Médicos de Muriaé defendem aumento dos recursos do SUS
O aumento dos recursos para financiamento do
Sistema Único de Saúde (SUS) repassados aos hospitais e médicos foi
defendido em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais, realizada em Muriaé, Zona da Mata,
nesta quinta-feira (9/6/11). Representantes de médicos e hospitais
afirmaram que a manutenção da qualidade do atendimento prestado
atualmente no município depende de mudanças no financiamento da
saúde no Brasil. Na reunião, foi apresentado um diagnóstico da
situação da saúde na cidade, em especial do atendimento prestado
pelo Hospital São Paulo, pelo Hospital do Câncer de Muriaé e pelo
Prontocor.
O diretor clínico da Casa de Caridade de Muriaé -
Hospital São Paulo, Raimundo Soares de Paula, afirmou que a grave
situação da saúde no Brasil está ligada a gestão dos recursos pelo
poder público. Ele criticou os municípios, por não se envolverem
diretamente com a questão da saúde, e a gestão dos demais governos.
"Os governos Estadual e Federal não respeitam as instituições. As
decisões são tomadas de cima para baixo, e os hospitais nunca são
consultados", disse.
Raimundo de Paula defendeu um aumento emergencial
dos recursos destinados ao SUS e apresentou os números do Hospital
São Paulo, mostrando como os recursos recebidos através do SUS não
são suficientes para pagar os procedimentos realizados.
O autor do requerimento para a reunião, deputado
Doutor Wilson Batista (PSL), considerou que o Brasil é um dos países
com menor financiamento na Saúde, cerca de 8% do Produto Interno
Bruto (PIB), enquanto a média mundial é de 15%. "O SUS está há 15
anos sem receber nenhum aumento de financiamento. Essa falta de
investimentos públicos está levando ao fechamento de hospitais e a
um aumento da precariedade no atendimento à população", disse.
O deputado federal Lael Varella (DEM-MG) defendeu a
união da população, dos profissionais da saúde e dos municípios,
Estado e União para resolver os problemas na área da saúde.
Médicos - O diretor do
Hospital São Paulo também criticou os valores dos honorários que são
pagos aos médicos, além da falta de condições de trabalho. "Não
temos condições adequadas de trabalho. O profissional que trabalha
na urgência e emergência sofre grande risco de contágios de doenças
contagiosas", considerou.
Para resolver o problema da saúde, Raimundo de
Paula sugeriu a adoção de um modelo de gestão pública mais
democrática, uma maior participação do poder municipal local e dos
municípios vizinhos, o reaparelhamento dos prontos-socorros e uma
maior participação do Governo Federal.
O representante do Conselho Regional de Medicina,
Antônio Dírcio Silveira, também defendeu mudanças no modelo de
gestão, com a participação direta dos médicos nas decisões, e o
aumento dos recursos repassados ao SUS.
Instituição deveria ser classificada como hospital
regional
O reconhecimento do Hospital São Paulo como um
hospital regional foi defendida pelos parlamentares presentes na
reunião. Os deputados Doutor Viana (DEM) e Doutor Wilson Batista
afirmaram que o hospital já presta um atendimento aos municípios da
região e que, por tanto, deveria ser reconhecido pelo governo como
um hospital regional.
De acordo com os dados de Raimundo de Paula, o
Hospital São Paulo possui atualmente 202 leitos, sendo 147 para
atendimento do SUS e 55 para atendimento particular ou de convênio.
O hospital fica aberto 24 horas e presta atendimento a Muriaé e a
cerca de 100 municípios.
O deputado Doutor Wilson destacou que o Hospital
São Paulo presta hoje um atendimento de alta qualidade aos
municípios da região, mas que para manter essa realidade é preciso
aumentar os recursos públicos destinados à saúde.
O secretário municipal de Saúde de Muriaé, Marcos
Guarino de Oliveira, falou que era construída em Muriaé uma Unidade
de Pronto Atendimento (UPA), que vai contribuir para melhorar o
atendimento de urgência e emergência e desafogar o Hospital São
Paulo. Ele destacou que, apesar de ser responsável pela atenção
básica, a prefeitura municipal procura atuar em parceria com os
hospitais.
O superintendente regional de Saúde de Juiz de
Fora, Cláudio Reis, afirmou que Minas Gerais já evoluiu em termos de
planejamento na área da saúde, mas que ainda há desafios a serem
superados. Ele concordou com as colocações de que é necessário
aumentar os recursos destinados à saúde, especialmente com um
reajuste das tabelas do SUS de pagamento por procedimento.
Hospital do câncer também atende pacientes da
região
Na audiência, também foi apresentado o trabalho
desenvolvido pela Fundação Cristiano Varella, que mantém o Hospital
do Câncer de Muriaé, também procurado por pacientes de outras
cidades e até de outras regiões do Estado. Segundo dados
apresentados pelo diretor da Fundação Cristiano Varella, Sérgio
Henriques, o hospital possui atualmente 144 leitos, além de 138
leitos na casa de apoio.
Trabalham na instituição 49 médicos, que realizam
uma média de 340 cirurgias e 6 mil consultas por mês. Sérgio
Henriques apresentou números mostrando como a cada ano vem crescendo
a procura pelo Hospital do Câncer de Muriaé. Ele explicou que a
instituição procura manter sempre um planejamento projetando o seu
crescimento, o que contribui para o bom atendimento ao paciente. O
deputado Doutor Wilson Batista considerou que a instituição é um
exemplo em Minas Gerais. "A Fundação Cristiano Varella mostra como a
organização e o planejamento podem mudar o cenário da saúde no nosso
Estado", disse.
Prontocor - Na reunião,
também foi discutido o trabalho desenvolvido pelo hospital Prontocor
em Muriaé, que possui 100 leitos e presta atendimentos na região na
área de cardiologia. O diretor do Prontocor, Odilon Carvalho,
lamentou o fato de que o Estado deve hoje mais de R$ 2 milhões de
reais de serviços prestados ao hospital. "Atendemos os pacientes e
não recebemos o pagamento pelo serviço prestado", disse.
O diretor regional de Saúde de Ubá, Franklin
Leandro Neto, afirmou que o governo do Estado tem feito
investimentos na área da saúde em Minas Gerais. Ele destacou que o
atendimento prestado pelas instituições de saúde do município de
Muriaé é hoje uma referência para todo o Estado. O deputado Doutor
Viana (DEM) também afirmou que Muriaé é uma cidade privilegiada por
contar com várias instituições de saúde, mas defendeu que sejam
repassados os recursos necessários para manter a qualidade no
atendimento prestado pelo município.
Presenças - Deputados
Doutor Wilson Batista (PSL) e Doutor Viana (DEM). Além dos
convidados já citados o presidente da Sociedade Médica de Muriaé,
Manoel Torres Neves Neto; o presidente da União das Associações
Médicas, Delano Carlos Carneiro; o promotor de Justiça de Muriaé,
José Gustavo; e o diretor do Hospital São Paulo, Messias
Vardieiro.
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