Reivindicação de Apaes marcam debate do Plano Nacional de Educação

A presença de dezenas de militantes do movimento de defesa das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) ...

10/06/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Reivindicação de Apaes marcam debate do Plano Nacional de Educação

A presença de dezenas de militantes do movimento de defesa das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) marcou o Seminário da Comissão Especial da Câmara dos Deputados criada para analisar o Plano Nacional de Educação (PNE). O evento foi realizado nesta sexta-feira (10/6/11), no Auditório da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A Comissão Especial do PNE tem percorrido os estados para recolher sugestões ao Projeto de Lei Federal 8.035/10, do Governo Federal, que institui o plano.

A proposição foi enviada ao Congresso Nacional em dezembro pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e, atualmente, tramita na Comissão Especial. Ele estabelece dez diretrizes para a educação nacional no período de 2011 a 2020, que se desdobram em 20 metas. O alvo das críticas do movimento das Apaes é a Meta 4, que propõe universalizar, na rede regular de ensino, o atendimento escolar aos estudantes de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos no desenvolvimento ou superdotados. Isso significa um reforço à inclusão desses alunos em escolas regulares, em detrimento das instituições de educação especial, como as Apaes, entidades privadas e sem fins lucrativos, criadas para atender crianças e adolescentes com deficiência intelectual.

A execução da Meta 4 tende a esvaziar o papel dessas associações e reduzir o volume de recursos públicos destinados a elas. No seminário, dirigentes de Apaes de diversos municípios do Estado e pais de alunos, alguns deles acompanhados dos filhos, lotaram o auditório e os corredores anexos. Eles vieram reivindicar aos deputados da Comissão Especial a mudança da Meta 4. Defenderam que os pais tenham o direito de escolher onde matricular os filhos, se nas escolas regulares ou de educação especial. Os militantes das Apaes alegam que a maioria das instituições regulares de ensino não estão preparadas para receber alunos com deficiência, por falta de recursos pedagógicos e de professores capacitados.

O presidente da Apae de Florestal (Região Central), Alisson Vinicius da Silva Pinto, deu seu próprio exemplo do trabalho realizado por essas associações. Ele é o primeiro presidente de Apae com deficiência intelectual. Disse que, ao começar a estudar na instituição, tinha dificuldades de falar, andar e até se vestir sozinho, e hoje leva uma vida normal. Admilson Marins, que tem deficiências motoras e na fala, afirmou, com a ajuda de um intérprete, que a ideia de educação inclusiva que orienta o PNE não deveria inviabilizar a educação especial. Para ele, essas duas modalidades são complementares.

De acordo com o site da Federação Nacional das Apaes, existem 2 mil associações em todo o País, que atendem 250 mil pessoas com deficiência.

Movimentos pedem 10% do PIB na educação

O relator do PL 8.035/10 na Comissão Especial do PNE, deputado federal Ângelo Vanhoni (PT-PR), disse que vai analisar as reivindicações recebidas. Segundo ele, a presença do movimento das Apaes tem sido uma constante nos seminários realizados nos estados. Outra reivindicação que se repetiu em Minas, de acordo com o relator, é o aumento do percentual do Produto Interno Bruto (PIB) a ser aplicado na educação. Atualmente, o poder público investe cerca de 5% do PIB na área. O PNE prevê a elevação gradual desse investimento para 7% do Produto Interno Bruto, até 2020. Sindicatos e movimentos sociais defendem a alteração da meta para 10% do PIB.

Vanhoni afirmou que dará especial atenção a medidas que resultem no aumento da qualidade do ensino. "É muito importante trazer as crianças para a escola, mas que tipo de educação estamos dando a elas? Precisamos de uma educação de qualidade, porque sabemos que hoje há alunos que terminam o ensino fundamental e não sabem ler e fazer uma operação matemática", declarou.

O deputado federal Eduardo Barbosa (PSDB-MG), também integrante da Comissão Especial, destacou o fato de que o PNE terá impacto na educação brasileira ao longo de dez anos. Por isso, segundo ele, é importante ouvir as sugestões da sociedade para aperfeiçoar o plano.

O presidente da Comissão de Educação da ALMG, deputado Bosco (PTdoB), defendeu que o PNE seja um instrumento de inclusão e de melhora da qualidade do ensino. Para ele, o País avançou nos últimos anos na área de educação, mas ainda não atingiu o patamar desejado pela sociedade.

Papel da União - O seminário contou também com a participação de quatro representantes da área, que falaram sobre temas diversos contidos no PNE. O professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC Minas, Carlos Roberto Jamil Cury, disse esperar que União tenha um papel mais efetivo no financiamento e no estabelecimento de diretrizes, em vez de delegar a maioria das responsabilidades a estados e municípios.

A subsecretária de Desenvolvimento da Educação Básica do Estado, Raquel Elizabete de Souza Santos, também defendeu maior participação da União e a ampliação da oferta de educação em horário integral. Segundo ela, o Brasil tem uma das mais baixas cargas horárias de ensino.

A diretora-executiva da União dos Dirigentes Municipais de Educação de Minas, Suely Rodarte, fez coro às Apaes e propôs que a Meta 4 seja alterada, no sentido de garantir a sobrevivência dessas associações. Assim como os palestrantes anteriores, também disse que as responsabilidades e custos devem ser compartilhados entre União, estados e municípios.

A coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas, Beatriz Cerqueira, defendeu a valorização dos profissionais da área. "Todo mundo quer falar sobre educação, quer legislar sobre educação, mas ninguém procura saber a realidade de quem está no dia a dia da educação", declarou.

Também estiveram presentes no seminário os deputados estaduais Carlin Moura (PCdoB) e Rogério Correia (PT) e os deputados federais Gilmar Machado e Weliton Prado, ambos do PT-MG.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - www.almg.gov.br

Rua Rodrigues Caldas,30 :: Bairro Santo Agostinho :: CEP 30190 921 :: Belo Horizonte :: MG :: Brasil :: Telefone (31) 2108 7715