Obras em trecho prioritário da BR-381 vão exigir pelo menos 5
anos
Apesar de suas características específicas, a
BR-381 padece de problemas também comuns a toda a malha rodoviária
brasileira, segundo afirmou nesta terça-feira (24/5/11) o engenheiro
e representante do Departamento Nacional de Infraestruta de
Transporte (Dnit), Carlos Rogério Caldeira de Lima. Ele participou
de audiência pública sobre a rodovia, em Coronel Fabriciano (Vale do
Aço), onde falou da situação precária das estradas do País e
anunciou que ainda serão necessários de cinco a seis anos para a
conclusão de todo o empreendimento previsto para a BR-381 Norte,
conhecida como a "rodovia da morte", entre Belo Horizonte e
Governador Valadares (Vale do Rio Doce).
"Toda a malha brasileira está sob risco. São obras
velhas e há 20 anos sem manutenção, uma combinação explosiva",
alertou o engenheiro durante a audiência, realizada pela Comissão de
Transporte, Comunicação e Obras Públicas Públicas da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais a requerimento do vice-presidente,
deputado Celinho do Sinttrocel (PC do B).
Ao apresentar um panorama da situação do
empreendimento previsto na BR-381, o representante do Dnit, também
presidente da Comissão de Fiscalização dos Projetos da rodovia,
destacou que o governo federal elegeu como prioritário o trecho
entre Belo Horizonte e Governador Valadares, que contempla ao todo
10 lotes de obras. Desses, dois lotes (7 e 8), entre Belo Horizonte
e São Gonçalo do Rio Abaixo, estão em fase de licitação de obras,
que deverão estar concluídas em 36 meses.
Esses dois lotes foram tratados em audiências
públicas do Dnit realizadas em Belo Horizonte e São Gonçalo neste
mês de maio, exigência legal para efeito de licitação das obras. O
início das intervenções, contudo, depende do encerramento de todo o
processo de licitação, inclusive do prazo legal para interposição de
recursos, conforme lembrou Carlos Rogério. A expectativa é que até
2014 as obras entre as duas cidades estejam concluídas.
Deputados conhecem projetos, mas cobram ações
concretas
O deputado Celinho do Sinttrocel informou ter
participado das duas audiências públicas. "Foram audiências não de
queixas e lamentações, e sim propositivas; defendo agora a
concretização do que está previsto", avaliou.
Frisando que o Vale do Aço paga um preço alto pela
não duplicação da BR-381, o deputado justificou a audiência,
realizada no auditório da Associação Comercial e Câmara de
Dirigentes Lojistas de Coronel Fabriciano, para dar publicidade ao
que o Dnit propõe sobre a situação. "Precisamos acreditar que a
duplicação terá início, há muitos anos se fala disso. A sociedade
clama por essa obra", destacou Celinho, ao informar que em outra
recente audiência pública, esta em Brasília, o ministro dos
Transportes foi claro ao colocar a 381 como prioridade. "Ele disse
que os recursos estão garantidos no PAC e temos que pensar
positivo".
O deputado Juninho Araújo (PTB), por sua vez,
cobrou ações concretas do governo federal, com prazos definidos.
"Estamos praticamente ilhados", criticou, citando ainda a recente
queda de ponte que obrigou o desvio pelo município de Santa Luzia na
saída de Belo Horizonte. "Uma viagem de três horas leva seis horas,
fora o risco para quem passa pela serra de Caeté", frisou.
Definindo a situação da rodovia como de "vergonha
nacional", ele lembrou que Minas tem a maior malha federal do País e
a pior em condições. Criticou, ainda, os sucessivos atrasos na obra
e defendeu a união de todos os segmentos em prol da viabilização do
projeto, segundo ele de impacto positivo. "Será uma das melhores
estradas do Brasil, só espero que se concretize", afirmou Juninho
Araújo.
Para engenheiro, País tem recurso mas perdeu
capacidade de modernização
Segundo afirmou o representante do Dnit, Carlos
Rogério Caldeira de Lima, nunca faltou recurso para a modernização
da BR-381 Norte. "É evidente que a obra é prioritária, a questão é
que não se trata de um empreendimento fácil", afirmou. Além da
topografia montanhosa da região, ele citou como outro complicador o
tráfego pesado da rodovia, já que o transporte de carga não poderá
ser interrompido durante as obras.
Dois dos 10 trechos entre BH e Governador
Valadares, inclusive, não tiveram, inicialmente, interessados em
participar da licitação para contratação de projetos, diante da
complexidade dos mesmos, exemplificou o engenheiro.
Contudo, ele também criticou a morosidade das
melhorias na rodovia, informando que é engenheiro de carreira há 36
anos, dos quais dez envolvidos com a situação da BR-381.
"Compartilho com a indignação e perplexidade de todos. Mas diria que
não é o único grande empreendimento de infraestrutura do Brasil que
sofre com a morosidade", criticou, citando a situação de aeroportos
e hidrelétricas e propondo uma reflexão.
"Em apenas cinco anos, entre 1967 e 1972, foram
pavimentados 25 mil quilômetros de rodovias federais. Será que o
Brasil perdeu a capacidade de modernização?", questionou o
representante do Dnit, que expôs um vídeo sobre a rodovia.
Debates - Representantes
de entidades, vereadores e prefeitos da região apontaram questões
quanto ao início das obras, sua coincidência ou não com o período de
safras e a interferência no escoamento da produção e no
funcionamento de serviços como postos de combustíveis e hotéis.
O representante do Sindicato das Empresas de
Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais, Luciano Medrado, por
exemplo, defendeu que o empreendimento na rodovia contemple a
instalação de balanças e alertou os municípios da região para a
importância do planejamento ao receberem obras à margem de seus
acessos.
O representante do Dnit, por sua vez, adiantou que
a obra prevê a instalação de retornos de no máximo seis quilômetros
e se colocou à disposição para tratar diretamente das questões
específicas e que precisam de informações pormenorizadas. Ele situou
a 381 como o maior desafio em sua carreira.
Requerimentos - O deputado
Celinho do Sinttrocel apresentou requerimentos que serão votados na
próxima reunião, entre eles pedido ao Dnit para que envie à comissão
o cronograma físico e financeiro das obras dos lotes 7 e 8 e
solicitação de que as obras nesse trecho contemplem a instalação de
ciclovias em áreas urbanas da rodovia.
Presenças - Deputados
Celinho do Sinttrocel (PC do B), vice-presidente, e Juninho Araújo
(PTB). E ainda Nívio Pinto de Lima, representando o DER-MG; o
presidente da Câmara Municipal de Coronel Fabriciano, vereador
Francisco Pereira Lemos; o presidente da Associação Comercial,
Industrial e de Prestação de Serviços de Coronel Fabriciano
(Acicel), Ivair Andrade; o prefeito de Mesquita e presidente da
Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Aço (AMVA),
José Euler; o assessor parlamentar do senador Clésio de Andrade,
Joaquim Duarte; e o presidente do Conselho de Desenvolvimento
Econômico de Coronel Fabriciano, Roberto Carlos de Oliveira.
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