Ipsemg nega realização de concurso público para
breve
O Instituto de Previdência dos Servidores do Estado
de Minas Gerais (Ipsemg) não vai realizar, pelo menos por enquanto,
concurso público para contratação de pessoal. A informação é da
presidente do órgão, Jomara Alves da Silva, que participou, nesta
quinta-feira (14/7/11), da audiência pública da Comissão de
Administração Pública da Assembleia Legislativa de Minas Gerais,
requerida pelo deputado Rogério Correia (PT) para discutir o
atendimento prestado pelo Ipsemg.
A recomposição do quadro de profissionais por meio
de concurso foi uma das principais reivindicações apresentadas pelos
representantes dos trabalhadores presentes à reunião para melhorar o
atendimento oferecido pelo Ipsemg. Porém, Jomara explicou que o
absenteísmo na instituição chega a 30%, e que isso precisa ser
resolvido antes, até mesmo para que se tenha uma dimensão da real
necessidade de novos servidores.
A presidente apresentou aos deputados e demais
presentes dados sobre a atual situação do Ipsemg. Ela relatou que,
do total de 810 mil beneficiários, a maior parte é composta por
mulheres e pessoas idosas. Segundo Jomara, 25,5% dos usuários têm
acima de 60 anos, o que encarece muito o sistema. Além disso,
ponderou, 43% dos beneficiários são dependentes dos segurados, ou
seja, usam os serviços do Ipsemg sem efetivamente contribuir para
ele.
Definido por Jomara como um plano de saúde como
qualquer outro, com uma rede própria de atendimento e uma
credenciada, o Ipsemg se difere dos planos privados por ser mantido
com recursos do Estado. Do orçamento total de 652,4 milhões apurado
em 2010, 305 milhões foram provenientes da contribuição dos
servidores públicos estaduais. O restante é injetado pelo Governo,
seja por meio da contribuição patronal, seja por pagamento de sua
dívida com o órgão.
O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) fez críticas
ao orçamento do Ipsemg, questionando até quando ele vai continuar
gastando mais do que arrecada. Ele minimizou os transtornos causados
pela greve dos servidores, que começou no dia 27/6. "Mesmo em pleno
funcionamento, as pessoas ficam horas esperando atendimento e muitas
vezes vão embora sem conseguir. Do jeito que está, o Ipsemg acaba em
breve", alertou.
Despesa é maior na rede credenciada
No que diz respeito às despesas, a presidente
mostrou que 43% do orçamento é gasto na rede própria. Os serviços
credenciados ficam com uma fatia de 48% da arrecadação. Os
procedimentos mais realizados são os de patologia clínica (4,8
milhões em 2010) e consultas médicas (1,9 milhão), sendo que,
dessas, 66% são feitas no interior. Outros dados importantes
apresentados por Jomara mostram que o Ipsemg tem, atualmente, 6.087
servidores, sendo 3.444 ativos e 2.643 inativos. A média diária de
pacientes atendidos é de 248 no Hospital Governador Israel Pinheiro
(HGIP), que conta com 303 leitos.
Entre os planos para o futuro, Jomara destacou que
estão sendo feitas mudanças na estrutura organizacional do Ipsemg,
visando uma gestão previdenciária e de saúde mais eficiente. "O
pilar de nossa administração é uma gestão sustentável", disse ela.
Como exemplo de aumento da eficiência, a presidente anunciou o
trabalho para ampliar a oferta de procedimentos de média e alta
complexidade a uma distância máxima de cem quilômetros da residência
do beneficiário.
Ela classificou como "fofoca" os rumores de que a
rede própria do Ipsemg será extinta. "Todo plano de saúde do Brasil
precisa ter uma rede própria e uma credenciada", afirmou, admitindo
no entanto que a rede própria custa muito caro e que é preciso
implementar uma gestão de qualidade para reduzir os custos.
Outra demanda dos servidores, que é o
reposicionamento nas carreiras, deverá ser atendida até outubro,
disse Jomara. Ela disse também que os trabalhadores que têm direito
ao vale-transporte passarão a recebê-lo também nas cidades com
população acima de 100 mil habitantes.
As explanações da presidente do Ipsemg foram
elogiadas pelo médico Marcelo Dias, que tem 27 anos de serviços
prestados na instituição. Apesar de parabenizar Jomara pela
transparência na apresentação dos dados, ele lamentou o fato de 20
leitos ambulatoriais construídos pelo então governador Itamar Franco
estarem hoje fechados. De acordo com Dias, um leito hospitalar não
custa menos que R$ 1,5 milhão, o que significa que aproximadamente
R$ 30 milhões foram desperdiçados.
A falta de recursos para o Ipsemg foi citada pelo
presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Cristiano Matta
Machado. Segundo ele, dividindo-se o orçamento da instituição pelo
seu número de beneficiários, chega-se ao gasto de R$ 50 por usuário,
sendo que o ideal é pelo menos o dobro desse valor. Ele disse também
que em geral os médicos não se interessam em trabalhar para o Ipsemg
em virtude dos baixos salários e condições precárias de trabalho
oferecidos pelo instituto.
Presenças - Deputados
Gustavo Corrêa (DEM), presidente; Adelmo Carneiro Leão (PT), Célio
Moreira (PSDB), Bonifácio Mourão (PSDB), Rogério Correia (PT),
Carlin Moura (PCdoB), Paulo Lamac (PT) e Sebastião Costa (PPS).
Participaram também o diretor do Sind-Saúde, Renato Barros, a
coordenadora-geral do Sind-Ute, Beatriz Cerqueira, o diretor do
Sindpúblicos, Geraldo Antônio da Conceição, o vice-presidente do
Sisipsemg, Paulo Antônio Siqueira, e a aposentada Antônia
Coelho.
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