Lideranças do Norte de Minas apoiam criação do Dia dos
Gerais
Lideranças do Norte de Minas defenderam, nesta
terça-feira (28/6/11), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a
aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 21/11, que cria
o Dia dos Gerais. A reunião foi realizada pela Comissão Especial
criada para analisar a proposta, por solicitação de seu presidente,
deputado Tadeu Martins Leite (PMDB), como forma de subsidiar as
discussões sobre o assunto.
O objetivo da PEC 21/11 é modificar a Constituição
de modo a incluir o Dia dos Gerais, a ser comemorado a cada 8 de
dezembro, entre as datas magnas do Estado. Nesta data, a Capital
seria transferida simbolicamente para Matias Cardoso (Norte de
Minas), como forma de reconhecer a importância histórica da cidade.
Atualmente a Capital é transferida para Ouro Preto em 21 de abril
(Dia de Tiradentes) e para Mariana em 16 de julho (Dia de
Minas).
O primeiro signatário da PEC, deputado Paulo Guedes
(PT), defendeu a aprovação da proposta como forma de valorizar a
importância do Norte de Minas. "Que essa proposta sirva de
inspiração para resgatar não só a verdadeira história de Minas, mas
também tudo o que perdemos nos 300 anos de esquecimento por todos os
governantes que passaram por este Estado", afirmou. A PEC 21/11 tem
assinaturas de 34 parlamentares.
Para o relator da proposta, deputado Luiz Henrique
(PSDB), será uma oportunidade de fazer um resgate histórico. "O dia
8 de dezembro é uma data de honra para todos nós, norte-mineiros",
completou o deputado Tadeu Martins Leite, referindo-se à data de
inauguração da igreja de Nossa Senhora da Conceição em Matias
Cardoso. Os deputados Romel Anízio (PP) e Tenente Lúcio (PDT) também
manifestaram apoio à aprovação da PEC 21/11.
A proposta de criação do Dia dos Gerais também
recebeu apoio do prefeito de Matias Cardoso, João Cordoval de
Barros; do presidente da Associação dos Magistrados, Bruno Terra
Dias; da representante da Associação dos Municípios da Área Mineira
da Sudene, Beatriz Morais de Sá Rabelo Correia; e do juiz Roberto de
Freitas.
Matias Cardoso é a cidade mais antiga do
Estado
O município de Matias Cardoso é considerado o marco
inicial da colonização de Minas Gerais. Os chamados currais do São
Francisco começaram a ser ocupados por volta de 1660, antes mesmo da
descoberta de ouro em Mariana, que se deu em 1696, segundo o
antropólogo da Unimontes João Batista de Almeida Costa. Em pouco
tempo o Vale do São Francisco, região então conhecida como campos
gerais, passou a abastecer o Recôncavo Baiano com carne, peixe seco
e farinha de mandioca.
Acredita-se que o arraial de Morrinhos (atual
cidade de Matias Cardoso) tenha sido fundado pelo bandeirante de
mesmo nome por volta de 1663. A igreja de Nossa Senhora da
Conceição, a mais antiga do Estado, foi inaugurada em 8 de dezembro
de 1695, e levou 30 anos para ser concluída. A construção tem
paredes com um metro de espessura e furos que sugerem que ela era
utilizada também como uma fortificação para proteger as barrancas do
São Francisco. De acordo com o secretário-geral do Instituto
Histórico e Geográfico de Minas Gerais, Jorge Lasmar, a igreja está
em precário estado de conservação.
Segundo João Batista de Almeida Costa, a escassez
de alimentos na região das minas quase comprometeu a exploração do
ouro na virada do século 18. Há relatos de cadáveres encontrados nas
estradas com uma pepita de ouro em uma mão e uma espiga de milho na
outra mão. "Uma vaca em pé chegava a custar dois quilos de ouro",
ilustrou o antropólogo. Para acabar com a fome nas minas, em 1702 a
Coroa Portuguesa proibiu os currais do São Francisco de vender carne
para Salvador.
A capitania das Minas Gerais, unindo territórios
pertencentes a São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, seria criada em
1720, como forma de aumentar o controle sobre a produção de ouro e
coibir o contrabando. Os territórios na margem esquerda do São
Francisco, que pertenciam a Pernambuco, só seriam incorporados a
Minas Gerais em 1836. Foi uma retaliação do Império à tentativa de
criação da Confederação do Equador, movimento republicano que teve
origem no Recife.
A criação da capitania das Minas Gerais representa
a integração entre as regiões das minas e dos campos gerais, segundo
João Batista de Almeida Costa. "A articulação das duas regiões
propiciou a consolidação da sociedade mineira. Minas Gerais é o
coração simbólico do Brasil, pois congrega a síntese da diversidade
brasileira", explicou.
Presenças - Deputados
Tadeu Martins Leite (PMDB), presidente; Romel Anízio (PP), vice;
Luiz Henrique (PSDB), Tenente Lúcio (PDT) e Paulo Guedes
(PT).
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