Produtores de queijo do Vale do Aço questionam leis sanitárias

Restrições impostas pelos órgãos de vigilância sanitária para a comercialização de queijos e outros produtos artesana...

28/06/2011 - 00:02
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Produtores de queijo do Vale do Aço questionam leis sanitárias

Restrições impostas pelos órgãos de vigilância sanitária para a comercialização de queijos e outros produtos artesanais em feiras livres e falta de recursos financeiros e de técnicos para adaptação às exigências legais para a habilitação sanitária dos produtos. Essas foram as principais queixas apresentadas pelos pequenos produtores rurais da região do Vale do Aço, em reunião conjunta das Comissões de Política Agropecuária e Agroindustrial, de Assuntos Municipais e Regionalização e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta terça-feira (28/6/11) na Câmara Municipal de Ipatinga.

O representante da Associação dos Feirantes de Ipatinga, Jonhson Werley de Assis, reclamou das exigências para a comercialização dos queijos artesanais. Segundo ele, uma das restrições diz respeito à proibição das sacolas que estavam sendo usadas para embalar os produtos, que teriam sido consideradas impróprias. Para Jonhson, não foram feitos estudos para comprovação. "São sacolas fabricadas por indústrias, que não contaminam os alimentos. Não concordamos com a proibição", protestou.

O chefe do Serviço de Inspeção Federal (SIF) em Minas Gerais, Clério Alves da Silva, disse que a preocupação com a segurança dos alimentos é crescente entre os consumidores e que o objetivo é regularizar a produção artesanal. A coordenadora de Vigilância Sanitária da Superintendência Regional de Saúde de Coronel Fabriciano, Sílvia Regina Gallo Araújo Lima, declarou que a Vigilância deve fazer o controle e a fiscalização dos alimentos para evitar riscos à saúde pública. Sílvia disse que, muitas vezes, esse trabalho não é compreendido, pois o órgão atua numa área de conflito de interesses. "Se a Vigilância não atua, está sendo omissa; se atua, é mal compreendida", comentou.

Produtores temem perda das tradições

O prefeito de Mesquita, José Euler, disse que as restrições sanitárias podem acabar com a tradição de produção artesanal de queijos. Ele mencionou que isso já aconteceu com a cachaça da região, que teve sua produção local reduzida devido à legislação sanitária para o setor. Na avaliação do prefeito, a lei atenderia apenas às grandes empresas do setor de laticínios.

"Há muitos anos, no tempo do meu pai, nós já fabricávamos o queijo", relatou o vereador José Geraldo Amigão, que defendeu o fortalecimento das tradições. Ele, que possui quatro supermercados na cidade, queixou-se de não poder comercializar os queijos da família em seus estabelecimentos.

A feirante Tereza Dias também criticou a legislação, alegando que ela "trata de forma igual os desiguais" e que, portanto, seria injusta. Ela lembrou que as dificuldades para a habilitação sanitária dos produtores rurais afeta também os feirantes. Ela defendeu, ainda, a produção artesanal do queijo, "um patrimônio intelectual do nosso Estado".

Falta de recursos - Conforme os produtores, o principal entrave para a regularização sanitária das pequenas propriedades são os altos custos para adequação à legislação vigente. Ao esbarrar em dificuldades para a comercialização de seus queijos, a produtora rural Rita de Cássia procurou o escritório do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) de Inhapim para saber como conseguir a habilitação sanitária. Foi informada de que havia apenas um produtor em situação regular e que precisaria de um investimento de cerca de R$ 50 mil para conseguir montar a mesma estrutura. Diante disso, ela desistiu do processo.

Deputados reconhecem dificuldades para a produção de queijo

A autora do requerimento para a reunião, deputada Rosângela Reis (PV), que preside a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social, disse que o assunto é complexo e o debate é mais amplo do que se pensa, pois a questão envolve aspectos como as dificuldades enfrentadas pelos pequenos produtores e pelos feirantes e a saúde do consumidor.

A deputada ressaltou a importância de se garantir produtos de qualidade para a população, mas considera a atual legislação para a habilitação sanitária muito severa, o que dificulta a regularização da maioria dos pequenos produtores. "A legislação tem que existir respeitando todos os lados", afirmou. Para a deputada, além do impacto econômico, as restrições podem gerar problemas sociais, como aumento do êxodo rural.

O presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial, deputado Antônio Carlos Arantes (PSC), mencionou que é comum os produtores permanecerem irregulares devido ao alto custo de um projeto de adequação sanitária. Ele disse que a questão já vem sendo discutida na Assembleia, e que foi aprovado projeto de lei para a agroindústria de pequeno porte, que reduziria os custos para a adequação sanitária. Entretanto, o deputado admitiu que ainda é preciso avançar.

Presenças - Deputado Antônio Carlos Arantes (PSC), presidente da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial; e deputada Rosângela Reis (PV), presidente da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social. Além dos citados na matéria, estiveram presentes o gerente regional da Emater, Ronaldo Lima; e a coordenadora de Agregação de Valor e Geração de Renda da Subsecretaria de Agricultura Familiar, Ana Helena Machado Junqueira.

 

 

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