Oleiros reclamam titularidade de áreas de extração de argila

A dificuldade para obtenção da titularidade das áreas de extração de argila seria o principal entrave para a legaliza...

23/05/2011 - 00:01
Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais
 

Oleiros reclamam titularidade de áreas de extração de argila

A dificuldade para obtenção da titularidade das áreas de extração de argila seria o principal entrave para a legalização da atividade dos pequenos oleiros do Centro Oeste e Sul de Minas. A afirmação foi feita pelo secretário de desenvolvimento econômico da prefeitura de Campo Belo, Adailton Antônio Teodoro, durante a audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, realizada nesta segunda-feira (23/5/11), que discutiu a situação desses trabalhadores, que correm o risco de terem suas olarias interditadas por não cumprirem todos os requisitos legais para desenvolverem a atividade.

De acordo com Teodoro, para cumprir o que determina a legislação ambiental, os oleiros precisam de um registro, concedido pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que autorize a extração da argila do subsolo. O secretário explicou que, no entanto, as grandes jazidas da região já são registradas, sendo de titularidade dos grandes produtores, o que inviabilizaria a obtenção do registro pelos pequenos oleiros. "Para os pequenos produtores, não existem jazidas disponíveis para que seja feito o registro e, consequentemente, a regularização", explica Teodoro.

A engenheira de Minas e chefe do serviço de análise de projetos da superintendência do DNPM- MG, Ana Lúcia Guará Bezerra, explicou que o entrave da situação se dá pelo fato de que a obtenção do título por parte de um produtor está diretamente ligada ao que se chama de direito de prioridade, segundo o qual o aproveitamento dos recursos mineiras de uma determinada área deve ser prioridade do primeiro interessado que a requerer, junto ao DNPM.

Durante a reunião, representantes de diversos órgãos e entidades representativas da categoria sugeriram que a solução do impasse poderia ser iniciada através da identificação das áreas de extração de argila existentes no Estado e a demarcação das olarias e de seus trabalhadores, de forma a visualizar a divisão dessas áreas e propor, por intermédio do DNPM , a sua cessão parcial entre as grandes empresas, titulares de direito minerário, e os pequenos oleiros.

Para o deputado Duarte Bechir (PMN), que solicitou a realização do debate, a audiência marca a necessidade de conciliação da proteção ambiental e da viabilidade de produção. Ao fim da reunião, o deputado anunciou que a comissão irá realizar um novo debate, em Campo Belo, para analisar a situação mais de perto.

Construção civil - De acordo com o presidente do Sindicato das Indústrias da Cerâmica para Construção e Olaria no Estado de Minas Gerais, Ralph Luiz Perrupato, cerca de 80 mil pessoas vivem da indústria de cerâmicas e olarias no Estado. Ele lembrou que a cerâmica é um dos produtos mais ecológicos utilizados pela construção civil, além de causar baixo impacto ambiental e ser de excelente qualidade.

Outra vantagem da cerâmica apontada por Perrupato foi o fato do produto agregar resíduos que são descartados por empresas de celulose ou siderurgia. " Se esse materiais fossem rejeitados, o impacto ambiental seria maior. Então, utilizamos esses resíduos na nossa produção, transformando algo que poderia ser um problema para a natureza em solução", defendeu Perrupato.

O presidente do sindicato também apontou uma série de problemas, que, segundo ele, dificultariam a regularização e a legalização das olarias nos critérios ambientais existentes. Entre eles, estaria a demora na liberação do licenciamento ambiental, o que dificultaria a produção nas pequenas propriedades. Ele também pediu a interferência do poder público, ao apontar que a grande maioria das jazidas, que se encontra em registro das grandes empresas, muitas vezes não serem sequer exploradas para a extração da argila.

O presidente da Associação dos Oleiros de Campo Belo e região, Almir Fernandes Morais, reclamou da falta de esclarecimento aos pequenos produtores, que recebem multas em seus estabelecimentos, sem que haja uma explicação sobre a legislação existente. " Estamos de acordo com a lei, mas precisamos que ela esteja ao nosso alcance.

Secretaria de Meio Ambiente aponta simplificação na obtenção de licenciamento

O superintendente de regularização ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Daniel Medeiros de Souza afirmou que a Deliberação Normativa n° 74, de 2004, do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), simplificou o processo de regularização ambiental, uma vez que estabeleceu que, em alguns casos, não seria mais necessária a obtenção de um licenciamento ambiental complexo, mas apenas uma autorização ambiental de funcionamento (AAF), caso em que se enquadrariam os oleiros do Centro Oeste e sul de Minas.

Souza explicou que a atividade em questão envolve duas fases: a extração mineral da argila e a fabricação da cerâmica. Segundo o representante da secretaria, os oleiros que produzem até 12 mil toneladas de cerâmica ao ano adquirem sua regularização por meio da AAF, e aqueles cuja fabricação é inferior a 2.400 toneladas/ano ficam dispensados até mesmo da AAF.

Quanto à fase de extração, Souza explicou que as olarias que extraem até 12 mil toneladas/ano de argila devem ter a autorização ambiental de funcionamento, não existindo, portanto, a previsão de dispensa dessa autorização. Os produtores de Campo Belo e região, segundo dado apresentado pelo secretário de desenvolvimento econômico, Adailton Teodoro, produzem cerca de 2 mil toneladas/ano.

Outro benefício estabelecido pela deliberação n° 74 seria, de acordo com o superintendente, a isenção, para o microprodutor, de custos para a obtenção da AAF. Souza afirmou ainda que, se for de interesse do setor, é possível que haja uma readequação desse parâmetros.

O promotor de justiça e coordenador do centro de apoio ao meio ambiente, Luciano Badim, também concordou que houve, nos últimos anos, uma simplificação do processo de licenciamento ambiental, e afirmou que as olarias seriam uma das atividades beneficiadas por essa mudança.

Presenças - Deputados Célio Moreira (PSDB), presidente; Duarte Bechir (PMN); Lígia de Oliveira , representante da Secretaria de Estado de Trabalho e Emprego; Paulo Almeida, representante do DNPM; e Flávio Antônio Bechir, vereador de Campo Belo.

 

 

 

 

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