Entidades querem financiamento público em reforma política

Realização de mais plebiscitos e referendos no País, financiamento público de campanha e voto em lista partidária fec...

07/06/2011 - 00:04
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Entidades querem financiamento público em reforma política

Realização de mais plebiscitos e referendos no País, financiamento público de campanha e voto em lista partidária fechada foram algumas das propostas defendidas por entidades da sociedade civil em debate realizado nesta terça-feira (7/6/11) pela Comissão Extraordinária de Acompanhamento da Reforma Política, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Segundo anunciou o coordenador do Fórum Mineiro pela Reforma Política, Ampla, Democrática e Participativa, Edmo Luiz da Cunha Pereira, os pontos apresentados pelas entidades estarão contemplados em proposta de projeto de lei de iniciativa popular que deve ficar pronta até o fim deste mês.

Segundo Edmo, a partir daí será iniciado um movimento em todo o País para a coleta de pelo menos 1,5 milhão de assinaturas, condição para que um projeto popular seja remetido ao Congresso Nacional. O fórum mineiro, conforme explicou, integra o fórum nacional, que defende não apenas propostas para a democracia representativa, mas para uma reforma mais ampla, que contemple também o fortalecimento da democracia direta e participativa.

A audiência para ouvir entidades da sociedade civil organizada foi solicitada pelos deputados Carlos Mosconi (PSDB), coordenador da comissão, Antônio Júlio (PMDB) e Rogério Correia (PT). Segundo Mosconi (PSDB), entidades da sociedade se queixam de que em Brasília não têm tido oportunidades de participar mais ativamente do debate em torno a reforma, em discussão no Congresso Nacional. "Mas damos a maior importância a esse movimento da sociedade", frisou.

Reflexão - O coordenador da comissão, que tem ouvido vários segmentos, vai elaborar uma proposta de Minas para a reforma, tema de consulta pública também lançada pela ALMG. Considerando produtivo o debate com as entidades organizadas, Mosconi disse que, embora seja defensor do financiamento público, não acha fácil sua implantação e controle num país da dimensão e da diversidade do Brasil, sobretudo em eleições para vereadores dado o extenso número de municípios.

Considerou como outro ponto merecedor de reflexão a composição da lista, sobre a qual disse não ter ainda uma posição definida. "Mas os debates que temos promovido ajudam a amadurecer a discussão e os caminhos vão ficando mais claros", avaliou.

Defensores acham que lista fortalece partidos

Para o representante do Fórum Mineiro pela Reforma Política, Ampla, Democrática e Participativa, a lista partidária defendida pelo movimento é democrática e deve ter número igual de homens e mulheres. Outras propostas que se quer levar ao Congresso são limitar o número de mandatos; assegurar a fidelidade partidária e programática; e estabelecer mecanismos de controle social das campanhas nas três esferas de poder, por meio de comissão formada por representantes do Judiciário, do Ministério Público e da sociedade civil.

O voto em lista do partido, na visão das entidades representadas no debate, pode contribuir para maior democratização e fortalecimento das agremiações. Edmo, do fórum mineiro, salientou que muitos partidos são, na verdade, comissões provisórias, sem ter um diretório que os represente. "As listas que defendemos só poderiam ser formadas por convenções municipais ou prévias, e não apenas pela direção do partido", acrescentou. Segundo ele, o entendimento é o de que o voto em candidatos e não na lista do partido prejudica o controle e o debate em torno de programas consistentes. Hoje tem-se mais de 500 deputados federais, quando, pela lista, bastaria acompanhar o desempenho e as plataformas de 15 ou 20 bancadas, comparou Edmo.

Fórum quer regulamentar consultas públicas

Ao defender uma reforma mais ampla, o coordenador do fórum destacou a importância da regulamentação do artigo 14 da Constituição Federal por prever a realização de consultas públicas, como referendum e plebiscito. Defendeu, ainda, implementação de mecanismo para a revogação popular de mandatos nos três níveis (federal, estadual e municipal), definida como uma espécie de recal na política, em que eleitos poderiam perder os mandatos conforme sua atuação; e a implementação de políticas públicas voltadas para a formação de cidadania .

O representante do fórum mineiro argumentou, entre outros, que em 120 anos de República, foram realizadas no Brasil apenas três consultas públicas, em1963 e 1993, relacionadas a sisteama de governo, e mais recentemente sobre a comercialização de armas. "Essas consultas deviam fazer parte da vida diária, como na eleição de Obama , quando foram feitas mais de 100 consultas à população sobre temas importantes", disse ele sobre a experiência norte-americana.

Entidades sindicais divergem quanto a fundo exclusivamente público

O representante da Central Única dos Trabalhadores em Minas (CUT-MG), Paulo Henrique Santos Fonseca, endossou as propostas do fórum, mas disse que o financiamento público de campanha é a prioridade do movimento sindical. Contudo, não houve consenso durante o debate sobre se esse financiamento seria ou não exclusivamente público.

Na visão de Paulo Henrique, caso continue o aporte de recursos também da iniciativa privada estes devem ir diretamente para um único fundo de campanha, e não para campanhas específicas, para serem então distribuídos.

Já o diretor do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação no Estado de Minas Gerais (Sind-UTE-MG), Geraldo Miguel, e o presidente do movimento Mobilização por uma Reforma Ampla, Democrática e Participativa, Everardo Tabatinga, defenderam que o financiamento de campanha seja exclusivamente público. O sindicalista chegou a sugerir outros itens para a reforma política, como a inclusão de mecanismos para que os eleitos prestem contas de suas ações anualmente, em plenárias de eleitores; mas também ponderou que é necessário priorizar grandes pontos. "É preciso ter um grande cuidado para não se colocar coisa demais no balaio e acabar saindo de fato com coisas menores", alertou.

Ong quer propostas detalhadas - A presidente da Ong Mãos Limpas, Maria Amélia Souza Mendes, defendeu que a proposta de projeto de lei de iniciativa popular explicite como será formada a lista partidária, inclusive para garantir a participação não apenas de mulheres mas também de outros segmentos ainda minoria na política, e como será formado e distribuído o fundo público de campanha.

Para Anivaldo Matias, coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, o financiamento público de campanha é um avanço fundamental para o combate à corrupção e que pode também baratear os custos da campanha eleitoral, que passa a ser partidária, e não mais individual. "Como está hoje a política é excludente, pois só entra quem tem recurso financeiro", frisou ele, para quem a ALMG está cumprindo bem o seu papel de promover discussões em torno de reforma. "Mas a reforma não deve se restringir à reforma do sistema eleitoral".

Na avaliação do ex-deputado federal e servidor da ALMG, Virgílio Guimarães, todas as propostas têm pontos polêmicos que precisam ser avaliados, a exemplo sobre quem financiaria a organização da lista partidária.

Deputados reforçam necessidade de reforma

Ressaltando a qualidade da participação das entidades no debate, o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) considerou que já passou da hora de se ter uma reforma política no Brasil. "Mas nem por isso ela deve ser feita a toque de caixa", frisou. Dalmo destacou que "a Assembleia de Minas saiu na frente na construção de propostas, foi primeira a abrir essa discussão e hoje está sendo copiada por outros estados".

Para o deputado Rogério Correia (PT), diminuir a corrupção e aumentar a participação popular são grandes méritos que a reforma política deve ter. Ele também defendeu a realização de mais plebiscitos no País, inclusive por estados e municípios, e frisou a importância da pressão popular para garantir mudanças significativas. "Mudar é sempre difícil, mas há problemas sérios a cada eleição, com distanciamento do eleitor e corrupção", afirmou, também considerando injusto o sistema de financiamento de campanhas em vigor.

Fundo misto - Defendendo o financiamento público para maior controle, a deputada Luzia Ferreira (PPS) aventou contudo a hipótese de um fundo misto, com permissão de doações restritas a pessoas físicas, e com limites definidos. A proposta também foi aventada pelo deputado Fábio Cherem (PSL). Argumentando que empresa não vota, ele sugeriu que as doações de pessoas físicas pudessem permanecer em sistemas mais aperfeiçoados, preferencialmente pela internet, nos moldes do que ocorre hoje com as declarações de Imposto de Renda.

Presenças - Deputados Carlos Mosconi (PSDB), coordenador; Antônio Júlio (PMDB), Rogério Correia (PT), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Fábio Cherem (PSL), André Quintão (PT), Ivair Nogueira (PMDB); e deputada Luzia Ferreira (PPS).

 

 

 

 

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