Deputados e feirantes querem Feira da Afonso Pena como patrimônio

Deputados e dirigentes de entidades que representam os feirantes defenderam, nesta terça-feira (7/6/11), a transforma...

07/06/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Deputados e feirantes querem Feira da Afonso Pena como patrimônio

Deputados e dirigentes de entidades que representam os feirantes defenderam, nesta terça-feira (7/6/11), a transformação da Feira de Arte, Artesanato e Produtores de Variedades da Avenida Afonso Pena em patrimônio cultural do Estado. Eles participaram, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, de audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização. A reunião foi marcada por críticas à intenção da Prefeitura de Belo Horizonte de alterar os critérios de concessão de licenças para os feirantes.

A transformação em patrimônio cultural é prevista nos Projetos de Lei (PLs) 1.057/11, do presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), e 1.456/11, do deputado Rogério Correia (PT). Como o projeto do presidente foi apresentado anteriormente e ambos têm o mesmo teor, a proposição do parlamentar do PT tramita anexada ao PL 1.057/11. Ele já foi considerado constitucional pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e agora está na Comissão de Cultura.

Para os participantes da audiência, a aprovação do projeto pela ALMG e a posterior sanção pelo governador reforçariam o movimento de resistência dos feirantes às mudanças pretendidas pela prefeitura. O edital de licitação que altera os critérios para concessão de licença é objeto de disputa judicial entre o Poder Executivo do Município e a Associação dos Expositores da Feira da Avenida Afonso Pena. A prefeitura foi vitoriosa na primeira instância, mas a entidade entrou com mandado de segurança no Tribunal de Justiça (TJ), que concedeu liminar suspendendo o processo licitatório. O mérito do mandado de segurança ainda vai ser julgado pelo tribunal.

Nenhum dos cinco representantes da prefeitura convidados para a audiência desta terça-feira compareceu, assim como a Secretaria de Estado de Cultura, que também recebeu convite.

Parlamentares defendem aprovação de projeto

Rogério Correia, um dos autores do requerimento para realização da audiência, manifestou confiança na aprovação do PL 1.057/11. Segundo ele, a transformação em patrimônio vai tornar oficial um reconhecimento que já existe na prática. "A feira movimenta milhões ao ano, milhares de pessoas a cada fim de semana, não só de Minas, mas do Brasil", afirmou. O deputado acrescentou que a licitação da prefeitura pode pôr em risco a própria existência da feira.

"O edital de licitação, da forma como foi colocado, não atende os interesses dos artistas e artesãos", declarou a deputada Liza Prado (PSB), também autora do requerimento. Na opinião dela, a feira já é um patrimônio de Minas e, por isso, merece tratamento diferenciado do poder público.

Relator do PL 1.057/11 na Comissão de Cultura, o deputado Elismar Prado (PT) adiantou que dará parecer favorável à matéria. Ele também se comprometeu a agilizar a tramitação do projeto na comissão, da qual é presidente. "Com a declaração de patrimônio, teremos um mecanismo a mais para fazer a defesa do interesse de vocês", afirmou.

O deputado Délio Malheiros (PV) também defendeu o projeto e se disse confiante na vitória dos feirantes na Justiça. "O Tribunal de Justiça não julgará diferente de como julgou a liminar", disse o deputado, sobre a apreciação do mérito do mandado de segurança pelo TJ.

Outro a defender a manutenção dos atuais feirantes e a relevância da Feira da Avenida Afonso Pena foi o deputado Pompílio Canavez (PT). "A feira não é apenas dos expositores, mas de todo o povo de Minas Gerais", declarou.

Crítica à prefeitura - "A cidade quer a feira como está", disse o coordenador da Associação dos Expositores da Feira da Avenida Afonso Pena, Alan Vinícius Jorge. Segundo ele, a prefeitura tem agido de maneira equivocada. O coordenador da associação anunciou que os expositores vão visitar todos os gabinetes de deputados em busca de apoio à aprovação do PL 1.057/11.

O diretor da Casa do Artesão, Warney Gomes, defendeu que a feira seja declarada também patrimônio municipal e afirmou que nenhum evento movimenta tantas pessoas em Belo Horizonte regularmente, nem mesmo os jogos de futebol. De acordo com dados da prefeitura, passam pelo local 70 mil visitantes a cada domingo, em média, número que chega a 90 mil no período que antecede o Natal.

O presidente da Federação Mineira de Artesãos, Apolo Costa, destacou a possível vitória na Justiça contra a prefeitura, mas pediu que os feirantes não se desmobilizem.

Critérios socioeconômicos - O edital de licitação que é objeto de disputa na Justiça prevê critérios socioeconômicos para selecionar os feirantes, com preferência para aqueles com menor renda e escolaridade, além de proibir a participação de quem comercializa produtos industrializados. O objetivo é privilegiar o caráter artesanal dos produtos. Os feirantes atuais reclamam que o edital foi lançado sem que eles fossem ouvidos e alegam que a licitação poderá provocar desemprego.

A Feira de Artes e Artesanato existe desde 1969, quando era realizada na Praça da Liberdade e se chamava "Feira Hippie". Em 1991, foi transferida para a Avenida Afonso Pena por decreto da prefeitura, responsável por sua regulamentação. Ela funciona aos domingos, de 7 às 14 horas, e atualmente trabalham no local 2,4 mil expositores, distribuídos em 12 setores.

Presenças - Deputados Pompílio Canavez (PT), vice-presidente; Rogério Correia (PT), Liza Prado (PSB), Elismar Prado (PT) e Délio Malheiros (PV).

 

 

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