Entidades anunciam nova paralisação de médicos conveniados

As entidades médicas marcaram para 21 de setembro uma nova paralisação em todo o País contra os honorários pagos por ...

17/08/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Entidades anunciam nova paralisação de médicos conveniados

As entidades médicas marcaram para 21 de setembro uma nova paralisação em todo o País contra os honorários pagos por planos de saúde. Ao contrário de movimento anterior, realizado em 7 de abril, desta vez o protesto não terá caráter generalizado. Devem cruzar os braços apenas os profissionais de convênios que não adotem a prática de negociação com a categoria, conforme levantamento a ser feito pelas entidades.

O anúncio foi feito nesta quarta-feira (17/8/11) pelo presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Cristiano Gonzaga da Mata Machado, em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Junto com outros representantes dos médicos e deputados presentes, ele criticou duramente o recente ato administrativo do governo federal que recomenda às entidades médicas, sob pena de punições como multas, que não se manifestem sobre questões relacionadas aos planos de saúde.

Censura - A reunião, conjunta das Comissões de Saúde e de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, foi realizada a requerimento do deputado Antônio Júlio (PMDB) para discutir o ato do governo, taxado pelo parlamentar de "censura absurda". O ato administrativo foi baixado em 9 de maio pela Secretaria de Direito Econômico, pertencente ao Ministério da Justiça.

A medida recomenda que as entidades médicas, entre as quais a Associação Médica Brasileira, o Conselho Federal de Medicina e a Federação Nacional dos Médicos, não se manifestem ou incentivem paralisações ou descredenciamentos de profissionais para forçar o reajuste de honorários pagos pelas operadoras de planos de saúde.

Para o presidente do Sindicato dos Médicos, trata-se de uma medida coercitiva, que proíbe atribuições constitucionais da entidade de defesa do trabalho e da remuneração da categoria. Segundo Cristiano Gonzaga, nesta quinta-feira (18) seria realizada uma nova reunião entre a Agência Nacional de Saúde (ANS), órgão regulador do sistema, e a Secretaria de Direito Econômico com as entidades, na qual ele espera avanços na busca de um consenso.

Entidades querem negociação coletiva e elevação do valor da consulta

O representante do Conselho Federal de Medicina (CFM) em Minas Gerais, Hermann Alexandre Vivacqua Von Tiesenhausen, informou que a entidade está atuando na esfera parlamentar em Brasília e junto à ANS para reverter a medida da Secretaria. "O objetivo é que tenhamos uma negociação coletiva e não medidas de força", frisou.

O CFM recorreu judicialmente do ato administrativo federal que recomenda a não manifestação das entidades. Os efeitos do ato chegaram a ser temporariamente suspendidos por meio de uma medida cautelar expedida pela Justiça Federal. No entanto, a Secretaria de Direito Econômico recorreu ao Tribunal Regional Federal, que revogou a medida cautelar. Dessa forma, a determinação continuaria em vigor, segundo as entidades.

Insatisfação - O 1ºsecretário do Conselho Regional de Medicina (CRM-MG), João Batista Gomes Soares, disse que os médicos de planos de saúde querem atender com qualidade, e não em quantidade. Segundo ele, estatísticas da entidade mostram que 56% dos usuários de planos estão insatisfeitos com o atendimento. Já entre médicos recém-formados, ele disse que 80% revelam ter interesse em atender por convênio por exigência de mercado e não por vontade própria.

Reivindicações - Entre outros, os médicos reivindicam dos planos o pagamento de R$ 60 por consulta, valor que serve de referência para os demais procedimentos médicos da CBHPM, ou Classificação Brasileira de Hierarquização de Procedimentos Médicos. Segundo João Batista, do CRM de Minas, há planos hoje pagando apenas R$ 30 por consulta, com direito a retorno.

"Já estão faltando profissionais em especialidades como pediatria. Vamos chegar no caos total se nada for feito", frisou o médico. Outra reivindicação, esta destacada pelo presidente da Associação dos Ginecologistas de Minas Gerais, José Alvimar Lino, é que a CBHPM seja adotada pelos planos de saúde como remuneração mínima para os médicos. Hoje ela funciona apenas como um balizador.

Os médicos de planos querem ainda a contratualização com mecanismo definido de reajuste, como apontou o presidente da Associação Médica de Minas Gerais, José Carlos Vianna Collares. Ele cobrou do governo federal mais respeito para com as entidades representantivas da categoria. E disse que em 10 anos os valores cobrados pelos planos aumentaram em 140%, enquanto os honorários médicos teriam tido reajuste médio de 60% no mesmo período.

Autogestão - O diretor superintendente em Minas da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde, Anderson Antônio Monteiro Mendes, disse que o segmento que representa vem sendo afetado negativamente pela composição de custos praticada pelos planos de saúde. Ele esclareceu que os planos de autogestão são exclusivos para o funcionalismo, não tendo fins lucrativos. O segmento, frisou, vem sendo engolido pela concorrência dos planos privados e tem sido parceiro das entidades na defesa de melhores condições de trabalho e remuneração dos demais convênios.

Deputados aprovam moção de repúdio e nova reunião sobre planos

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos Mosconi (PSDB), disse que os planos estão se enriquecendo a olhos vistos e a medicina vem avançando, mas sem trazer benefícios coletivos, o que precisa ser repensado pela sociedade e governo. Na avaliação do deputado Neider Moreira (PPS), a audiência conjunta foi das melhores já realizadas este ano na Comissão de Saúde por ter revelado a capacidade de indignação das entidades médicas. Ele citou recente editorial publicado por jornal espanhol sobre a incapacidade de reação do cidadão brasileiro diante dos problemas do País e apresentou um panorama de hospitais mineiros que estariam vivendo em situação dramática.

O deputado Duilio de Castro (PMN) criticou especialmente a espera por uma consulta com médico de convênio: "É um desrespeito com o cliente". Junto com os deputados presentes ele defendeu a regulamentação da Emenda 29, que define percentual mínimo para investimento em saúde, e teve aprovado requerimento de outra reunião conjunta para discutir a tabela de procedimentos médicos, com a participação de planos e médicos e também da ANS e do Procon.

Atribuindo ao "lobby das operadoras" de planos de saúde o ato do governo inibindo manifestações das entidades médicas, a vice-presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, deputada Liza Prado (PSB), disse que a medida é abusiva e amordaça as entidades. A deputada teve aprovado requerimento para envio das notas taquigráficas da audiência às Comissões de Saúde da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e pedido de informação sobre a agenda das comissões para verificar se há a intenção de debater o mesmo assunto na esfera federal.

Repúdio - As duas comissões da ALMG vão ainda formular manifestação de repúdio ao Secretário de Direito Econômico pela decisão tomada. O requerimento foi do deputado Antônio Júlio, que também condenou o modelo de agências reguladoras do Brasil que, segundo ele, atendem sobretudo aos interesses das empresas. Ele registrou que, apesar de convidada, a Secretaria de Direito Econômico não teria enviado representante ao debate alegando falta de recurso para arcar com a vinda de Brasília.

Para o deputado Hely Tarqüínio (PV), vice-presidente da Comissão de Saúde, os planos de saúde estão achatando os honorários médicos e substituindo o SUS, que segundo ele avançou pouco desde sua criação. Ele também alertou para a necessidade de que o Programa de Saúde da Família (PSF), do governo federal, tenha profissionais plenamente capacitados. O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) acrescentou esperar uma mobilização mais ousada dos médicos ao defender uma política nacional de Estado para a saúde. "Não sou a favor dos planos, mas eles existem pela precariedade do Estado".

Presenças - deputados Carlos Mosconi (PSDB) e Hely Tarquínio (PV), respectivamente presidente e vice da Comissão de Saúde; Adelmo Carneiro Leão (PT), Neider Moreira (PPS), Antônio Júlio (PMDB) e Duilio de Castro (PMN); e deputada Liza Prado, vice-presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte.

 

 

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