Capitólio pede investimentos para estruturar turismo na
região
A necessidade de investimentos em infraestrutura no
Lago de Furnas é a principal reivindicação de lideranças locais para
incrementar o turismo na região. O assunto foi discutido, nesta
segunda-feira (4/7/11), em reunião conjunta das Comissões de
Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo e de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais, realizada em Capitólio (Sul do Estado).
Destinada originalmente a debater a implantação de
um programa estadual de incentivo ao turismo da pesca esportiva, a
reunião, requerida pelo presidente da Comissão de Turismo, deputado
Tenente Lúcio (PDT), serviu para que lideranças expusessem os
problemas que afligem os municípios e dificultam o desenvolvimento
do turismo.
Um dos deputados majoritários na região, Tiago
Ulisses (PV) tentou resumir a situação enfrentada por Capitólio e
outros municípios da região do Lago de Furnas. Ele também apresentou
as providências que o Governo do Estado pretende tomar. "O governo
tem que abrir os olhos e se fazer presente para oferecer
infraestrutura para o turista, que precisa basicamente de três
coisas: hospedagem, locomoção e alimentação", destacou.
Na área de transportes, o deputado defendeu a
implantação de uma hidrovia no Lago de Furnas, com a finalidade de
transporte turístico, e a ampliação do aeroporto de Piumhi. Essa
melhoria do aeroporto, com aumento da pista, segundo ele,
possibilitaria a recepção de voos regulares. Tiago Ulisses disse que
a companhia Trip tem interesse em fazer um voo, no fim de semana,
para Furnas.
O parlamentar propôs também um requerimento (a ser
aprovado na próxima reunião) à empresa CVC, solicitando que ela
estude a viabilidade de criar um pacote turístico para Capitólio,
São Roque de Minas e municípios vizinhos. Esse pacote, que
contemplaria os circuitos turísticos do Lago de Furnas e das
Nascentes das Gerais, seria oferecido a partir de Belo Horizonte,
Ribeirão Preto e São Paulo.
Outra proposta de Tiago Ulisses foi a
disponibilização de uma linha de financiamento para o setor
hoteleiro da região. Em requerimento, ele solicita à Secretaria de
Estado de Turismo informações sobre o acesso de empreendedores
privados aos recursos do Fundo de Assistência ao Turismo (Fastur).
De acordo com o deputado, o objetivo é viabilizar o acesso dos micro
e pequenos empreendedores ao financiamento do Fastur.
Deputado cobra asfalto e tratamento de
esgoto
Antônio Carlos Arantes (PSC), também majoritário na
região, falou dos problemas com as estradas entre os municípios. Ele
reivindicou a inclusão no programa Caminhos de Minas, do Governo do
Estado, das ligações asfálticas entre Capitólio e Guapé e entre
Capitólio e o condomínio Escarpas do Lago. Foi apresentado
requerimento de providências nesse sentido à Secretaria de Estado de
Transporte e Obras Públicas.
O deputado mostrou preocupação com o grande volume
de esgoto jogado no Lago de Furnas. "O Governo Federal não retribui
a geração de energia de Furnas com recursos para que as prefeituras
façam o tratamento de esgotos. Isso me preocupa muito, porque o
esgoto faz proliferar algas venenosas que matam os peixes do lago",
advertiu.
O deputado Tiago Ulisses defendeu a realização de
uma visita a Furnas Centrais Elétricas e à Petrobras para estudar
formas dessas empresas apoiarem projetos de tratamento de esgoto no
lago. "Afinal, Minas foi a mais penalizada com a implantação de
hidrelétricas. E o pagamento de royalties para os municípios
atingidos é uma ninharia!", indignou-se.
O vereador de Capitólio, Toninho Frazão,
acrescentou que a estação de tratamento de esgoto (ETE) da cidade
foi contemplada como obra do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). Mas, segundo ele, a empresa que ganhou a licitação não tem
competência para realizar a obra, e com isso, está tudo parado. Ele
também lamentou que apenas dois dos 34 municípios do Lago de Furnas
têm ETEs.
Pesca esportiva é aposta para desenvolver o
turismo
O deputado Tenente Lúcio (PDT) defendeu a ampliação
da pesca esportiva no Lago de Furnas, na modalidade conhecida como
"pesque e solte". "Sabemos que a pesca esportiva pode trazer ao
Estado mais recursos e a criação de uma cultura diferenciada, de
respeito ao meio ambiente", situou.
Tenente Lúcio defendeu a implantação em Minas do
Programa Nacional de Desenvolvimento da Pesca Amadora e também de um
projeto de zoneamento da pesca esportiva. "Minas Gerais tem todas as
condições de se desenvolver nessa área, tanto que, hoje sem nenhum
apoio governamental, o Estado está em segundo lugar na pesca
esportiva no País".
O presidente do Circuito Turístico Nascentes das
Gerais, Luiz Carlos de Pádua, defendeu o tratamento de esgotos nos
municípios do entorno do Lago de Furnas, para garantir a
sobrevivência dos peixes e daqueles que dependem deles: os
pescadores profissionais.
Osny Zago, da Federação Brasileira de Pesca
Esportiva, disse que a Argentina é o país onde a pesca esportiva
está mais bem regulamentada. "Lá o pescador vai para o rio com um
laptop, pega o peixe, registra as coordenadas onde foi feita a
pesca, depois recebe por esse peixe pego e solto", afirmou.
IEF diz que incentiva a pesca esportiva
Representando a Diretoria de Pesca do Instituto
Estadual de Florestas (IEF), Andrey Chama da Costa destacou que uma
das diretrizes do órgão é o fomento à pesca esportiva, tanto que
hoje, só no Triângulo Mineiro, são realizados oito torneios anuais
da modalidade. De acordo com ele, Minas Gerais tem hoje o maior
número de carteiras de pesca emitidas: são 39 mil nacionais e mais
de 40 mil estaduais, emitidas pelo IEF.
Ele também falou da necessidade de se fazer o
zoneamento pesqueiro nos reservatórios, pois há conflito de
atividades. "O pescador profissional retira um recurso natural que é
escasso. E sem peixe, a discussão de hoje seria em vão". Para
resolver o conflito, ele propõe que esses pescadores sejam treinados
para se tornarem guias locais de pesca, nos fins de semana, e para
criarem peixes durante a semana. Osny Zago completou dizendo que o
zoneamento pesqueiro deve determinar o volume de peixe de cada
espécie que se pode tirar por ano.
Luiz Carlos de Pádua, do circuito Nascentes das
Gerais, saiu em defesa dos pescadores. "Hoje os pescadores vivem só
de pescar a traíra, espécie em que os indivíduos maiores comem os
menores. Então o pescador faz o equilíbrio, ao pegar os peixes
maiores da espécie, impedindo o canibalismo", explicou.
Memória - No início da
reunião, o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, deputado Célio Moreira (PSDB), pediu um minuto de
silêncio em memória do senador e ex-presidente da República Itamar
Franco.
Presenças - Deputados Célio
Moreira (PSDB), presidente; Tenente Lúcio (PDT), Tiago Ulisses (PV)
e Antônio Carlos Arantes (PSC). Também participaram da reunião o
prefeito de Capitólio, José Gonçalves Machado; o presidente da
Câmara Municipal de Capitólio, Hélio Gonçalves dos Santos; o
vice-prefeito de Capitólio, José Modesto Leonel; o prefeito de São
João Batista do Glória, José Heitor; os presidentes da Associação
dos Piscicultores de Capitólio, José Tadeu Rodrigues, e da
Associação dos Piscicultores de Capitólio, José Tadeu Rodrigues; e o
gestor do Circuito dos Lagos, Daniel de Oliveira
Machado.
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