Reunião sobre Energia do Bem vira debate de questões da Cemig

Voltada originalmente para tratar de um programa de eficiência energética da Cemig, Energia do Bem, a audiência da Co...

13/06/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Reunião sobre Energia do Bem vira debate de questões da Cemig

Voltada originalmente para tratar de um programa de eficiência energética da Cemig, Energia do Bem, a audiência da Comissão de Minas e Energia desta segunda-feira (13/6/11) acabou se voltando para o debate das deficiências da empresa. O autor do requerimento pela reunião na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Rogério Correia (PT), aproveitou a oportunidade para criticar a atuação da Cemig na correção dos danos causados pelo temporal na última quinta-feira (9), na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Quanto aos programas de eficiência energética da Cemig, Rogério Correia citou matéria do jornal Hoje em Dia a qual afirma que cerca de 30 políticos, a maioria ex-prefeitos de partidos da base governista, teriam sido contratados para divulgar esses projetos. Ele disse que o coordenador do Programa Energia do Bem, Higino Zacarias de Souza, tem processos na Justiça, um deles já julgado, o que estaria em desacordo com a Lei de Ficha Limpa estadual. Na avaliação do deputado, todos esses fatos caracterizariam o uso eleitoral do programa.

O gestor do Programa Energia Inteligente, da Cemig, Rodolfo de Souza Monteiro, explicou que o Energia do Bem é apenas um no grande programa de eficiência energética da empresa, chamado Energia Inteligente. Segundo ele, o Energia do Bem, voltado para entidades filantrópicas, absorve 40% do total de recursos e os outros 60% vão para o projeto Conviver, destinado à população de baixa renda.

Rodolfo Monteiro destacou que o Energia do Bem tem ações voltadas para ampliação do uso de aquecimento solar e de melhoria de iluminação pública e equipamentos hospitalares. O programa doa equipamentos para aquecimento solar e troca os chuveiros convencionais em asilos e hospitais. Essa mudança propicia, de acordo com ele, redução de 65% a 75% nas contas de luz. Os hospitais também se beneficiam com outras ações, como a troca de equipamentos velhos de iluminação pública e de autoclaves (para esterelizar instrumentos cirúrgicos).

Ainda segundo Rodolfo Monteiro, a parceria com o Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) permitiu que todas as cerca de 1.400 entidades cadastradas na entidade fossem atendidas pelo Energia do Bem. Fazendo um balanço do programa, ele disse que, nos últimos três anos, foram investidos R$ 198 milhões, propiciando uma economia anual de 100 mil megawatts/hora, "o correspondente à produção de 21 usinas Marmelo, a primeira hidrelétrica construída pela Cemig".

Sindieletro considera tímido o programa

Jairo Nogueira Filho, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Energética do Estado (Sindieletro), mesmo reconhecendo o trabalho do gestor do programa, considerou a proposta tímida e aquém do que a população necessita. "Desde 2000, fazemos propostas pela eficiência energética na Cemig, mas não somos ouvidos", reclamou. Para ele, há questões estruturais em que a empresa não toca. "Se a rede fosse nova, subterrânea e isolada, já teríamos uma grande economia de energia", destacou, avaliando que os problemas com o temporal na RMBH seriam muito menores se a empresa investisse mais na manutenção da rede. Ele também questionou a contratação de ex-prefeitos para trabalhar no programa: "Será que eles estão preparados e têm formação para isso?"

O diretor de Formação e Cultura do Sindieletro, Leonardo Timóteo Antunes, avaliou que programas de distribuição de geladeiras e lâmpadas são maquiagens e completamente insuficientes. "Por que não se discute a tarifa social para hospitais?", acrescentou. Na sua opinião, em vez de realizar concurso público, a empresa piora gradativamente seu atendimento em função de contratar terceirizados, que ganham um terço do salário de um concursado.

Jairo Nogueira acrescentou que "não há tarifa social em Minas Gerais", com a cobrança de cerca de 30% de ICMS, enquanto estados como São Paulo cobram 12% e outros como o Paraná isentam do pagamento pessoas com consumo de até 100 kilowatts/hora no mês. Jairo acrescentou que, em 1988, a Cemig tinha 20 mil funcionários para atender 3 milhões de usuários e hoje, com 8 mil empregados, tem que atender 7 milhões de usuários. A sobrecarga, para ele, levou à morte de cinco eletricitários só neste ano. "É essa a empresa que tem a melhor energia do Brasil?", questionou.

O deputado Pompílio Canavez (PT) fez coro às críticas afirmando que na visita que ele, Rogério Correia e Liza Prado (PSB) fizeram ao Barreiro e outros bairros da Capital puderam constatar a indignação da população com o atendimento da Cemig. "O cliente liga várias vezes para a empresa e é atendido por uma gravação. Além disso, quedas de energia não ocorreram só depois da ventania de quinta-feira; o problema é recorrente", concluiu.

Secretário quer continuidade do projeto

O secretário de Estado de Desenvolvimento Social, o deputado Wander Borges, enalteceu o Energia do Bem, dizendo que todos deveriam sair da reunião com o sentimento claro da efetividade do programa. Ele defendeu a continuidade do projeto, que teria vindo ao encontro das necessidades de instituições assistenciais e filantrópicas.

Vários deputados saíram também em defesa do programa e da Cemig como um todo. Tiago Ulisses (PV) criticou o que considerou um desvio do tema da audiência por parte do deputado Rogério Correia. Ulisses elogiou o programa Energia do Bem por ter o foco na eficiência energética, considerado por ele o "combustível do futuro". O parlamentar disse que a oposição fazia críticas sistemáticas à Cemig e parecia estar querendo privatizar a companhia. "Não sei onde (os deputados da oposição) querem chegar. A Cemig tem comprado várias outras empresas e é hoje a segunda companhia energética do Brasil", afirmou.

Rebatendo a denúncia de que o programa estaria contratando políticos, Ulisses disse que essa prática também seria comum em Furnas e na Petrobrás e Rogério Correia não a condenava. Sobre o assunto, o deputado Arlen Santiago (PTB) lembrou que Furnas contrata não apenas ex-prefeitos, mas também candidatos que perdem a eleição, caso do Padre Preguinho, que disputou em João Pinheiro. Ele negou ainda que o projeto tenha caráter eleitoral, "já que beneficiou também cidades governadas por prefeitos do PT".

Duarte Bechir valorizou o que chamou de transparência e disposição para o debate por parte da Cemig, por vir à ALMG cinco vezes nos últimos dois meses. Ele também questionou Rogério Correia por não se ater ao tema da audiência pública. Sobre a permanência de Higino Zacarias no programa, Bechir disse que a Lei da Ficha Limpa estadual prevê um prazo de até três meses para que a pessoa que tem processo julgado saia do cargo. No caso do ex-prefeito, o prazo vence no dia 18/6.

O deputado Gustavo Valadares (DEM) reafirmou que "a Cemig tem a melhor energia do Brasil e uma das melhores do mundo". Referindo-se ao acidente que vitimou 16 pessoas em Bandeira do Sul, ele destacou que o inquérito sobre o caso apontou que foi uma fatalidade, tendo ocorrido o mesmo no temporal da quinta-feira.

O deputado João Vitor Xavier (PRP) afirmou que o Energia do Bem é vencedor e que por isso deve ser ampliado para beneficiar mais famílias: "O impacto não é só para as famílias beneficiadas; ele impacta a todos nós, que ganhamos em qualidade ambiental". O deputado Antônio Carlos Arantes (PSC) disse também que o projeto deve ser ampliado. E criticou o rumo que o debate tomou em determinado momento, "de críticas à Cemig, quando o objetivo da audiência era discutir os resultados do Energia do Bem".

Sávio Souza Cruz lamentou que a audiência tenha mostrado "mais uma vez como a base do Governo vem atuando para impor sua vontade. A maioria está cerceando o direito constitucional de os deputados da oposição solicitarem informações. Todos os requerimentos nesse sentido, de parlamentares da oposição, são derrotados". Ele disse que se sentiu frustrado com a audiência, "porque a discussão seguiu para um caminho errado, o de se o programa é positivo ou não, se pode ou não ser coordenado por ex-prefeitos".

Vários requerimentos de esclarecimentos e providências por parte da Cemig foram apresentados por Rogério Correia e Pompílio Canavez e serão apreciados na próxima reunião.

Presenças - Deputados Sávio Souza Cruz (PMDB), presidente; Tiago Ulisses (PV), vice, Antônio Carlos Arantes (PSC), João Vítor Xavier (PRP), Rogério Correia (PT), Duarte Bechir (PMN), Pompílio Canavez (PT), Gustavo Valadares (DEM) e Bonifácio Mourão (PSDB). Também participaram da reunião o técnico do Servas, Dener Nolasco; e o vereador de Belo Horizonte, Totó Teixeira.

 

 

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