Grupo de trabalho vai estudar mudanças no transporte fretado

Em audiência pública realizada na tarde desta quarta-feira (3/8/11), a Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Coo...

03/08/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Grupo de trabalho vai estudar mudanças no transporte fretado

Em audiência pública realizada na tarde desta quarta-feira (3/8/11), a Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais aprovou requerimento de seu vice-presidente, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), propondo a criação de um grupo de trabalho destinado a debater mudanças na legislação que disciplina a prestação de serviço fretado de transporte rodoviário intermunicipal de passageiros, em especial o Decreto 44.035 e a Lei 19.445.

Convocada a requerimento do deputado Vanderlei Miranda (PSDB) e presidida pelo deputado Tenente Lúcio (PDT), a reunião teve por objetivo debater os procedimentos de fiscalização e autorização do transporte de passageiros e do transporte fretado contínuo, dos contratos de locação de vans realizados por cooperativas, pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-MG) e pelas empresas locadoras de veículos, bem como do serviço fretado de passageiros no Aeroporto Tancredo Neves (Confins). Além disso, propôs-se a discutir a aplicabilidade da Lei 19.445, de 2011, que coíbe o transporte metropolitano e intermunicipal clandestino de passageiros no Estado.

Críticas - Empresários e trabalhadores da área de transporte alternativo presentes à reunião criticaram tanto a Lei 19.445 quanto o Decreto 44.035, que trata da prestação de serviço fretado de transporte rodoviário intermunicipal de pessoas. Eles consideram a legislação extremamente rigorosa e, por isso, responsável pelo aumento do transporte clandestino no Estado.

Uma das queixas das cooperativas refere-se à exigência de que respeitem uma antecedência mínima de 12 horas do momento em que recebem o pedido do passageiro até o início da viagem. A alegação seria a necessidade de descanso do motorista e a segurança do passageiro. Contudo, segundo os cooperativados, a exigência é incabível, pois se refere ao período que antecede qualquer viagem, e não ao período compreendido entre uma viagem e outra, o que justificaria a necessidade de descanso do motorista.

Outra crítica dos cooperativados refere-se à exigência da legislação quanto à idade permitida para os ônibus circularem. O presidente das Sindicato das Empresas de Transporte Turístico e de Fretamento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Nivaldo José Soares Júnior, comparou os procedimentos da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) com os do DER, explicando que enquanto a ANTT permite que um ônibus com 20 e até 25 anos, em boas condições, viaje de Belo Horizonte a Manaus, o DER não permite que um ônibus com 15 anos de circulação faça a ligação entre Belo Horizonte e Sabará. "Entretanto, tem avião e submarino no País que estão em operação há mais de 40 anos", observou.

A presidente da Cooperativa dos Motoristas de Transporte Alternativo e Escolar de Muriaé (Cooptae), Maria do Carmo Silva Vargas, queixou-se de que, em função do rigor da legislação, muitos motoristas acabam caindo na clandestinidade ou, como preferiu chamar, no transporte irregular.

Segundo ela, a sua cooperativa, que já contou com mais de 100 sócios, hoje está restrita a apenas 40 integrantes. Na opinião da maioria dos cooperativados presentes, a situação acaba por beneficiar os grandes empresários, proprietários de locadoras. Entretanto, mesmo os representantes das locadoras de automóveis, presentes à reunião, também denunciaram supostos abusos por parte de fiscais do DER na abordagem feita aos motoristas e veículos em trânsito.

O diretor de fiscalização do DER, João Afonso Baeta da Costa Machado, ponderou que o órgão é fiscalizador e seu instrumento de trabalho é a legislação vigente. Contudo, disse que o órgão não admite abusos por parte dos fiscais. Segundo afirmou, desde que assumiu a diretoria de fiscalização, há dois meses, o órgão está tentando rastrear os pontos de maior intensidade onde opera o transporte irregular, mas colocou-se à disposição para debater, no grupo de trabalho, as propostas de alteração na legislação.

Cooperativados querem audiência com o governador

A pedido do presidente da Federação das Cooperativas de Transporte de Passageiros do Estado de Minas Gerais (Fecominas), Renato Augusto Soares, a comissão aprovou, também, requerimento propondo que seja encaminhada ao Governo do Estado solicitação para que o grupo de trabalho a ser criado seja recebido pelo governador Antonio Anastasia para discutir o aperfeiçoamento da legislação referente ao transporte fretado, em especial o Decreto 44.035 e a Lei 19.445.

De acordo com a proposta original do deputado Dalmo Ribeiro Silva, o grupo deverá ser formado por deputados estaduais, membros das Comissões de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo e de Transportes, Comunicação e Obras Públicas, por representantes de órgãos estaduais, como o DER-MG e a Secretaria de Transportes e Obras Públicas, e por representantes das entidades de classe.

A proposta do deputado Dalmo Ribeiro foi bem recebida por todos os presentes. Interessado em participar da discussão, que vem acompanhando há quatro anos, o deputado Paulo Guedes (PT) sugeriu que entre os integrantes do grupo de trabalho seja incluído também um representante da Mesa da Assembleia, colocando o seu nome à disposição. Paulo Guedes criticou a Lei 19.445, que considerou "um verdadeiro contrabando, um absurdo, um golpe contra a classe (as cooperativas), os taxistas e as pequenas empresas de transporte do Estado". Ele lembrou que a lei originou-se de um projeto bem estruturado, de autoria do deputado Dinis Pinheiro (PSDB), e acabou sofrendo uma série de deformações. Por isso, disse, apresentou projeto propondo a sua revogação.

O autor do requerimento que gerou a audiência pública, deputado Vanderlei Miranda, também criticou a legislação, que segundo ele "empurra para a clandestinidade quem quer trabalhar na legalidade", e aplaudiu a iniciativa do deputado Dalmo Ribeiro. O deputado Rômulo Viegas (PSDB) igualmente admitiu a necessidade de se estudar uma melhor adequação da legislação, argumentando que uma sociedade deve ser pautada nas leis. "Mas as leis devem ser dinâmicas como a sociedade", defendeu.

Presenças - Deputados Tenente Lúcio (PDT), presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), vice-presidente; Rômulo Viegas (PSDB), Vanderlei Miranda (PMDB) e Paulo Guedes (PT). Também participaram da reunião Lindberg Ribeiro Garcia, assessor técnico da Secretaria de Transportes e Obras Públicas; Fernando Antônio Silveira Rodrigues, assessor técnico da Diretoria de Fiscalização do DER-MG; e Ronaldo de Assis Carvalho, gerente de Fiscalização do DER-MG.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715