Leis sobre condomínios são inconstitucionais, diz especialista

Em audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais so...

15/06/2011 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Leis sobre condomínios são inconstitucionais, diz especialista

Em audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais sobre a legalidade dos loteamentos fechados em Lagoa Santa (Região Metropolitana de Belo Horizonte), a diretora do Instituto dos Arquitetos do Brasil e do Sindicato dos Arquitetos do Estado, Dorinha Alvarenga, garantiu, nesta quarta-feira (15/6/11), que as leis municipais que disciplinam os chamados "condomínios fechados" são inconstitucionais. O debate foi solicitado pela deputada Liza Prado (PSB).

A diretora explicou que o Direito Urbanístico é uma atribuição da União, citando toda a legislação federal que trata do uso e do parcelamento do solo. Apesar disso, ela reconheceu que os loteamentos fechados são uma realidade e que não dá para simplesmente suprimir esses espaços. "O desafio é fazer com que o que acontece de fato tenha um respaldo legal", afirmou, garantindo que não tem uma postura pessoal contrária à existência dos condomínios.

O presidente da Associação dos Condomínios de Lagoa Santa, Paulo Roberto Delgado Costa Reis, tem uma visão diferente. Ele disse que os loteamentos na cidade são submetidos a uma lista muito grande de exigências legais antes de serem autorizados. "Lutamos há 30 anos para ter uma base legal que legitimasse os condomínios", disse ele, citando as leis municipais construídas inclusive com a participação do Ministério Público local.

Costa Reis destacou ainda a integração dos loteamentos à vida da cidade. Segundo ele, os condomínios de Lagoa Santa empregam diretamente 4.800 pessoas. Além disso, os moradores desses espaços contribuem com uma taxa anual que chega a R$ 700 mil aos cofres municipais, além do IPTU.

Ao concordar com as palavras do presidente da associação, a secretária-adjunta de Desenvolvimento Econômico de Lagoa Santa, Célia Cafaggi, destacou que a existência dos loteamentos fechados no município tem sido positiva. A cidade teve um crescimento populacional da ordem de 39% nos últimos 10 anos.

Vizinhos reclamam de exclusão social e abuso de poder

A audiência contou também com a participação de moradores de bairros de Lagoa Santa e Caeté (Região Metropolitana de Belo Horizonte), que se sentem prejudicados pela presença dos loteamentos fechados em suas cidades. Fernando Pereira Gomes Neto, ex-vereador de Lagoa Santa, reclamou do que chamou de "avanço desordenado" dos condomínios, o que provoca a expulsão para áreas cada vez mais periféricas das famílias que não têm dinheiro para viver neles. "É preciso fazer mais por quem pode menos", afirmou.

Já o vice-presidente da Associação Comunitária do Bairro Quintas da Serra, em Caeté, Luiz Humberto Carvalho de Lorena, acusou os poderes Executivo e Legislativo da cidade de serem coniventes com supostos abusos praticados pelos empreendedores do condomínio Quintas da Serra. Entre as irregularidades apontadas estão a cobrança indevida pelo fornecimento de água proveniente de poços artesianos perfurados em via pública e fraude no registro junto ao Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).

O objetivo da reunião, de acordo com a autora do requerimento, deputada Liza Prado, foi colher subsídios para a possibilidade de o Estado criar uma legislação que contemple todos os lados da questão. Ela lembrou que o processo de urbanização desordenada traz problemas "gravíssimos" de ordem social, econômica e ambiental. De autoria da deputada, a comissão aprovou requerimento para envio de pedido de informações à Agência Metropolitana da Região Metropolitana de Belo Horizonte sobre os procedimentos administrativos e legais sobre a aprovação de loteamentos fechados.

Requerimentos - A comissão aprovou outros dez requerimentos durante a reunião. A deputada Rosângela Reis (PV) pediu uma audiência pública conjunta com as comissões do Trabalho, da Previdência e da Ação Social e de Política Agropecuária e Agroindustrial para debater a venda e a distribuição do queijo artesanal mineiro nas feiras livres de Ipatinga (Vale do Rio Doce) e região. A parlamentar também pretende discutir os problemas enfrentados pelos produtores devido à legislação vigente.

O deputado Elismar Prado (PT) pediu a participação das comissões de Minas e Energia e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável na audiência pública a ser realizada em Ituiutaba (Triângulo Mineiro) para que sejam apresentados os estudos da avaliação ambiental integrada da Bacia do Rio Tejuco.

Requerimento do deputado Hélio Gomes (PSL) pede uma audiência pública para debater a necessidade de inclusão da microrregião de Governador Valadares e Aimorés no Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene).

Um debate sobre a elevação de 22,5% para 26% do repasse da União para o Fundo de Participação dos Municípios é o objeto do requerimento do deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB). Ele pede que a reunião seja conjunta com a Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária.

Antônio Carlos Arantes (PSC) e Paulo Guedes (PT) pedem o encaminhamento ao presidente do Tribunal de Justiça de Minas e ao procurador-geral de Justiça das notas taquigráficas de uma audiência pública na qual foi debatido o desrespeito de servidores do Departamento de Estradas de Rodagem contra taxistas do Norte de Minas.

Quatro requerimentos do deputado Almir Paraca também foram aprovados. O primeiro pede a realização de uma audiência pública em Paracatu (Noroeste de Minas) para discutir a atuação da Copasa no município. O deputado também pediu o envio à Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae) das notas taquigráficas da audiência pública realizada pela comissão no último dia 3 de junho em Vazante (Noroeste de Minas), quando foram debatidas as ações da Copasa na cidade. O parlamentar solicitou ainda uma audiência com a Arsae para obter esclarecimentos quanto aos critérios de cobrança da taxa de esgoto nos municípios atendidos pela Copasa. O último requerimento de Paraca solicita o envio de um ofício à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) pedindo um relatório sobre o grau de pureza da água do município de Vazante.

Presenças - Deputados Almir Paraca (PT), presidente, Pompílio Canavez (PT), vice; e deputada Liza Prado (PSB). Participou também o diretor da Associação dos Condomínios de Lagoa Santa, Amaury de Araújo Colen.

 

 

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