Assembleias articulam esforço comum para aprovação de PEC

A mobilização pela aprovação, no Congresso Nacional, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da República que ampl...

09/06/2011 - 00:03
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Assembleias articulam esforço comum para aprovação de PEC

A mobilização pela aprovação, no Congresso Nacional, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da República que amplia a competência legislativa dos Estados foi a prioridade do XIV Encontro do Colegiado de Presidentes das Assembleias Legislativas, em Goiânia, nesta quinta-feira (9/6/11). Na abertura do evento, o presidente do Colegiado e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), convidou os colegas de todo o País a promoverem um esforço conjunto em favor da aprovação da PEC, que permitiria aos Estados legislar sobre direito processual, assistência social, trânsito e transporte, propaganda comercial e direito agrário.

O encontro ocorreu na Assembleia Legislativa de Goiás, pela manhã e à tarde. "É muito importante essa nossa união, nossa sinergia em busca dessas metas. O que queremos é trabalhar melhor, com mais competência", afirmou Dinis Pinheiro, ressaltando que as modificações propostas permitem que as demandas da população sejam atendidas de forma mais rápida e adequada às realidades regionais.

Em um almoço no Palácio das Esmeraldas, sede do Poder Executivo, o governador Marconi Perillo (PSDB) declarou seu apoio à proposta dos parlamentares. "Nós fingimos que vivemos em uma Federação, mas, na verdade, nunca o poder foi tão centralizado no Brasil. Por isso, desde já eu apoio a PEC apresentada pelas Assembleias", afirmou o governador.

Carta de Goiânia relaciona descentralização e combate à pobreza

Ao final do encontro, deputados aprovaram a Carta de Goiânia (veja íntegra ao final), na qual, além da aprovação da PEC, defendem a revisão das regras de pagamento das dívidas dos Estados com a União e a regulamentação da Emenda 29, que trata do percentual constitucional de investimentos na área da saúde. No documento, os representantes dos 12 Parlamentos argumentam que só a descentralização legislativa pode viabilizar um combate eficiente à pobreza e à desigualdade regional.

Foi aprovada também uma moção de solidariedade ao estado de Roraima, pelos prejuízos e mortes causados pelas chuvas e alagamentos nesta semana. O apoio foi solicitado pelo deputado Chico Guerra, presidente da Assembleia de Roraima, que não compareceu ao encontro do Colegiado em função da tragédia.

Além de Dinis Pinheiro, participaram do encontro em Goiânia os presidentes das Assembleias Legislativas de Goiás, Jardel Sebba; do Amazonas, Ricardo Nicolau; do Rio Grande do Norte, Ricardo Mota; de São Paulo, Barros Munhoz; do Piauí, Themístocles Filho; do Acre, Elson Santiago; de Alagoas, Fernando Toledo; do Maranhão, Arnaldo Melo; e de Pernambuco, Guilherme Uchoa.

Também estavam presentes representantes das Assembleias de Santa Catarina, Juarez Ponticelli e Jailson Lima; e do Mato Grosso, Adalto de Freitas e Hermínio J. Barreto; e o presidente da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), Luís Schafer Tchê, do Acre. Acompanharam ainda o encontro os deputados mineiros Gustavo Corrêa (DEM), Carlos Mosconi (PSDB), Duarte Bechir (PMN) e Bonifácio Mourão (PSDB).

Congresso - Na quarta-feira (8), os representantes das Assembleias entregaram pessoalmente ao presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), o texto da PEC que amplia as prerrogativas estaduais, momento classificado como histórico por Dinis Pinheiro. Apesar da receptividade mostrada pelo senador, para o deputado só o engajamento maciço dos estados viabilizará sua aprovação.

A convocação pela unidade foi endossada pelo presidente da Assembleia de Goiás, deputado Jardel Sebba. "Legislativo forte é sinônimo de sociedade forte. É o Poder mais próximo ao cidadão", declarou. Já o presidente da Unale, Luís Tchê, afirmou que, ao entregar a PEC ao Congresso, as Assembleias deixam de apenas se queixarem das limitações que lhes são impostas e partem para a ação. "As Assembleias têm ficado no muro das lamentações. Agora passamos à prática. Quem está cobrando as prerrogativas não somos nós, é o povo pobre de nossos estados", disse Tchê.

Hoje, cabe apenas à União legislar sobre as questões previstas na PEC. Com a mudança, as Assembleias Legislativas assumiriam competência concorrente à da União, ou seja, caberia ao Congresso estabelecer apenas normas gerais, enquanto os Estados e o Distrito Federal poderiam regulamentá-las de forma adequada às peculiaridades regionais.

Dívida - Com relação às dívidas estaduais, Dinis Pinheiro destacou que a taxa de juros adotada transforma os Estados em financiadores da União. Entre fevereiro de 1998 e fevereiro de 2011, o IGP-DI, que corrige as dívidas estaduais, atingiu 209,64%. Já o IPCA, que corrige a maior parte das dívidas da própria União, registrou 124,85%. "Minas tinha uma dívida de R$ 17 bilhões, já pagou 18 e hoje, a dívida está em R$ 54 bilhões. O que a União está fazendo, com todo o respeito, é uma política de agiotagem. É uma das taxas de juros mais elevadas do mercado mundial", afirmou o deputado.

Uma das propostas defendidas pelos representantes das Assembleias é que os recursos destinados ao pagamento dos juros sejam destinados a um Fundo Especial para Erradicação da Pobreza, de forma que os recursos retornem ao estado de origem. Esse fundo seria gerido de forma especial, sem que os recursos passassem pelo caixa único. A devolução dos recursos aos estados não prejudicariam o caixa do Tesouro, que continuaria a computar como pagas as parcelas da dívida, garantindo seu saldo contábil.

Homenagem - À noite, após a conclusão dos trabalhos na Assembleia de Goiás, os parlamentares voltam a se reunir em um jantar oferecido pelo presidente do Legislativo goiano, quando será homenageado o vice-governador de Minas e presidente de honra do Colegiado de Presidentes de Assembleias, Alberto Pinto Coelho.

CARTA DE GOIÂNIA

14º Encontro do Colegiado de Presidentes das Assembleias Legislativas Brasileiras

"Por uma Federação de verdade."

Os Presidentes das Assembleias Legislativas brasileiras, reunidos em Goiânia, em seu 14º Encontro, após análise da conjuntura política e econômica do País e do desenvolvimento dos trabalhos dos legislativos estaduais, manifestam:

1) O Brasil já se situa hoje, e é reconhecido como tal, entre as nações econômica e politicamente mais influentes do mundo e não pode mais conviver com a existência de uma em cada quatro famílias sobrevivendo com menos da metade de um salário mínimo por mês, como apontam os dados do IBGE. A atual conjuntura nacional é extremamente favorável a que o País elimine no curto prazo essa vergonhosa mancha, tarefa que não pertence a governos ou partidos, mas deve engajar e empolgar toda a sociedade.

2) As Assembleias estaduais, cientes de sua responsabilidade nesse processo, já têm tomado iniciativas positivas a respeito, mas sentem sua atuação extremamente limitada, pela excessiva concentração da prerrogativa legislativa em mãos do Congresso Nacional, repetindo o que ocorre com o governo da União em relação aos governos estaduais, sob o ponto de vista do Executivo. Diante disto, os Presidentes de Assembleias entendem ser absolutamente indispensável a rápida tramitação e aprovação da Proposta de Emenda à Constituição protocolada pelo Colegiado junto à Presidência do Congresso Nacional, no dia 8 de junho de 2011, com o objetivo de ampliar a competência legislativa das Assembleias, de forma concorrente com o próprio Congresso. A democracia brasileira, felizmente, já está consolidada; é hora agora de construir a verdadeira Federação de Estados da nossa República. A aprovação da PEC será um grande passo nessa direção.

3) Da mesma forma, os estados brasileiros encontram-se economicamente sufocados pela União. Não bastasse a excessiva concentração dos recursos no Tesouro Nacional, que supera a marca de 70% de toda a arrecadação tributária, os Estados convivem há mais de uma década com a cruel imposição do pagamento de sua dívida histórica, em condições absolutamente insuportáveis. Basta dizer que a União recebe dos Estados, sob a forma de juros e correção das dívidas, valores maiores do que os que paga, em juros e correção, por sua própria dívida. Urge, pois, a imediata revisão desse processo, o que, ao lado de outras medidas também indispensáveis, como a regulamentação da Emenda 29, irá desonerar os Estados e permitir a eles investirem em programas específicos de combate à pobreza e de redução das desigualdades regionais, mediante criação de um Fundo específico.

Diante de tais considerações, os Presidentes das Assembleias Legislativas brasileiras reiteram seu compromisso com a população de seus respectivos Estados e com o conjunto da população brasileira e manifestam sua disposição de assumir integral e incisivamente a mobilização nacional pela erradicação da miséria e pela redução das desigualdades.

Goiânia, 09 de junho de 2011.

Deputado Dinis Pinheiro, presidente do Colegiado e da Assembleia Legislativa de Minas Gerais

Deputado Fernando Toledo, presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas

Deputado Ricardo Nicolau, presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas

Deputado Jardel Sebba, presidente da Assembleia Legislativa de Goiás

Deputado Arnaldo Melo, presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão

Deputado Guilherme Uchoa, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco

Deputado Themístocles Filho, presidente da Assembleia Legislativa do Piauí

Deputado Ricardo Mota, presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte

Deputado Barros Munhoz, presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo

Deputado José Luiz Schafer Tchê, da Assembleia Legislativa do Acre

Deputado J. Barreto, da Assembleia Legislativa do Mato Grosso

Deputado Joares Pontecelli, da Assembleia Legislativa de Santa Catarina

 

 

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