Deputados questionam convênio entre Cetec e iniciativa privada

O convênio de cooperação entre a Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), o Serviço Nacional de Aprendiza...

10/08/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputados questionam convênio entre Cetec e iniciativa privada

O convênio de cooperação entre a Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MG), a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e o Governo do Estado será questionado junto ao Ministério Público (MP) por parlamentares do PT. Esta é uma das consequências da audiência pública da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, nesta quarta-feira (10/8/11). A intenção foi anunciada pelo deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), um dos autores do requerimento da audiência.

A comissão discutiu o convênio celebrado em maio e que já é objeto de questionamento junto ao MP pelo ex-servidor do Cetec, Robson Castro Franco Afonso. Pelo convênio, os parceiros criaram uma instituição de direito privado, chamada Cetec-Senai, que irá atuar na área abrangida hoje pelo Cetec, mas com ênfase nos projetos de interesse da indústria mineira. De acordo com o convênio, o foco será no desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras e para a difusão do conhecimento científico e tecnológico no Estado.

Os autores dos requerimento, deputados Adelmo Carneiro Leão e Carlin Moura (PCdoB), mostraram-se preocupados com os termos do convênio. Adelmo destacou principalmente o desequilíbrio entre o poder do Estado e o da Fiemg, já que o conselho gestor do Cetec-Senai terá três membros da iniciativa privada e dois do setor público. Ele manifestou estranheza com o fato de o convênio não prever a hipótese de os servidores não quererem optar pela nova instituição.

Além do desequilíbrio de poderes na nova instituição, Carlin Moura lembrou que a gestão ficará a cargo do Senai, com o Cetec apenas oferecendo a infraestrutura tecnológica e humana. Ele também destacou uma cláusula que determina o pagamento de multa pelo Cetec diante da rescisão do contrato e se mostrou especialmente preocupado com a situação dos servidores.

O presidente da comissão, deputado Bosco (PTdoB), lembrou a importância do debate, para que todos os pontos de vista ficassem explícitos e a Assembleia pudesse contribuir com a melhoria dos termos do convênio. O parlamentar destacou o protagonismo do Cetec no avanço tecnológico do Estado. O deputado João Vítor Xavier (PRP) disse acreditar que somente com investimento privado e com a capacidade da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o Cetec poderá recuperar seu papel de motor do desenvolvimento tecnológico e da inovação.

Servidores estão insatisfeitos com o convênio

Os servidores do Cetec demonstraram preocupação e insatisfação com o convênio, que segundo eles, contém impropriedades legais. A preocupação principal é com o plano de carreira, o regime jurídico e a aposentadoria. Para o ex-servidor do Cetec Paulo Gazzinelli, o convênio não atende ao discurso da "sinergia", já que o Cetec e o Senai têm missões diferentes. "Um é fomentador de pesquisas e o outro é preparador de mão de obra". Ele também questionou a celebração do convênio sem a consulta ao conselho superior do Cetec e à Assembleia.

O pesquisador aposentado da instituição, Roosevelt Alves Pereira, e o presidente da Associação dos Servidores de Ciência e Tecnologia, Vander Ferreira Rodrigues, insistiram nas perdas salariais dos últimos 20 anos e no desmonte da Fundação Cetec, que segundo eles enfrenta perda de capital intelectual devido aos baixos salários. Roosevelt apelou ao governo para que descongele os salários e faça concurso público para suprir o quadro defasado.

Vander Rodrigues disse que a fundação é autossuficiente e que os repasses do Estado não dão nem para pagar as contas da instituição. "Os próprios pesquisadores estão gerando receita", afirmou. Ele também manifestou preocupação com a execução do convênio e com o uso do patrimônio do Cetec. Rodrigues destacou que a parceria pode ser boa, mas é preciso resguardar alguns pontos mínimos.

Secretário garante que Cetec não vai acabar

A defesa do convênio foi feita em duas ocasiões pelo secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, Nárcio Rodrigues. "Estamos buscando fôlego para o Cetec sobreviver, já que o Estado não tem oxigênio para mantê-lo", admitiu. Nárcio Rodrigues disse que compreende a angústia dos servidores e garantiu que o convênio não vai acabar com a instituição.

"Nós estamos buscando alternativas que permitam a sua sobrevivência. Se a Fiemg tem os recursos, precisamos aproveitá-los". O secretário disse que a questão salarial será revista pelo Senai e os direitos trabalhistas, preservados. Ele garantiu que o convênio estabelecerá o melhor modelo para a gestão da parceria.

As formas de migração dos servidores para a nova instituição foi explicada pelo presidente do Cetec, Marcílio César de Andrade, também servidor aposentado. Ele informou que a migração será uma opção do servidor, que pedirá licença ao Cetec e será absorvido pelo Senai. Os que estiverem prestes a se aposentar poderão solicitar bolsa de pesquisa para a Fundação Estadual de Amparo à Pesquisa (Fapemig), como complementação da aposentadoria.

Sobre as diferenças salariais entre funcionários efetivos e terceirizados, Marcílio disse que os casos serão estudados pelo Senai, mas que já é comum a convivência entre os dois regimes previdenciários, o público e o celetista. Ele garantiu ainda que já está em entendimentos com o Ministério Público para resolver a contratação desses terceirizados, que hoje é feita por meio de fundações.

O Cetec conta atualmente com 163 servidores efetivos e 230 contratados. Constitucionalmente, é previsto que 1% da receita líquida do Estado deverá ser aplicada na área de ciência e tecnologia.

Presenças - Deputados Bosco (PTdoB), presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), vice; Carlin Moura (PCdoB), Adelmo Carneiro Leão (PT) e João Vítor Xavier (PRP).

 

 

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