Em Minas sobram vagas de emprego por falta de
capacitação
Com um crescimento econômico superior à média
nacional, Minas Gerais apresenta um problema grave na área de
emprego: metade das vagas captadas na rede do Sistema Nacional de
Emprego (Sine) deixam de ser ocupadas por falta de capacitação dos
candidatos. Dados oficiais mostram que 1,8 milhão de trabalhadores
mineiros não têm qualificação profissional. As informações foram
prestadas pelo secretário de Estado de Trabalho e Emprego, Carlos
Pimenta, nesta segunda-feira (6/6/11), na Assembleia Legislativa de
Minas Gerais. Ele foi um dos participantes do Debate Público
"Cenários da Educação Profissional e Tecnológica de Minas Gerais",
promovido pela Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia.
O grande desafio, na visão do secretário, é
promover a qualificação da mão de obra dos trabalhadores mineiros,
para atender à demanda crescente do mercado. Criada em janeiro, após
desmembramento da Secretaria de Estado de Trabalho e Ação Social, a
Secretaria de Trabalho e Emprego é a responsável pelos programas
conveniados com o Ministério do Trabalho.
No debate público, o secretário falou sobre a
atuação da pasta, com destaque para os programas Inclusão Produtiva,
Empreendedorismo e Economia Solidária, os três com recursos do
Ministério do Trabalho. Segundo Carlos Pimenta, o primeiro programa
destina-se a áreas de maior vulnerabilidade social, e corre ao lado
do projeto do Governo Federal de erradicação da miséria. O Inclusão
Produtiva pretende fazer a passagem para uma atividade produtiva dos
beneficiários do Bolsa Família e, num primeiro momento, vai
trabalhar com 75 grupos de produções diversas, como reciclagem,
alimento e confecção, beneficiando 13.500 pessoas em Minas
Gerais..
Outras atividades absorvidas pela nova pasta são o
programa de Economia Solidária e a Pesquisa de Emprego e Desemprego
(Ped). A primeira conta com a realização de 12 feiras de economia
solidária, que começam em agosto. A secretaria se prepara para
outras inovações, como a implantação de uma plataforma virtual de
currículos e o aumento da estrutura no interior, com a implantação
de dez superintendências regionais. Vai ainda implantar, segundo o
secretário, o Usina do Trabalho, para municípios com baixo Índice de
Desenvolvimento Humano, e fortalecer a participação da sociedade por
meio dos Conselhos Municipais de Trabalho e Emprego.
O desafio é qualificar nove mil trabalhadores,
aumentar as unidades do Sine (120, hoje), para 150 em todo o Estado
e lançar o Programa Mineiro do Microcrédito, que está subutilizado,
inclusive com recursos sobrando nos bancos financiadores. A
secretaria vai implantar, ainda, o Programa Agricultura Urbana, com
60 módulos iniciais na Região Metropolitana de Belo
Horizonte.
Secretaria de Ciência e Tecnologia lança cidadão
digital
Atuando também na área de capacitação profissional,
a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
prepara-se para trabalhar o "cidadão digital", um passo à frente da
inclusão digital. As informações são da superintendente de Inovação
Social da pasta, Lélia Inês Teixeira.
Ela falou sobre as atividades da secretaria, entre
elas, os Telecentros e os Centros de Vocação Tecnológica (CVTs).
Segundo ela, hoje existem 487 telecentros e 84 CVTs, que
proporcionam cursos diversos em todo o Estado. Desde a implantação
em 2006, 570 mil alunos foram certificados. Um dos principais
programas, segundo Lélia Teixeira, é o de cursos a distância, que
conseguiu o 4º lugar em acessos virtuais pela Plataforma Moodle.
"Nossa meta é chegar aos 29 milhões de acessos, em 45 cursos à
distância", afirmou a superintendente.
Senai e Senac atuam em articulação com
governos
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(Senai) deve dobrar a oferta de vagas até 2014. De acordo com o
diretor regional do órgão em Minas, Lúcio José de Figueiredo
Sampaio, a demanda industrial nacional para 2014 deve ser de 3,58
milhões de vagas. Para atender a essa expectativa, o Senai terá que
oferecer 5,2 milhões de matrículas para compensar as projeções de
evasão (316.128), inatividade (347.732), de pessoas ocupadas fora da
indústria (754.841) e dos que se empregam na informalidade
(204.483).
Em sua participação no debate público, Lúcio
Sampaio relatou que o Senai está em 68 municípios de Minas,
atendidos por 81 unidades fixas. Há ainda, no Estado, 31 unidades
móveis.. O Senai tem em Minas 2.789 empregados e atua em 27 áreas.
Em 2010, foram 142 mil matrículas e 317 mil serviços tecnológicos e
técnicos.
O Senai atua de forma articulada com o Governo
Federal por meio de cursos do Prominp, do programa Soldado Cidadão e
do Planseq Construção Civil. Com o Governo Estadual, há parcerias
com as secretarias de Estado de Educação (Programa de Educação
Profissional), de Trabalho e Emprego (Usina do Trabalho e Planteq) e
de Defesa Social (Programa de Qualificação para Egressos do Sistema
Penitenciário).
O diretor regional do Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (Senac), José Carlos Cirilo da Silva, também
expôs no mesmo painel. Em relação à articulação da entidade com os
setores público e privado, o expositor destacou a participação do
Senac Minas no Programa de Educação Profissional, criado em 2007
pelo governo mineiro.
José Carlos da Silva também informou que o Senac
Minas vem trabalhando, desde 2008, na preparação de programas e
projetos voltados para a formação de profissionais para os eventos
esportivos que o Brasil sediará. "Nosso objetivo é o de preparar um
contingente de profissionais competentes, alinhados com o desafio
que eventos dessa dimensão podem trazer para o País", disse.
A necessidade de garantir vagas para quem participa
das formações oferecidas por esses programas profissionalizantes foi
destacada pelo secretário-geral do DCE da Universidade Federal de
Lavras, Rodrigo Matsumoto Cobra. Ele sugeriu que o Sine seja
utilizado como uma espécie de "caça-talentos", garantindo lugar no
mercado de trabalho para os melhores estudantes. Na opinião dele,
esses alunos seriam mais estimulados, na certeza de que sua
dedicação seria recompensada.
Debates - Na fase de
debates, o deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) criticou o processo de
terceirização no Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), segundo
ele "um processo de privatização", já que decisões importantes da
entidade estão agora sob a responsabilidade do Senai e Fiemg. O
parlamentar também sugeriu que o Ministério do Trabalho coloque como
condição para recebimento do seguro-desemprego que o trabalhador
passe por cursos de capacitação durante o período de recebimento do
benefício.
O deputado Bosco (PTdoB), que presidiu o debate
público, informou que será elaborada uma cartilha com todas as
informações da reunião e que ela será disponibilizada pela
internet.
Presenças - Deputados Bosco
(PTdoB), presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), vice; Adelmo
Carneiro Leão (PT) e Rogério Correia (PT).
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