Ex-mulher de empresário assassinado faz denúncia contra policiais

Fátima Rodrigues dos Santos, ex-companheira do empresário assassinado em janeiro deste ano, Sebastião Maximino dos Sa...

13/07/2011 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Ex-mulher de empresário assassinado faz denúncia contra policiais

Fátima Rodrigues dos Santos, ex-companheira do empresário assassinado em janeiro deste ano, Sebastião Maximino dos Santos, denunciou ter sofrido ameaças de morte de um policial civil e que um delegado estaria envolvido no assassinato. Afirmando temer por sua vida e a de seu filho Maximino Rodrigues dos Santos, ela prestou depoimento à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta quarta-feira (13/7/11).

Fátima, que já não vivia com Sebastião quando ele foi morto, relatou que em fevereiro foi intimada pela Polícia Civil para fazer o exame de DNA comprovando que o empresário era o pai de Maximino. Na ocasião, ela afirmou ter presenciado a conversa de quatro policiais civis, que teriam combinado como dividir o dinheiro que, segundo Fátima, teria sido encontrado com o pedreiro Adão Sílvio Santos, acusado de ser o autor do crime. Como os policiais viram que Fátima havia presenciado a conversa, um deles teria feito ameaças de morte caso ela contasse a alguém o que tinha visto ali.

De acordo com o inquérito policial, o crime ocorreu em Sabará (Região Metropolitana de Belo Horizonte) e o pedreiro Adão Silvio Santos trabalhava para Sebastião. Adão teria queimado o empresário para tomar posse dos bens, de acordo com a delegada titular da Divisão de Referência de Pessoas Desaparecidas, Cristina Coelli Cicarelli.

Sobre o envolvimento de um delegado no assassinato, Fátima apontou o delegado ad hoc Dorman, sem precisar seu sobrenome. Ela afirmou que esse delegado teria pego R$ 100 mil emprestados com Sebastião Maximino, parte do valor da venda de um lote do empresário. Para Fátima Rodrigues, o delegado teria sido um dos mandantes do crime porque não queria pagar o empréstimo a Sebastião.

Fátima Rodrigues reforçou essa acusação falando do relacionamento antigo entre Dorman e Sebastião. Ela disse que o delegado era a pessoa de "costas quentes" que permitia que Sebastião trabalhasse com mercadorias ilegais em Belo Horizonte sem ser incomodado pela polícia e pela Justiça.

O empresário, afirmou ela, enriqueceu vendendo produtos contrabandeados do Paraguai, como cigarros e preservativos, para motéis e prostíbulos na Capital. Fátima o ajudava a abastecer os "pontos" desde quando o conheceu, aos 13 anos. Apesar disso, Sebastião, que adquiriu vários imóveis e um bom patrimônio, nunca lhe deu qualquer bem, tanto que atualmente ela mora de aluguel numa favela.

Delegada nega ameaça de policiais

A delegada Cristina Coelli Cicarelli tentou desqualificar a acusação de Fátima Rodrigues em relação à suposta ameaça de policiais de sua divisão. Segundo ela, toda a investigação da Polícia Civil em relação ao crime, inclusive as ações após a descoberta do sequestro do empresário, em 9 de janeiro, tudo foi acompanhado pela família de Sebastião Maximino. A delegada descartou que qualquer valor em dinheiro tenha sido encontrado com o autor do crime, Adão Sílvio. "Foram apreendidas apenas duas folhas de cheque preenchidas com valores de R$ 20 mil e de R$ 50 mil, que estão em poder da polícia", disse.

Helbert Santos Resende, motorista da MGS que transportou Fátima Rodrigues na ocasião, também disse que não presenciou qualquer conversa estranha envolvendo os policiais citados por ela. E acrescentou que Fátima teria elogiado o trabalho da Polícia Civil no dia.

Em relação à participação do delegado Dorman, Cristina afirmou que, no inquérito, ele nega que conhecia Sebastião. A delegada também relatou que Adão afirmou no inquérito que Dorman não teria participação no crime. "A participação de Dorman, segundo Adão, seria apenas na transferência dos bens de Sebastião", concluiu.

Ainda segundo Cristina Coelli, Fátima Rodrigues não foi ouvida no inquérito porque teria pedido sigilo, uma vez que estava no Programa de Proteção a Testemunhas. O deputado Durval Ângelo (PT) questionou essa postura da polícia, afirmando que ela necessariamente teria que ser ouvida.

Comissão cobra providências

Após ouvir os depoimentos, o deputado Durval Ângelo anunciou que vai enviar as notas taquigráficas da reunião para a Ouvidoria e a Corregedoria de Polícia, para a Divisão de Referência de Pessoas Desaparecidas, para a delegacia responsável pelo inquérito e ainda para o juiz da Vara de Sucessões.

A este último, a comissão vai solicitar agilidade no processo judicial para apurar o patrimônio do empresário assassinado e destiná-lo ao seu herdeiro legítimo, seu filho Maximino Rodrigues. Essa providência, na opinião do deputado, "vai permitir que Fátima tenha uma vida digna". Em entrevista à imprensa após a audiência, Durval disse que acredita na participação de Dorman na morte do empresário. "O vínculo dos dois deve ser investigado", defendeu.

O ouvidor de Polícia, Paulo Vaz Alkimin, informou que todas as denúncias trazidas na reunião serão incorporadas à investigação promovida pela Corregedoria da Polícia Civil.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT). Também participou da reunião o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG, William dos Santos.

 

 

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