Movimentos de economia solidária pedem discussão de projeto

"Economia é todo dia, nossa vida não é mercadoria". Os dizeres fazem parte de faixas e cantos de representantes dos m...

02/06/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Movimentos de economia solidária pedem discussão de projeto

"Economia é todo dia, nossa vida não é mercadoria". Os dizeres fazem parte de faixas e cantos de representantes dos movimentos de economia solidária do Brasil e de Minas Gerais, que se manifestaram contrários à inclusão do assunto na Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, objeto do Projeto de Lei Federal 865/11, do Executivo, que tramita no Congresso. As críticas à proposição foram feitas em audiência pública conjunta das comissões do Trabalho, da Previdência e da Ação Social e de Participação Popular da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, na tarde desta quinta-feira (2/6/11).

Atualmente, a economia solidária é tratada pelo Ministério do Trabalho e Emprego e, de acordo com representantes do movimento, o desejo dos grupos é que fosse criado um ministério ou uma secretaria especial para o tema.

A audiência foi solicitada pelo presidente da Comissão de Participação Popular, deputado André Quintão (PT), para debater o projeto de lei federal, e faz parte de uma série de audiências que acontecem em todo o País.

A coordenadora do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), Shirlei Aparecida Almeida Silva, salientou que o movimento não é contra as micro e pequenas empresas, mas quer discutir o projeto para ter sua prática reconhecida pelo Governo Federal. "Não queremos ser patrões ou empregados, queremos trabalhar de forma coletiva", definiu.

O Fórum Brasileiro propõe que sejam realizadas audiências públicas estaduais e nacionais para ouvir a população sobre o PL 865/11 e as estratégias para o avanço da Política Nacional de Economia Solidária. Além disso, os representantes querem que um projeto de lei sugerido pelo Conselho Nacional de Economia Solidária seja apreciado pelo Congresso Nacional.

A representante do Fórum Mineiro de Economia Popular Solidária (FMEPS), Francisca Paulina da Silva, lembrou que a economia solidária trabalha com o resgate da cidadania e dignidade das comunidades. Ela contou que conheceu o trabalho coletivo em 2000, quando se juntou a 13 mulheres para produzir salgados, o que, segundo Francisca, contribuiu para gerar renda e transmitir valores para os filhos. Ela também criticou o PL 865/11. "Como vamos aceitar uma coisa que veio de cima para baixo, que não construímos?", quis saber.

Representantes do poder público também apresentam dúvidas

A representante do Ministério do Trabalho e Emprego e da Secretaria Nacional de Economia Solidária, Lêda Cíntia Assis de Souza, apresentou dúvidas em relação à proposta de criação da secretaria e afirmou que muitas conquistas do movimento podem ficar sem garantias. Ela lembrou que em 2003 foi criada a Secretaria Nacional de Economia Solidária, que implementou núcleos e seções em todos os Estados, criou conselhos gestores e realizou conferências nacionais. Lêda explicou que o objetivo não é apenas gerar renda, mas possibilitar inclusão social de indivíduos em situação vulnerável, egressos do sistema prisional, mulheres em situação de violência doméstica e pessoas com problemas mentais. "Essa lógica permaneceria na nova secretaria?", questionou.

Para o secretário-adjunto de Estado de Trabalho e Emprego, Hélio Rabelo, a economia solidária não pode ser tratada pela Secretaria Nacional da Micro e Pequena Empresa, pois são assuntos diferentes. "A economia popular cresce cada vez mais e envolve cultura, arte e história", ressaltou Hélio, que é membro do Conselho Estadual de Economia Solidária.

Apoio - O presidente da Comissão de Participação Popular, deputado André Quintão (PT), vai sugerir que a bancada de Minas Gerais na Câmara e no Senado se manifeste favoravelmente à luta do Fórum Mineiro de Economia Solidária.

A presidente da Comissão do Trabalho, deputada Rosângela Reis (PV), destacou que os movimentos colaboram para que a sociedade civil seja reconhecida. "Retirar o assunto do Ministério do Trabalho é enfraquecer as entidades organizadas", afirmou.

O deputado Carlin Moura (PCdoB) considerou "equivocada" a concepção do PL 865/11 e afirmou que "a economia solidária é o maior retrato da capacidade de mobilização de um povo". O deputado Luiz Henrique (PSDB) defendeu a criação de um ministério específico e afirmou que os debates devem servir para nortear a decisão do Congresso Nacional.

A gerente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG), Nair Aparecida de Andrade, não se pronunciou sobre o PL 865/11 e disse que o objetivo da instituição é promover o desenvolvimento econômico. "Nosso papel é absorver as demandas para ajudar na execução delas", ponderou.

Presenças - Deputada Rosângela Reis (PV), presidente da Comissão de Trabalho; e deputados André Quintão (PT), presidente da Comissão de Participação Popular; Carlin Moura (PCdoB) e Luiz Henrique (PSDB). O presidente da Federação das Associações de Micro Empresas e Empresas de Pequeno Porte de Minas (Femicro-MG), Márcio Kilson, também participou da audiência.

 

 

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