Comissão constata precariedade no abastecimento de água em
Araçuaí
Rios e poços artesianos secos, açudes cheios de
lama, e cisternas de água de chuva que, ainda em maio, início da
estiagem, têm apenas um palmo de água. Esse foi o cenário encontrado
pela Comissão de Participação Popular da Assembleia Legislativa de
Minas Gerais, na primeira de uma série de visitas a comunidades sem
abastecimento de água no Vale do Jequitinhonha. Nesta segunda-feira
(30/5/11), os deputados visitaram as localidades de Lagoa do Boi
Morto e Coador, na comunidade de Córrego do Narciso, em Araçuaí,
Vale do Jequitinhonha. Outras comunidades de Virgem da Lapa e
Franscisco Badaró serão visitadas nesta terça (31).
O córrego que dá nome ao local está seco. As 52
famílias bebem da água da chuva, armazenada nas chamadas cisternas
de placas. Mas quando ela acaba, a alternativa, quando há, são
açudes com água cheia de lama, que não decanta nem com muita espera.
A presidente da Associação de Moradores, Catilene Rodrigues,
confirma que são comuns, no período da seca, os casos de vômitos,
diarréias e verminose. Mas as dificuldades vividas pelos moradores
não impediram que eles recebessem com música os deputados André
Quintão (PT), presidente da comissão, e Luiz Henrique (PSDB).
Coube às mulheres e às crianças a recepção na
escola do povoado, já que os homens adultos da comunidade, como
acontece em toda a região, estão trabalhando no corte da cana em São
Paulo e em outros estados. A menos de um quilômetro de Córrego do
Narciso, está a barragem conhecida como Calhauzinho. Os moradores
argumentam que existe até um sistema de canos e bomba montado para
levar água até a comunidade, mas a tubulação de uma polegada é
insuficiente. A bomba a óleo diesel também ficou parada.
Há alguns anos, a comunidade também conseguiu
aprovar um projeto para levar a água encanada, da barragem até as
residências. A contrapartida, porém, era a construção, pelos
moradores, da valas para os canos, o que foi inviabilizado pela
migração dos homens para o corte da cana. Na reunião com os
deputados, a comunidade reivindicou também atendimento à saúde, como
transporte dos doentes, saneamento básico e melhoras nos cerca de 25
quilômetros de estrada de terra que levam à Araçuaí.
Deputados anunciam esforço conjunto para sanar o
problema
O deputado André Quintão, em reunião com a
comunidade, voltou a lamentar o critério adotado pela Copanor,
subsidiária da Copasa, de atender apenas comunidades com mais de 200
habitantes. "O nosso compromisso é de fazer um esforço para buscar,
no menor prazo possível, água de beber para as comunidades do
Jequitinhonha", afirmou. Ao ser confrontado com a situação em que
vivem as famílias, Quintão se disse "envergonhado". "São seres
humanos, mineiros, brasileiros, que, quando têm água, é de péssima
qualidade", lamentou.
O deputado Luiz Henrique também prometeu empenho
para solucionar o problema. Ele enfatizou que essa será uma luta
suprapartidária na Assembleia e reconheceu que o atendimento pela
Copanor, que ele considera bom, precisa melhorar. "Precisamos de
mais recursos", citou, adiantando que o governo pretende contrair
uma empréstimo junto ao BNDES para tratar dessa questão. O deputado
também enfatizou a preocupação do Estado com a região.
Copanor - O engenheiro de
obras da Copanor, José Mário de Castro, participou da visita e
adiantou que a concessionária estaria aproveitando para fazer uma
avaliação da situação. Segundo ele, o trabalho inicial da companhia,
de levar água a locais com população de 200 a 5 mil pessoas, deverá
durar mais um ano, em função de dificuldades na implantação dos
projetos. Depois dessa fase, seria possível, então, estender o
atendimento aos locais com menos habitantes. Os deputados, contudo,
garantiram que vão buscar uma solução mais rápida.
Presenças - Deputados
André Quintão (PT), presidente da comissão, e Luiz Henrique (PSDB),
além de vereadores e lideranças locais.
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