Taxistas protestam contra restrição de transporte intermunicipal

Taxistas e vereadores de várias cidades das regiões Norte e Jequitinhonha/Mucuri lotaram o Teatro e o hall administra...

09/06/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Taxistas protestam contra restrição de transporte intermunicipal

Taxistas e vereadores de várias cidades das regiões Norte e Jequitinhonha/Mucuri lotaram o Teatro e o hall administrativo da sede da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, para protestar contra a Lei 19.445, promulgada em 11 de janeiro deste ano e que regulamenta o transporte de passageiros entre municípios, por táxi. Eles participaram de audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, nesta quinta-feira (9/6/11). O objetivo da reunião foi debater os impactos da nova legislação, que determina, entre outras coisas, que o táxi só pode retornar ao município de origem com os mesmos passageiros ou vazio. Também estão proibidas as viagens com clientes ou para transporte de mercadorias.

A principal reclamação dos motoristas é contra os fiscais do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER). De acordo com o relato de vários taxistas que se pronunciaram na audiência, os funcionários do DER estão promovendo blitzen nas estradas, impedindo totalmente o transporte de passageiros entre municípios vizinhos e cometendo abusos como retenção dos veículos e rispidez no trato aos motoristas.

O problema se agrava por atingir também os cidadãos, segundo o autor do requerimento da reunião, deputado Paulo Guedes (PT). Ele disse que muitas cidades pequenas não têm serviço regular de ônibus e o táxi acaba sendo o meio mais eficiente de transporte para os municípios vizinhos. "Em cidades muito pequenas não tem sentido ter táxi, se não for para fazer essas pequenas viagens", reforçou.

O presidente da Câmara Municipal de Janaúba, vereador Hamilton Viana, afirmou que em vários municípios os táxis funcionam até como ambulância, transportando doentes para os centros maiores, especialmente Montes Claros, e em horários em que não há ônibus intermunicipais. Ele citou, também, o transporte de pessoas da zona rural que muitas vezes nem conseguem encontrar, sozinhos, os endereços que procuram nas cidades maiores. "Se os taxistas não podem carregar o povo da própria cidade, vão transportar quem?", provocou o vereador.

O diretor de Fiscalização da autarquia, João Afonso Baeta Costa Machado, reagiu afirmando que os fiscais que burlarem a lei devem receber ordem de prisão. Ele garantiu que fará contato com as 40 coordenadorias do DER no Estado para esclarecer como deve ser aplicada a lei. Baeta reconheceu a importância do trabalho dos taxistas, ao fazerem o transporte onde há carência do ônibus ou ambulância, e afirmou que isso não fere a lei. "É preciso identificar o motorista que está prestando um serviço de utilidade pública", explicou.

Deputado critica processo de aprovação da lei

O deputado Paulo Guedes criticou duramente o processo pelo qual foi aprovada a Lei 19.445 pela Assembleia de Minas. Segundo ele, o projeto original limitava-se a regular as apreensões de veículos pela Polícia Rodoviária e foi totalmente alterado para o texto final. Reclamou que isso ocorreu no final do ano passado, quando o projeto era apreciado pelo Plenário, e que muitos deputados nem ficaram sabendo da mudança, pois a votação foi simbólica e teria sido feita sem a leitura da nova redação.

Para tornar a lei sem efeito, por considerá-la inconstitucional, Paulo Guedes apresentou duas proposições, que estão tramitando na Casa. O Projeto de Resolução 279/11 revoga o artigo 24 do Decreto 44.035, de 2005, que disciplina a autorização para prestação de serviço fretado de transporte rodoviário intermunicipal de pessoas e altera o Decreto nº 32.656, de 1991. O Projeto de Lei 552/11 dispõe sobre o prazo de adequação para serviço fretado de transporte intermunicipal de pessoas no Estado. Ele reclamou, ainda, que as multas previstas na Lei 19.445 podem inviabilizar o trabalho dos taxistas a partir da segunda ou terceira aplicação.

O deputado Celinho do Sinttrocel (PCdoB) sugeriu que se promovesse um debate mais profundo sobre os problemas do transporte em geral, incluindo todas as modalidades e setores. Antônio Carlos Arantes (PSC) afirmou total apoio aos taxistas e empenho para fazer as alterações necessárias para que a legislação atenda a todos os interesses.

O deputado Luiz Henrique (PSDB), que presidiu a maior parte da reunião, defendeu a implantação de regiões metropolitanas nas áreas de Montes Claros e Teófilo Otoni, para facilitar aos municípios encontrarem soluções conjuntas. Lembrou, ainda, a necessidade de incentivar o transporte ferroviário de cargas para melhorar o serviço de passageiros.

Outra sugestão - O especialista em Direito Público, Fernando Souza, sugeriu que a questão do transporte por táxi seja analisada do ponto de vista do cidadão. Explicou que a necessidade do serviço "nasce na residência do cidadão" e, por isso, o uso não pode ser considerado como público. De acordo com sua tese, ao solicitar o serviço de táxi, o cliente estaria alugando o carro e remunerando o motorista, uma prática que ele considera privada. Sob esse raciocínio, Fernando Souza afirmou que o DER não pode, então, interferir no transporte feito nas rodovias pois esse tipo de transporte só pode ser regulado pela União. Aos municípios compete a legislação apenas no perímetro da cidade.

O advogado questionou, ainda, a legalidade da norma, ao afirmar que para o Estado legislar sobre transporte precisa de uma Lei Complementar que o autorize, o que não ocorreu em Minas Gerais.

Presenças - Deputados Luiz Henrique (PSDB), Antônio Carlos Arantes (PSC), Celinho do Sinttrocel (PCdoB), Sebastião Costa (PPS) e Paulo Guedes (PT).

 

 

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