Especialistas buscam formas de ampliar transplantes de
órgãos
A lista de espera por um transplante de órgãos em
Minas Gerais chega a 5.957 (número de 2009) segundo dados do
Ministério da Saúde apresentados nesta quarta-feira (25/5/11) pelo
presidente da Associação Beneficente Pró-Transplante, André Barreto
Pereira, em audiência pública da Comissão de Saúde da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais. Apesar de a quantidade de transplantes
ter aumentado nos últimos quatro anos, os participantes da reunião
concordaram que a situação ainda está longe da ideal.
Requerida pelo deputado Neider Moreira (PPS), a
audiência pública teve o objetivo de reunir representantes de
entidades ligadas à questão do transplante para discutir as formas
de ampliar o atendimento aos pacientes que aguardam por um órgão
para continuarem levando suas vidas. Entre as maiores dificuldades,
de acordo com o diretor do Complexo MG Transplantes, Charles Simão
Filho, estão a ineficiência dos hospitais em notificar sobre
possíveis doadores (pacientes com diagnóstico de morte encefálica) e
o número reduzido de equipes transplantadoras.
André Barreto citou também que muitos órgãos se
perdem devido à manutenção inadequada dos potenciais doadores
durante o período entre a morte encefálica e o falecimento de fato.
Ele disse que, em Minas, 27% dos órgãos que poderiam ser doados se
perdem. No Brasil, esse índice é de 18%.
Crescimento - Outro dado trazido à reunião por
Charles Simão Filho, do MG Transplantes, diz respeito ao crescimento
do número de transplantes no Estado. Segundo ele, em 2007 eram
realizados 3,3 procedimentos para cada milhão de pessoas. Em maio
deste ano a quantidade pulou para 10, o que representa um
crescimento de 300%. Apesar disso, ele lamentou que o Estado seja
apenas o 16º no Brasil em notificações sobre possíveis doadores. O
deputado Doutor Wilson Batista (PSL) reconheceu as dificuldades no
processo de notificação, mas lembrou que o Brasil é o segundo
colocado no ranking mundial de
transplantes renais.
Um desses transplantados é o presidente da
Associação Nacional de Pacientes, Doadores e Transplantados Renais
(Doretrans), José Menezes Lourenço. Ele pediu a atenção dos
deputados para o fato de que a maioria dos pacientes são de nível
cultural muito baixo. Por isso, enquanto eles estão no hospital, não
se confundem com "aquela mão cheia de remédios" que são obrigados a
tomar pelo resto da vida, pois contam com o apoio dos enfermeiros.
Mas quando vão para casa, costumam perder o controle, deixando de
tomar os medicamentos corretos nas horas certas. "São muitos os
casos de rejeição provocados pelos erros no consumo dos remédios",
afirmou.
Associação propõe criação de um grupo de
apoio
Para melhorar a dinâmica dos transplantes em Minas,
a Associação Beneficente Pró-Transplante propôs a criação de uma
entidade de apoio às comissões intra-hospitalares de doação de
órgãos e tecidos para transplante (Cihdotts), que também teria a
função de auxiliar as equipes de saúde responsáveis pelo diagnóstico
de potenciais doadores. Segundo André Barreto, o custo de operação
dessa associação seria de R$ 800 mil anuais, valor que o deputado
Neider Moreira considerou baixo em relação aos benefícios que ela
poderia trazer aos pacientes.
O presidente da Comissão de Saúde, deputado Carlos
Mosconi (PSDB), sugeriu então que os participantes formalizassem
essa proposta e a encaminhassem aos deputados em até 30 dias, para
que ela seja remetida ao Governo do Estado. Lembrando que a questão
da saúde é sofisticada e envolve recursos humanos altamente
qualificados, Mosconi citou que, enquanto os países africanos
investem em média 9,7% de seus orçamentos no setor, no Brasil esse
índice não passa de 6%.
Presenças - Deputados
Carlos Mosconi (PSDB), presidente; Hely Tarqüínio (PV), vice; Neider
Moreira (PPS), Doutor Wilson Batista (PSL) e deputada Liza Prado
(PSB). Participaram da reunião também a promotora de Justiça de
Defesa da Saúde Joseli Ramos Pontes, a integrante da Comissão
Municipal de Nefrologia da Secretaria Municipal de Saúde, Márcia
Dayrell, e os diretores da Associação Beneficente Pró-Transplante
Kennedy Manoel Cardoso e Pedro Augusto Macedo de Souza.
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