Falta de verba e de profissionais afeta esporte
paraolímpico
A falta de recursos para equipar e manter no
esporte os atletas paraolímpicos do Estado foi apontada como uma das
maiores dificuldades enfrentadas pelas associações que desenvolvem
atividades esportivas para pessoas com deficiência. A discussão
sobre as políticas públicas para o setor foi realizada nesta
quarta-feira (17/8/11), durante reunião conjunta das Comissões de
Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e de Esporte, Lazer e
Juventude da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O debate foi
motivado por requerimento do deputado Marques Abreu (PTB),
presidente da segunda comissão.
"As entidades têm muita dificuldade para conseguir
dinheiro para financiar seus projetos", queixou-se o triatleta e
presidente da Associação dos Deficientes de Contagem, José Matias
Gonçalves de Abreu. Esse problema não é encontrado só junto aos
órgãos públicos estaduais, mas também nos municipais e federais.
Marques Abreu citou também a falta de professores capacitados para
lidar com as especificidades desse público.
O subsecretário de Estado de Esportes e da
Juventude, Alexandre Massura Neto, informou que o Governo de Minas
criou em 2006 uma superintendência na secretaria dedicada ao esporte
paraolímpico. Esse trabalho inclui a preparação específica de
árbitros e treinadores, além de apoio a associações e atletas
portadores de deficiência. Massura disse que, em 2011, 40 atletas
paraolímpicos foram selecionados para receber a bolsa-atleta, criada
em junho deste ano e que contempla, ao todo, 129 pessoas no
Estado.
Questionado pelos deputados Elismar Prado (PT) e
Sargento Rodrigues (PDT), Massura reconheceu que o orçamento para o
esporte em Minas é inferior ao necessário. Sem especificar valores,
ele mencionou que o total destinado à pasta não chega a 0,4% do
Orçamento do Estado, percentual menor que o recebido pela Secretaria
de Cultura.
Apesar das dificuldades financeiras, diversas
iniciativas têm sido desenvolvidas em Minas, garantiu o
subsecretário. Entre elas foram destacadas o centro de natação
paraolímpica, no Clube dos Oficiais, em Belo Horizonte, a existência
de quatro modalidades para pessoas com deficiência nos Jogos do
Interior Mineiro (Jimi) e o financiamento da participação de 140
atletas em uma competição esportiva de nível nacional em
2011.
Professora defende capacitação de
profissionais
A importância do incentivo ao esporte pelas pessoas
com deficiência foi destacada pela professora assistente da PUC
Minas Cláudia Barsand Deleucas. Segundo ela, esse estímulo deve
passar pela capacitação dos professores de educação física, que
desde 1996 contam com uma disciplina universitária específica para
lidar com o público deficiente. Segundo ela, inicialmente é preciso
incentivar o esporte como diversão, para só depois transformá-lo em
competição.
Para a presidente do Conselho Estadual de Defesa
dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência, Maria Cristina
Abreu, a participação popular na construção de uma política pública
para o setor é fundamental. Segundo ela, não é a lei que protege a
pessoa com deficiência, e sim a conscientização da sociedade. Essa
política, afirmou Maria Cristina, precisa envolver não apenas o
aspecto da acessibilidade, mas também o acesso à cultura, ao esporte
e à educação.
José Matias Gonçalves de Abreu, da Associação dos
Deficientes de Contagem, acrescentou que o esporte, além de suas
características de diversão e competitividade, é um fator de
socialização e de aumento da autoestima das pessoas portadoras de
deficiência.
A deputada Liza Prado (PSB) concordou e acrescentou
que é preciso dar mais visibilidade à realidade das pessoas
portadoras de deficiência e acabar com o preconceito. Já o deputado
Doutor Wilson Batista (PSL) ponderou que, como as deficiências são
variadas, fica mais difícil elaborar uma política pública que
contemple todas as necessidades. Ele disse que a discussão realizada
na comissão será levada aos órgãos competentes do Poder
Executivo.
Presenças - Deputados
Doutor Wilson Batista (PSL), presidente da Comissão de Defesa dos
Direitos da Pessoa com Deficiência; Marques Abreu (PTB), presidente
da Comissão de Esporte, Lazer e Juventude; Sargento Rodrigues (PDT),
Elismar Prado (PT), Adelmo Carneiro Leão (PT) e deputada Liza Prado
(PSB). Participou também o vereador de Uberlândia Neivaldo
Lima.
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