Regap deve voltar com capacidade total em setembro, afirma gerente

A manutenção na Refinaria Gabriel Passos (Regap), apontada como uma das causas do desabastecimento e aumento dos preç...

18/08/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Regap deve voltar com capacidade total em setembro, afirma gerente

A manutenção na Refinaria Gabriel Passos (Regap), apontada como uma das causas do desabastecimento e aumento dos preços de combustível em Minas, deve ser finalizada no início de setembro. O anúncio foi feito pelo gerente de Empreendimento da refinaria, Vítor Márcio de Marco Meniconi, que negou a possibilidade de prorrogação dos procedimentos de vistorias e reparos. Ele participou de audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quinta-feira (18/8/11).

A reunião foi solicitada pelo presidente da comissão, deputado Délio Malheiros (PV), preocupado com a queda no abastecimento e com o aumento dos preços da gasolina. Ele comentou que a última pesquisa do Procon Assembleia feita nos postos de gasolina de Belo Horizonte revelou um aumento de 2% no preço do litro de gasolina e redução de 1% no preço do etanol, nos últimos 15 dias.

O parlamentar também afirmou que o problema é ainda mais grave nas regiões que ficam distantes dos pontos de distribuição. Ele esclareceu que, por força de contrato, o aumento dos custos com o frete em razão do combustível estar sendo buscado em refinarias do Rio de Janeiro e de São Paulo não pode ser repassado pelas distribuidoras. O deputado disse que essa cláusula não está sendo respeitada.

Petrobras arca com suprimento extra de combustível

De acordo com o representante da Regap, Vítor Meniconi, a Petrobras se responsabiliza pelo fornecimento do volume de combustível necessário, em casos de manutenção preventiva, oferecendo seus polos de suprimento alternativo. No caso de Minas, Meniconi informou que estão sendo utilizados os polos de Paulínea (SP) e Duque de Caxias (RJ).

Ele informou que a manutenção faz parte da rotina operacional da refinaria e, por lei, tem que ser feita a cada cinco anos, no máximo. O gerente da Regap garantiu que o atual procedimento foi programado há mais de um ano e comunicado com antecedência às distribuidoras. "Escolhemos o mês de agosto para fazer a manutenção porque, historicamente, é um mês em que há redução no consumo de gasolina", explicou, dizendo que também houve uma elevação no estoque da refinaria para suprir a queda da produção.

A expectativa de consumo médio para este mês era de 160 milhões de litros e a Regap forneceu 120 milhões de litros, 25% a menos.

Frete - Pela previsibilidade da manutenção, o gerente da Regap acredita que as distribuidoras poderiam ter contingenciado as despesas do frete e absorvido o aumento dos custos pela política normal de preço.

O diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado, Paulo Eduardo Rocha Machado, afirmou que os custos do frete estão sendo repassados às distribuidoras. Mas, na avaliação dele, o problema maior é a escassez do produto. "Muitos postos estão fechando mais cedo ou interrompendo as promoções", afirmou.

Ele citou o exemplo de um posto pequeno, de Belo Horizonte, que costuma praticar os preços mais baixos da cidade, tendo lucro no volume de vendas. "Eles vendiam o litro da gasolina a R$ 2,64. Com a queda no abastecimento, subiram o preço para R$ 2,79", contou.

Paulo Eduardo ainda acredita que esteja havendo oportunismo das distribuidoras, que podem estar aproveitando o aumento dos custos do frete para aumentar suas margens de lucro.

Limite de produção da refinaria preocupa

Na avaliação do diretor do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais, José Maria da Silva, é preciso investir no aumento da capacidade de refino da Regap. "Hoje a refinaria não tem condições de produzir um único barril a mais por dia", afirmou.

O limite da capacidade produtiva preocupa o deputado Duilio de Castro (PMN). "Com isso, qualquer paralisação temporária de produção desestabiliza o mercado", afirmou. Ele ainda considera um absurdo que o litro de gasolina custe dois dólares. A deputada Liza Prado (PSB) disse que o Estado não pode perder recursos por falta de investimentos na expansão da Regap. Ela também defendeu que sejam priorizados os combustíveis produzidos no Estado, evitando perda de receita.

O deputado Antônio Júlio (PMDB) questionou o representante da Regap sobre boatos de encerramento das atividades de refino na Gabriel Passos. Vítor Meniconi negou a informação, dizendo que há planos de investimento na refinaria. Ele também discorda de que haja desabastecimento em Minas, porque o volume necessário de combustível estaria sendo ofertado, na forma dos contratos com os clientes.

Novo aumento - A coordenadora de Pesquisa do Procon Assembleia, Margareth Maria Cintra, antecipou a tendência de novo aumento de 2% no preço da gasolina. A pesquisa do Procon será divulgada nos próximos dias. Margareth Cintra constatou que, há dois meses, as pesquisas não apresentavam variações no preço da gasolina. A representante do Procon também acredita que o reajuste possa ser resultado de um aumento no preço do etanol, que fez aumentar a procura pela gasolina.

O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool em Minas Gerais, Luiz Cláudio Cotta Martins, discordou da posição de Margareth Cintra sobre o preço do etanol. Segundo ele, o combustível vinha sendo vendido, desde 2008, por um preço abaixo do custo de produção. A partir de julho de 2010, o preço teria voltado ao normal. "O etanol é inviável em Minas Gerais em função do valor do imposto", afirmou. Ele informou que, em Minas, são cobrados 22% de ICMS sobre o álcool; em São Paulo, o imposto é de 12%.

De acordo com Luiz Cláudio, de todo o etanol produzido em Minas, só 30% são consumidos no Estado. "Minas tem uma das legislações ambientais mais avançadas do Brasil, mas prefere investir em combustível fóssil do que em combustível renovável", lamentou.

Providências - Foram aprovados cinco requerimentos sobre o assunto da audiência. O deputado Délio Malheiros apresentou apelo ao governador para que envie à Assembleia projeto de lei para redução da alíquota de ICMS sobre o álcool hidratado. Ele também pediu que o Procon Assembleia realize pesquisas semanais de preços de combustíveis em Belo Horizonte e também em postos de outras regiões do Estado.

Os deputados Délio Malheiros, Antônio Júlio, Duilio Castro e a deputada Liza Prado (PSB) também pediram a suspensão da veiculação da publicidade da Gasmig que compara o etanol e o gás natural.

A deputada Liza Prado solicitou ainda visita da comissão à Regap para verificar a capacidade de produção da refinaria. Ela pediu também cópia do contrato firmado entre a refinaria e as distribuidoras.

Presenças - Deputado Délio Malheiros (PV), presidente; deputada Liza Prado (PSB), vice; e deputados Antônio Júlio (PMDB) e Duilio de Castro (PMN).

 

 

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