Caixa anuncia mudanças e promete agilizar repasses a municípios

A Caixa Econômica Federal apresentou, nesta segunda-feira (30/5/11), um novo modelo de atendimento aos municípios, po...

30/05/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Caixa anuncia mudanças e promete agilizar repasses a municípios

A Caixa Econômica Federal apresentou, nesta segunda-feira (30/5/11), um novo modelo de atendimento aos municípios, por meio do qual promete agilizar o repasse de recursos da União para as prefeituras. A apresentação foi feita por executivos do banco que participaram do Debate Público "Transferência de recursos federais para os municípios pela Caixa Econômica Federal", no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O evento foi realizado pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, a requerimento do deputado Sebastião Costa (PPS).

O debate público teve como principal objetivo discutir o processo de liberação de transferências voluntárias da União. Transferências voluntárias são os repasses a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira que não decorrem de determinação constitucional ou legal, nem são destinados ao Sistema Único de Saúde.

Na abertura do evento, o presidente da ALMG, deputado Dinis Pinheiro (PSDB), criticou a concentração de recursos públicos nos cofres da União, em detrimento de estados e municípios. "As unidades da Federação estão financiando o Governo Federal", afirmou. Ele disse que, num primeiro momento, faltam recursos para os municípios. Quando as transferências são autorizadas, acrescentou, a burocracia se encarrega de atrasar a liberação ou torná-la inviável.

Sebastião Costa afirmou que o anúncio dos recursos é cercado de expectativa pelo poder municipal e pela população, mas os atrasos nos repasses provocam frustração, além de serem utilizados pelos adversários políticos como pretexto para críticas à administração local.

"Existem instrumentos, existe a legislação, mas no processo (de liberação dos recursos) ainda temos dificuldades operacionais", declarou o presidente da Comissão de Assuntos Municipais, deputado Almir Paraca (PT). Ele argumentou, no entanto, que o volume de repasses federais tem aumentado ao longo dos últimos anos. Paraca elogiou, ainda, o trabalho da Caixa na intermediação e fiscalização das transferências voluntárias.

Novo modelo reduz etapas da transferência

A gerente de Desenvolvimento Urbano da Caixa em Belo Horizonte, Soiara Xavier, apresentou, no debate público, detalhes do novo modelo de atendimento aos municípios que está sendo implementado pelo banco. O objetivo é reduzir de 21 para 11 o número de etapas desde a seleção do projeto a ser financiado até a efetiva liberação da transferência. Entre as mudanças, está a adoção de mecanismos específicos para cada tipo de obra a ser contemplada por recursos da União.

O novo modelo de atendimento nasceu de um diagnóstico dos problemas no processo de transferência do dinheiro para os municípios, segundo o superintendente regional da Caixa, Rômulo Martins de Freitas. Ele admitiu que o modelo atual atrasa a liberação do dinheiro, mas disse que 90% dos projetos selecionados são contratados.

O superintendente nacional de Repasses da Caixa, José Carlos Medaglia Filho, afirmou que a liberação de transferências oriundas de emendas parlamentares demora, em média, três anos, sendo um ano e meio por conta de procedimentos burocráticos. Ele mesmo considerou o tempo longo e sugeriu que as emendas com valor de até R$ 500 mil sejam submetidas a um rito sumário de análise pela Caixa, para que os esforços de fiscalização se concentrem nos repasses mais volumosos. Segundo o superintendente, as emendas de até R$ 500 mil representam 85% do total.

Medaglia Filho defendeu o papel da Caixa nas transferências voluntárias. O banco passou a intermediar os repasses em 1996, quando, de acordo com o superintendente, não havia controle da aplicação dos recursos, o que resultava em grande número de casos de desvio de dinheiro e obras inacabadas.

Restos a pagar - Um dos principais alvos de críticas dos prefeitos é o Decreto 7.468/11, da Presidência da República, que estabelece o prazo de 30 de junho deste ano para o início das obras empenhadas no Orçamento da União de 2009. Se as obras não começarem até essa data, os restos a pagar daquele ano serão cancelados. O superintendente da Caixa, José Carlos Medaglia Filho, pediu rapidez das prefeituras na entrega de documentos pendentes e no início das licitações, e disse que o banco se compromete a agilizar a análise dos processos.

O relator do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional, deputado federal Márcio Reinaldo (PP-MG), criticou o Ministério da Fazenda e a Secretaria do Tesouro Nacional. Para ele, a intenção do Governo é "dar o cano" nos pagamentos previstos em orçamentos anteriores. Além de 2009, o decreto presidencial também estipula prazos para início de obras constantes nos restos a pagar de 2007 e 2008.

Prefeitos reclamam da burocracia

Os prefeitos que participaram do debate público fizeram duras críticas à burocracia do processo de liberação de recursos pela Caixa. A prefeita de Ribeirão Vermelho (Sul de Minas), Ana Rosa Lasmar, descreveu o que chamou de "maratona" para a realização de obras com recursos federais. Segundo a prefeita, técnicos do município precisam visitar o banco inúmeras vezes para tentar entender as exigências para os repasses.

A prefeita citou o exemplo de uma emenda aprovada ao Orçamento da União em 2009 para obras na cidade. A liberação de recursos foi autorizada somente em abril deste ano, e como o prazo para o seu início termina em 30 de junho, a prefeitura vai perder R$ 500 mil. Segundo Ana Rosa, obras de pavimentação com recursos estaduais levam apenas 12 meses, prazo que aumenta para 30 meses quando se trata de recursos federais. "Isto é um verdadeiro absurdo!", reclamou.

Para o prefeito de Pirapora (Norte de Minas), Warmillon Braga, o problema é que a Caixa não tem estrutura para analisar com agilidade todos os processos de liberação de recursos federais para os municípios. O mesmo problema foi relatado pelo presidente da Associação Mineira dos Municípios (AMM), Angelo Roncalli. A morosidade de tramitação desses processos é agravada ainda pela falta de clareza das informações prestadas pelo banco e até pelo desaparecimento de documentos protocolados pelos municípios, segundo Roncalli.

Para resolver o problema da demora na liberação dos recursos, o diretor da AMM defende que eles sejam transferidos integralmente aos municípios no momento da assinatura do convênio com o Governo Federal, de modo a dar mais segurança às prefeituras e seus fornecedores. O deputado federal Toninho Pinheiro (PP-MG) também defendeu o repasse direto. "Fazer rede de esgoto é tão fácil. Para que essa burocracia toda?", questionou.

O deputado Paulo Guedes (PT) também manifestou insatisfação com o tratamento dispensado pela Caixa às prefeituras. "É uma tortura para o prefeito de uma cidade pequena se submeter a tantas exigências para assinar um convênio", reclamou. O parlamentar fez um apelo para que a superintendência regional do banco responsável pelo Norte de Minas seja transferida de Belo Horizonte para Montes Claros.

Presenças - Deputados Dinis Pinheiro (PSDB), presidente da ALMG; Almir Paraca (PT), presidente da Comissão de Assuntos Municipais; Sebastião Costa (PPS), Paulo Guedes (PT) e Inácio Franco (PV).

 

 

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