Os representantes destacaram o aumento da oferta de crédito para os pequenos produtores, por meio do Plano Safra 2011/12, mas falaram sobre outros aspectos em que as políticas públicas devem avançar. Inicialmente prevista para acontecer no Teatro, a reunião foi transferida para o Plenário da ALMG devido ao grande número de produtores rurais.

Lançado em julho deste ano, o Plano Safra é um conjunto de iniciativas do Governo Federal para promoção e desenvolvimento da agricultura familiar no País. Ele prevê a destinação de R$ 16 bilhões para o financiamento de operações de custeio e investimento da agricultura familiar.

Entre as novidades do Plano Safra 2011/2012, estão a redução de 4% para 2% ao ano da taxa de juros cobrada nas operações de investimento acima de R$ 10 mil; e a ampliação do limite de crédito de R$ 2 mil para até R$ 2,5 mil por operação. Além disso, há redução de 2% para 1% ao ano da taxa de juros de financiamentos de até R$ 10 mil para o Pronaf Mais Alimentos, que destina recursos para investimentos em infraestrutura da propriedade rural, possibilitando o aumento da produtividade da agricultura familiar.

Governo Federal tem buscado estruturar a agricultura familiar

Segundo o secretário de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Laudemir André Müller, o Governo Federal acredita que a agricultura familiar é um dos pilares para o crescimento do Brasil. "Estimular a agricultura familiar tem importância social e ambiental, mas também econômica", considerou.

Laudemir citou a destinação de recursos específicos para a assistência técnica e para a qualificação do agricultor rural, a ampliação dos programas de seguro agrícola e a garantia de mercado para os pequenos produtores, com a obrigação de que 30% da merenda escolar seja comprada da agricultura familiar.

Já o secretário de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Jerônimo Rodrigues Souza, informou que, a cada 10 quilos de alimentos produzidos atualmente no Brasil, sete quilos são gerados pela agricultura familiar. Ele afirmou que a preocupação do governo não é apenas com a disponibilização do crédito, mas com a gestão dos projetos voltados para a agricultura familiar. Ele defendeu a aproximação com os governos estaduais e municipais e com as comunidades para uma melhor efetivação dos programas e projetos.

O secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Elmiro Nascimento, salientou a importância da agricultura familiar e o seu peso na economia mineira. Segundo ele, 40% dos alimentos gerados no campo são originadas da agricultura familiar e 65% dos trabalhadores no campo atuam na agricultura familiar. O Estado conta com mais de 400 mil propriedades rurais. De acordo com Elmiro, o Governo do Estado reconhece a importância da agricultura familiar e tem atuado para aprimorar as políticas públicas do setor.

O subsecretário de Estado de Agricultura Familiar da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Edmar Gadelha, destacou que Minas Gerais é o segundo Estado que mais utiliza os recursos destinados pelo Plano Safra.

Para Edmar, é preciso avançar na comercialização dos produtos, no combate à inadimplência, no fortalecimento da assistência técnica aos produtores rurais, no fortalecimento da Emater e do Instituto Mineiro de Agropecuária, entre outros.

Queijo minas - O subsecretário também falou da necessidade de apoiar produtores de queijo minas em relação à inspeção técnica para garantir a qualidade dos produtos. "Nós temos 30 mil agricultores familiares que produzem queijo minas e que estão com dificuldades em relação à certificação", afirmou.

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), Vilson Luiz da Silva, também afirmou que, além da preocupação com o fornecimento do crédito, é preciso dar estrutura aos pequenos agricultores. "Temos que pensar agora na organização da produção, na conquista do mercado, entre outros", destacou. Vilson lembrou a importância do apoio ao agricultor familiar, já que ele contribui para a permanência do homem no campo.

Emater - O vice-presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas (Emater), Marcelo Lana Franco, destacou que o órgão está presente no campo, mas ainda faltam equipes. "Precisamos sempre pensar na realização de concurso e na qualificação do corpo técnico para melhorar o apoio prestado ao agricultor familiar". Ele registrou ainda a importância da parceria do Governo do Estado com os órgãos federais. Segundo ele, em Minas Gerais a parceria tem funcionado, o que vem garantindo agilidade na prestação do serviço. O aumento do número de funcionários da Emater também foi defendido pelo deputado federal Zé Silva (PDT-MG).

Baixa inadimplência - O gerente de Negócios do Banco do Brasil, Carlos Geovane Rodrigues Queiroz, afirmou que expectativa do Plano Safra deste ano é aumentar o número de recursos liberados. "Todas as nossas agências já estão acolhendo e liberando propostas". Para ele, a agricultura vive no Brasil um momento muito positivo e o Pronaf ocupa papel de destaque ao garantir a sustentabilidade do agricultor familiar. Ele ainda disse que Minas Gerais é um dos Estados com menor índice de inadimplência. Já o representante do Banco do Nordeste, José Mendes Batista, afirmou que o desafio é dobrar o atendimento, para conseguir alcançar todos os produtores rurais.

Deputados salientam aumento do crédito agrícola

Vários deputados presentes na reunião destacaram que houve um aumento do crédito agrícola, mas ainda é preciso avançar para que esse crédito seja efetivamente utilizado pelos trabalhadores rurais. O presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial, deputado Antônio Carlos Arantes (PSC), afirmou que é preciso que os agricultores rurais aproveitem mais os recursos. "A verdade é que hoje temos um crédito farto e precisamos apreender a tirar o máximo proveito da terra, respeitando o meio ambiente e os direitos trabalhistas".

Antônio Carlos Arantes citou o Programa ABC - Agricultura de Baixo Carbono. "É importante que os agricultores aproveitem o programa para recuperar e trabalhar nas áreas degradadas. Vamos aplicar o programa para gerar mais alimento sem degradar o meio ambiente", considerou.

Segundo o deputado Rogério Correia (PT), o Governo Federal tem ampliado o volume de crédito para as linhas de custeio, investimento e comercialização do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Entretanto, ele ponderou que ainda há avanços a serem feitos. Rogério Correia considerou que o aumento do crédito pode gerar outros tipos de demandas por parte dos produtores agrícolas e ainda há programas e políticas públicas que devem ser ampliados.

Ele também reforçou a importância da parceira entre os governos federal e estadual para o avanço na destinação dos recursos e na efetivação dos programas em Minas Gerais.

O vice-presidente da comissão, deputado Fabiano Tolentino (PRTB), considerou que é preciso avançar em outros aspectos, como a segurança e o ensino nas comunidades rurais. "Precisamos garantir segurança nas comunidades rurais. Em relação a educação, é preciso ter conteúdos disciplinares que tratem da agricultura familiar", disse.

O deputado Romel Anízio (PP) disse que a agricultura familiar não pode mais ser considerada como de subsistência, pois desempenha papel fundamental na economia, gerando alimentos e emprego para a população.

Combate à miséria - O presidente do Instituto Nacional de Colinização e Reforma Agrária (Incra), Celso Lisboa de Lacerda, lembrou que existem 16 milhões de brasileiros em situação de miséria. Para ele, a reforma agrária ainda é a melhor solução para resolver o problema da miséria no campo.

O deputado federal Padre João (PT-MG) e o representante da direção do Movimento dos Sem-Terra (MST) em Minas Gerais, Sílvio Netto, também defenderam a realização da reforma agrária. Para Sílvio Netto, não basta apenas oferecer crédito, mas é preciso acabar com a concentração de terras no Brasil. "Temos que avançar nessa questão e acabar com a desigualdade no campo brasileiro", considerou.

Presenças - Deputados Antônio Carlos Arantes (PSC), presidente; Fabiano Tolentino (PRTB), vice; Romel Anízio (PP), Rogério Correia (PT), Adelmo Carneiro Leão (PT), Duarte Bechir (PMN), e Bonifácio Mourão (PSDB); e deputada Liza Prado (PSB).

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715