ANP e Petrobras defendem potencial de gás da Bacia do São
Francisco
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) e a Petrobras
são entusiastas do potencial de gás da bacia do Rio São Francisco.
Mas deixam claro que é preciso uma resposta rápida sobre sua
viabilidade econômica, e esta resposta só será possível após os
estudos de volumetria que algumas concessionárias de áreas de
exploração no Norte de Minas estão fazendo. As informações foram
prestadas na audiência pública da Comissão de Minas e Energia da
Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizada nesta quinta-feira
(16/6/11).
Vários técnicos, especialistas e parlamentares
expuseram sobre o tema na audiência solicitada pelos deputados Arlen
Santiago (PTB) e Luiz Henrique (PSDB) com o objetivo de discutir e
ações para a exploração de gás natural na Bacia do São Francisco. As
principais conclusões são de que há a incidência de gás em diversos
municípios e é preciso um investimento maior em pesquisa.
Segundo a representante da ANP, Kátia Duarte, as
prospecções no Norte de Minas, feitas por empresas como Petrobras e
Shell e consórcios liderados por Cemig e Codemig mostram que há
potencial. Alguns poços já perfurados em Buritizeiro, João Pinheiro
e Brasilândia de Minas acusaram a presença de gás. Mas, como ela
destacou, há vários fatores que precisam ser levados em
consideração, como aspectos morfológicos da rocha produtora e da
rocha armazenadora, e a viabilidade econômica, só determinada pela
volumetria.
A ANP concedeu blocos de exploração abrangendo 115
municípios mineiros (nas regiões Norte, Noroeste, Central e Alto
Paranaíba), que segundo Kátia Duarte, já estão sendo beneficiados
economicamente pelos investimentos iniciais das empresas. O mais
novo poço, a ser perfurado a partir deste sábado (18) pela empresa
Petra, será em Corinto (Região Central do Estado).
Petrobras e Cemig detêm autorizações de
perfuração
A Petrobras arrematou cinco blocos na Bacia do São
Francisco. Dos quatro já perfurados, três apresentam indícios de
gás, segundo a representante da empresa, Elizabeth Vieira Machado.
Coordenadora do Projeto Exploratório da Bacia do São Francisco, ela
informou que a exploração abrange 11 municípios, numa área de
concessão de 11,7 mil quilômetros quadrados.
O primeiro poço, em Brasilândia de Minas (região
Noroeste), levou sete meses de prospecção e consumiu investimentos
de R$ 30 milhões. O segundo, ainda em investigação, no município
vizinho de João Pinheiro, tem estimativa de investimentos de R$ 40
milhões. A concessão da empresa termina em 2012, prazo concedido nas
regras da ANP e considerado muito curto, segundo ela, para
prospecção em área de nova fronteira, como é o caso da Bacia do São
Francisco.
Detentora de parcela de exploração de quatro
blocos, em consórcio com a Codemig, Ortemg, Sipet e Imetame, a Cemig
tem investimentos previstos de R$ 21 milhões, do total de R$ 84
milhões do consórcio. Os blocos abrangem 19 municípios, numa área de
3 mil quilômetros quadrados, e seu prazo frente à ANP é até 2013.
"Mas a empresa espera agilizar os estudos e adiantar para 2012 os
estudos", afirmou a superintendente de Gás da Cemig, Mônica
Cordeiro.
O secretário de Estado de Desenvolvimento dos Vales
do Jequitinhonha e Mucuri e Norte de Minas, Gil Pereira, detalhou os
estudos que estão sendo feitos pelas diversas empresas
concessionárias. Ele informou ainda que há a intenção de se instalar
duas termelétricas após os estudos de volumetria. Segundo ele, até
final do ano, dez poços estarão em perfuração, totalizando
investimentos de cerca de R$ 120 milhões.
Parlamentares temem que Minas não seja
priorizada
Para os autores dos requerimento da audiência,
deputados Arlen Santiago e Luiz Henrique, há necessidade de a
informação ser divulgada para a população, e que Minas Gerais não
seja preterida na questão dos investimentos. Arlen Santiago foi
enfático em dizer que é preciso que a ANP dê explicações sobre as
ocorrências, investimentos e prazos. O parlamentar também cobrou que
sejam explicitados os interesses, que segundo ele, impedem os
investimentos na exploração do gás natural em Minas.
Luiz Henrique preocupou-se, além disso, com a
questão da logística. Para ele, não é possível que o desenvolvimento
de Minas não passe pela reativação da malha ferroviária. "Não dá
mais para ficar mandando nosso minério por mineroduto ou pelas
rodovias", acrescentou. Ele lembrou que a bacia do São Francisco tem
potencial de gás similar ao da Sibéria, na Rússia, segundo ele o
maior dos mundo.
Outros dois parlamentares, Tiago Ulisses (PV) e
Duílio de Castro (PMN), destacaram a importância da exploração do
gás para o desenvolvimento do Norte de Minas. Os deputados federais
Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Bernardo Santana (PR-MG) pediram que o
novo empreendimento comece imediatamente e venha acompanhado de
agregação de valor.
Lideranças cobram informações
Lideranças locais do Norte de Minas reclamaram da
falta de informações sobre o potencial do gás natural na região. O
prefeito de Ubaí, Marco Antônio Andrade, cobrou uma resposta das
empresas e lamentou a falta de interesse na área conhecida como
"remanso do fogo", onde o gás aflora na superfície do Rio São
Francisco.
Segundo o vereador José Pereira Neto, de Coração de
Jesus, grupos empresariais já adquiriram milhares de hectares de
terras em São Romão por preços acima do mercado, e a prefeitura
ainda não tem nenhuma informação sobre a exploração de gás no
município.
O diretor de Mineração da Codemig, Marcelo Nassif,
disse que o temor da empresa é de que Minas não esteja entre as
prioridades da ANP. Genival Tourinho, presidente da fundação do
mesmo nome, afirmou que hás muitos interesses econômicos por trás do
modelo de importação do gás pelo Brasil. Ele disse que é absurdo até
hoje não haver uma decisão de exploração comercial do gás do Norte
de Minas, que já teria reservas comprovadas desde 1925.
Já o presidente da Federação das Indústrias de
Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado, pediu regras claras para o novo
empreendimento, nas áreas fiscal e ambiental, com desoneração do
ICMS na fase de prospecção.
O presidente da Comissão de Minas e Energia,
deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), destacou a qualidade do debate e a
importância de que os interesses do Estado sejam defendidos.
Presenças - Deputados Sávio
Souza Cruz (PMDB), presidente; Tiago Ulisses (PV), vice; Duílio
Castro (PMN), Bosco (PTdoB), Arlen Santiago (PTB), Luiz Henrique
(PSDB) e Duarte Bechir (PMN).
|