Especialistas defendem planejamento integrado na
RMBH
A necessidade de um planejamento urbano integrado
envolvendo os municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte
foi defendida de forma unânime pelos participantes da audiência
pública que as comissões de Assuntos Municipais e Regionalização e
de Transporte, Comunicação e Obras Públicas da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais realizaram nesta quinta-feira (4/8/11).
A reunião foi requerida pelo deputado Paulo Lamac (PT), motivado por
notícias recentes da imprensa informando sobre a retomada de um
projeto de construção de uma ligação subterrânea pela Serra do
Curral entre o bairro Mangabeiras e a cidade de Nova Lima.
Apesar de as reportagens informarem que
empreendedores assinaram um termo de compromisso com o Ministério
Público Estadual para a execução da obra, tanto o diretor da Agência
de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Adrian
Machado Batista, quanto o procurador-geral do município de Belo
Horizonte, Marco Antônio Rezende Teixeira, garantiram que não há
qualquer projeto nesse sentido em análise pelas instituições que
representam.
O diretor-geral do Instituto Horizontes, Hudson
Lídio de Navarro, comentou que o vetor sul é o único da RMBH que
ainda pode ser planejado sob o ponto de vista do uso e ocupação do
solo, visando o bem estar dos cidadãos. Isso, segundo ele, se deve
ao fato de a região ser altamente privatizada, devido à presença da
mineração. Ao contrário das demais regiões da Grande BH, ali ainda
não há construções clandestinas e a vegetação encontra-se
relativamente preservada.
As representantes do Instituto dos Arquitetos do
Brasil, Cláudia Teresa Pereira Pires (presidente) e Dorinha
Alvarenga (diretora), apresentaram uma proposta de ocupação do vetor
sul contemplando projetos de construção de túneis de acesso, um
grande aeroporto, setores residenciais para realocar famílias que
vivem em áreas de risco e até um sistema de aeromóvel, que é um
veículo de transporte coletivo que se move sobre vigas.
A ideia de construção de um túnel para receber
automóveis foi criticada pelo presidente da União das Associações de
Bairros da Zona Sul de Belo Horizonte, Marcelo Marinho. Segundo ele,
o trânsito na região do Mangabeiras já é caótico e a situação pode
se agravar ainda mais. A mesma opinião tem o presidente da
Associação dos Amigos do Bairro Belvedere, Ubirajara Pires
Glória.
Deputados alertam para a especulação
imobiliária
Para o deputado Délio Malheiros (PV), a cidade vive
um momento preocupante por causa da especulação imobiliária. "Em
cada ponto da cidade há inúmeros empreendimentos imobiliários, mas
falta planejamento", ponderou. Ele criticou ainda a redução do IPI
para a indústria automotiva, anunciada pela presidente Dilma
Rousseff. Segundo ele, isso vai colocar ainda mais carros nas ruas.
"Só que o trânsito já está além do suportável", afirmou o deputado,
que defendeu investimentos no transporte público coletivo. "Algo de
concreto tem que ser feito", alertou o deputado Paulo Lamac.
Preocupação semelhante foi manifestada pelo
deputado Fred Costa (PHS). Ele atribuiu a situação caótica no
trânsito e na ocupação das cidades à falta de planejamento no
passado. "Se hoje nos deparamos com esse impacto no trânsito e com a
poluição, isso se deve à ocupação desordenada do solo", disse o
parlamentar, que considera a falta de investimentos no metrô de Belo
Horizonte um fato inadmissível. "O metrô completa 30 anos em 2011 e
possui apenas 28,2 km", lamentou. Essa modalidade de transporte,
segundo ele, atende a uma parcela mais significativa da população e
é mais seguro, além de ser menos poluente.
Presenças - Deputados João
Leite (PSEB), que presidiu a reunião; Paulo Lamac (PT), Délio
Malheiros (PV), Fred Costa (PHS) e deputada Liza Prado (PSB).
Participou também o presidente da Associação Unifamiliar do Vale dos
Cristais, Walmir Braga.
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